Capítulo 8

Rodrigo

Desço do carro, me encosto na porta e retiro meu celular do bolso para checar as mensagens que recebi enquanto dirigia, e vejo que todas as notificações são do grupo “Parceiros”.

Antunes: Não acredito que conseguiu esse encontro, você é o cara!

Lopes: Tanta mulher por aí, e você cismou com essa, espero que pelo menos seja boa de cama.

Ignoro a mensagem do Lopes e fecho o aplicativo, quando percebo a porta barulhenta desse prédio antigo se abrir. Ergo meu olhar e engulo em seco, quando vejo a mulher mais linda que já conheci, passar pela porta com suas longas madeixas caindo sobre seus ombros e um vestido preto discreto, porém, sexy, pois, realça suas curvas

perfeitas.

—Oi! — Me cumprimenta cruzando os braços a frente do corpo, demonstrando seu desinteresse.

— Achei que sua intenção fosse me fazer desistir de você. — Seus ombros se encolhem e ela segura firme a alça da bolsa transpassada em seu corpo.

— Isso não é culpa minha, minha colega de apartamento praticamente me obrigou a usar esse vestido. Por mim, teria vindo de pijama. — Adoro o quanto ela se esforça para ser rabugenta.

— Eu adoraria que tivesse vindo! Te levaria para jantar na minha casa, ao invés de um restaurante, e lá você não precisaria usar nada, se não quisesse. — Sua boca se entreabre e a vejo recuar um passo. Abro a porta do carona para que entre, antes que desista e volte correndo para dentro de casa.

—Ei, o que pensa que está fazendo? — Pergunta quando me inclino em sua direção.

— Colocando seu cinto de segurança. — Ela ajeita os óculos na ponte do nariz.

— Posso fazer isso sozinha. — Recuo e a observo encaixar o cinto. Claro que sei que pode fazer isso e muitas outras coisas, sozinha, mas... não sei o que acontece comigo quando estou perto dela, sinto uma vontade imensa de cuidar, de dar carinho e de saber o motivo desse olhar tão triste.

Ligo carro e, automaticamente, meu olhar desvia para a bainha de seu vestido, que subiu alguns centímetros quando se sentou. Como se não bastasse ter essa boca de garota propaganda de batom, e esse jeitinho rebelde intelectual que me desarma... ainda tem lindas pernas.

Me forço a desviar o olhar para a rua a minha frente e sigo para o restaurante. Tento puxar um assunto ou outro, falo sobre o tempo, sobre a minha motocicleta ter saído da oficina... mas suas frases são sempre curtas e objetivas, e seu olhar o tempo inteiro voltado para a janela.

Posso estar sendo um chato, insistente, e o Lopes pode ter até uma certa razão quando disse que cismei com ela, o fato é que não sei explicar o que está acontecendo comigo. Nesses vinte e oito anos, algumas mulheres já passaram pela minha vida, duas ficaram por um certo tempo, mas, nunca senti nada parecido por nenhuma delas.

Não estou dizendo que estou apaixonado pela Estela, mas penso e me preocupo com ela o tempo inteiro, estou com dificuldade de concentração até no meu trabalho, que é uma das coisas que mais amo na vida.

O Antunes disse que é porque não estou acostumado a receber um “não” de uma garota, que assim que conseguir beijá-la ou levá-la para cama, isso vai acabar. Mas eu sei que não é só isso, não sou assim e mesmo sendo algo novo, me conheço, não é orgulho ferido.

—Esse é o restaurante? — Pergunta com a cabeça inclinada para fora da janela, enquanto estaciono.

—Já conhece? Não gosta daqui? — Ela morde o interior da bochecha e esfrega as mãos nas pernas antes de me responder.

— Não ganho o suficiente para pagar um restaurante francês. — Solto meu cinto de segurança e desço do carro, indo até sua porta e abrindo-a para que saia.

— Você não vai pagar nada, é minha convidada. — Ela não se move, apenas encara o letreiro com o nome do restaurante.

— Não gosto dessa ideia, preferia um lugar onde pudéssemos dividir a conta. — Me inclino para dentro do carro, pairando meu rosto no dela, e seus olhos se arregalam por trás de seus óculos.

— Na próxima você paga. — Solto seu cinto e lhe dou espaço para que desça, mas ela ainda não

se move.

— Quem disse que vai ter a próxima? — Peço perdão se já julguei os pais de uma criança birrenta, só sendo muito paciente para aguentar isso. Puxo o ar com força e o solto lentamente, antes aproximar novamente nossos rostos.

— Eu estou dizendo. E se você não sair agora desse carro, vou te arrancar daí e te carregar nos ombros até lá dentro. Acho que não vai querer que todas essas pessoas vejam essa cena. — Me afasto e ela olha a nossa volta, vendo o movimento das pessoas bem-vestidas que entram e saem do restaurante, então, sai do carro com seu nariz empinado, como se não tivesse acabado de ser ameaçada por mim.

—Não haverá uma próxima vez. Você é louco e vou pedir uma medida protetiva, se não me deixar em paz a partir de amanhã. — Afirma e passa a minha frente, caminhando na direção da entrada do restaurante. Retiro o que disse, agora me apaixonei!

 Comprimo os lábios parar conter uma risada, tranco o carro e a alcanço, espalmando uma das mãos em suas costas, recebendo um olhar mortal dela. Mas não me importo, estou confiante que, até o fim desta noite, mudará de ideia a meu respeito e haverá não só uma próxima vez, como muitas outras.

Mais populares

Comments

Telma Souza

Telma Souza

Gente o Rodrigo é guerreiro viu
kkkkkk

2024-05-06

2

Elenilda Ferreira

Elenilda Ferreira

Ela tem haver com a mochila encontrada com droga.

2024-04-22

3

Adelir Rabelo

Adelir Rabelo

ela não confia em ninguém deve ser difícil para ela

2024-03-28

3

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!