13

Por essa eu não esperava, a decepção fica estampada no meu rosto, olho do Bernardo para a mulher magricela ao seu lado, os meus olhos se enchem de lágrimas.

_ A conheci na cidade de Unaí _ ele continua falando sem perceber que estou em choque com essa novidade. Sem pensar em mais nada, corro para o banheiro, do contrário atacaria aquelazinha sem dó nem piedade.

O que deu no Bernardo para fazer um absurdo desses comigo? Eu começo a chorar sem controle, hoje é o meu dia, ele acabou com as minhas expectativas para essa noite.

Eu me apoio na bancada da pia, respiro fundo, tento me acalmar, sem sucesso, um ódio muito grande cresce dentro de mim. Eu lutei desde criança para ter o meu primo comigo, entreguei a minha inocência para ele, o coloquei acima de qualquer outra coisa para mim. E é isso o que recebo em troca? Uma traição descarada?

Agora entendi a sua relutância em se encontrar comigo nesse tempo todo, foi para aquele fim de mundo para buscar essa espertinha.

_ Gilda, você está bem? _ Eu levanto a minha cabeça, encontro a Vitória que me olha preocupada. Não, estou péssima, é o que deveria dizer.

_ Sim _ seco as lágrimas.

_ O que houve? O Mathias me pediu para vir te ver, ele está super preocupado com você _ explica, aquele idiota, porque não consegue cuidar da sua própria vida? _ Porque está chorando? É pelo Bernardo?

_ Claro que não prima _ forço um sorriso, só de ouvir o nome do seu irmão já tenho vontade de matar alguém.

_ Tem certeza? Você não me parece bem _ insiste.

_ Não é nada Vitória, estou só emocionada por tudo está tão perfeito hoje _ invento, se ela souber da verdade não vai sair do meu lado mais, nesse momento eu preciso de tempo para decidir o que vou fazer.

_ Ah prima _ ela me abraça. _ Não chore mais, está estragando toda a sua maquiagem _ me repreende. _ Eu trouxe algumas coisas comigo, vou te ajudar.

_ Obrigado _ fico quieta enquanto ela retoca a maquiagem do meu rosto, isso é ótimo, porque estou usando uma bolsa muito pequena, mal cabe o meu celular, então não trouxe nada comigo.

_ A sua festa está um espetáculo _ elogia.

_ Com certeza ela está _ concordo pensando no que o seu irmão me fez passar minutos antes. A minha prima continua tagarelando, não presto atenção, a minha mente insiste em tentar encontrar uma saída para trazer o Bernardo para mim. Eu me sinto fora de órbita, a impressão que tenho é de que estou dentro de um pesadelo, nada parece real. Pisco os meus olhos várias vezes tentando acordar, não adianta, o meu corpo está mole.

_ Pronto, terminei, podemos voltar para o salão _ ela me olha satisfeita com o resultado, confiro no espelho, realmente nem dá para perceber que eu chorei um pouco antes. Eu queria ficar mais um tempo sozinha, os meus pensamentos estão confusos e desordenados, a Vitória sem saber disso, me puxa pelo braço, sou obrigada a voltar para a maldita festa.

_ Você está bem? _ O Mathias nos espera do lado de fora da porta do banheiro, não dou a mínima para a sua preocupação.

_ Estou ótima _ passo por ele destilando indiferença, o babaca só me trás mais problemas, aposto que está feliz da vida por Bernardo namorar outra mulher. Mathias sempre deixou claro que não aprova o que sinto pelo meu primo. Ele é um idiota.

Eu paro no meio do salão, observo todos ao meu redor, estão se divertindo, os meus pais, tios e o Bernardo ao lado daquela mulherzinha. Todos estão alegres, bebendo, dançando, sorrindo, ninguém liga se a aniversariante mal consegue ficar aqui.

Nesse momento, tenho vontade de armar o maior barraco que já fiz na minha vida, pegar o microfone e gritar para quem quiser saber que amo o Bernardo, que ele não pode namorar com outra pessoa que não seja eu.

Engulo em seco, vou atrás de algo para beber e me acalmar, sem raciocinar que tomei dois remédios pego uma taça de champanhe.

Quando estou na quinta dose, sinto um certo alívio na alma, relaxo o meu corpo, danço, como qualquer coisa, começo a me divertir.

_ Gilda, tem certeza de que está bem? _ Paro de dançar quando ouço a voz do Mathias. Que saco, ele vai passar a noite toda pegando no meu pé?

_ Já disse que estou ok _ falo a contra gosto, não quero conversar com ele.

_ Pois não parece _ retruca, nossos olhos se encontram, a intensidade me abala, sinto que ele consegue ver dentro de mim. _ Estou bem aqui se precisar de ajuda _ oferece, volto a mim.

_ Não seja tão chato Mathias, só quero aproveitar a minha festa, para de ficar me enchendo o saco _ resmungo mal humorada.

_ Ótimo, então, dança essa música comigo _ sem que eu espere, ele tira a taça da minha mão, coloca numa mesa próxima, me puxa firme até o seu corpo. Ele é muito mais alto que eu, seus ombros são bem largos, o jeito com que abraça o meu corpo me faz sentir pequena e frágil.

_ É.... _ tento me afastar, ele me segura mais forte.

_ Gilda, relaxa, é só uma dança _ encosta o seu corpo no meu, ofego instantaneamente.

A música que está tocando nem é lenta, porém, ele não se importa com isso, continua com os seus braços ao redor da minha cintura, me embalando fora do ritmo. Eu começo a sentir vertigens, nervosa solto uma gargalhada baixa, ele levanta o meu rosto, nos olhamos bem próximos.

_ Você chama isso de dança? _ Questiono ainda sorrindo.

_ Não importa qual é a música, quando tenho você nos meus braços _ franzo a testa, ele só pode estar de gozação com a minha cara.

_ Que frase mais cafona Mathias! Você consegue conquistar alguém falando essas besteiras? _ Replico, perco a graça, ele me mantém junto ao seu corpo, sinto arrepios e um calor diferente. Só pode ser efeito da bebida, penso.

_ O que você acha? _ Ele sussurra no meu ouvido, tenho vontade de cruzar as pernas. O que está acontecendo comigo?

_ Cansei dessa dança sem sentido _ recuo, saio dos seus braços. _ Preciso beber alguma coisa _ lhe viro as costas, sigo para o balcão pego o primeiro copo que encontro, viro de uma vez.

O tempo passa comigo vigiando o Bernardo e evitando o Mathias, o meu estômago revira, a minha cabeça fica zonza , mesmo assim, continuo bebendo sem parar.

Em dado momento, começo a suar frio, vejo o Bernardo andando na minha frente, o sigo, ele entra no banheiro masculino, faço o mesmo.

_ Gilda, o que faz aqui? _ Não tenho tempo para responder, entro numa cabine, começo a vomitar. _ Porque bebeu desse jeito menina? _ Ele segura os meus cabelos, quando termino, me ajuda a levantar.

_ Bernardo, você é muito mal para mim _ gaguejo, meus olhos enchem d'água.

_ Não sei do que está falando, você está bêbada _ refuta, sendo apoiada por ele, lavo a minha boca.

_ Não mente! Estou muito brava com você _ O encaro, nossos rostos ficam próximos, quase esqueço do que ele aprontou. Quase. _ Porque fez isso comigo justo no dia do meu aniversário? Ela é o seu tipo? Não acha que ela é magra demais?

_ Vamos sair daqui, você precisa tomar água _ fala condescendente, entra alguns homens no banheiro, ele me apoia para fora. Quando estamos no corredor, empurro o seu corpo para a parede.

_ Bernardo, porque você não namora comigo?

_ De novo com isso Gilda? Achei que essa fase já tinha passado _ nossos olhos se encontram, como ele é lindo.

_ Eu te amo _ declaro.

_ Não volta com isso por favor _ ele implora. _ Eu estou namorando com a Flávia, gosto muito dela, não me faça ter problemas _ as lágrimas descem soltas pelo meu rosto.

_ Eu realmente te amo _ insisto, ele nega com a cabeça, depois foca num ponto atrás de mim.

_ Flávia! _ Ele se afasta rápido, viro, vejo a tal namorada nos olhando com raiva, bem feito para ela que se intrometeu entre nós dois. _ Eu posso explicar, não é isso que está pensando _ o Bernardo fala depressa, solta o meu corpo, quase caio no chão.

De repente estou dentro de braços aconchegantes, sinto um perfume que o meu corpo reconhece na hora, fecho os olhos.

_ Eu cuido dela _ ouço a voz do Mathias antes de apagar.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***