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As minhas aulas na faculdade começam, o Bernardo volta para Unaí com a namorada magricela, não consegui separar os dois nos dias em que ficaram aqui em Belo Horizonte.

Eu me sinto muito frustrada por isso, para me acalmar passo a tomar os meus remédios todos os dias. Na minha cabeça só passa o pensamento de fazer alguma coisa, não deixar os dois continuarem juntos.

A oportunidade aparece quando o aniversário da Vitoria chega, a incentivo a fazer uma mega festa, praticamente obrigo que escolha o mesmo local onde foi a minha.

Ela aceita, passo vários dias indo na sua casa para ajudá-la na organização, entro em contato com o funcionário que iria me ajudar com o Bernardo, adapto o meu plano inicial. Pago mais um montante de dinheiro para que além de drogar e levar o meu primo para o quarto, ele também vai dar um jeito para que a tal Flávia nos veja juntos.

Para não levantar suspeitas, envio mensagens para o meu primo todos os dias, assim, como eu fazia antes, ele sempre me responde com indiferença.

Já o Mathias, voltou para o exterior, não tive o menor interesse em saber como anda a sua vida, aquele dali, só quer atrapalhar os meus planos de estar com o Bernardo.

Um dia antes da festa, pareço uma bomba relógio prestes a explodir, durante o jantar com os meus pais mal consigo acompanhar o diálogo dos dois.

_ Gilda minha filha, você está bem? _ O meu pai me olha preocupado.

_ Sim, estou ótima pai _ sorrio forçado para ele.

_ Isso é bom mesmo filha, amanhã na festa da sua prima, eu quero que se comporte muito bem _ a minha mãe começa com o seu discurso de sempre. _ Os seus tios vão receber alguns convidados estrangeiros, eles virão com o Mathias, não me faça passar vergonha.

_ Tudo bem mãe _ eu assinto, o plano que fiz é perfeito, se eu tiver sorte ninguém além da Flávia vai se envolver no que acontecerá.

_ É verdade filha _ o meu pai me sorri. _ O Mathias trabalhou duro durante o último ano que passou fora do país, além de se qualificar, conseguiu uma parceria importante para a nossa empresa. Estamos muito orgulhosos dele, é jovem, mas tem uma conduta exemplar, ideias novas, sempre procurando trazer melhorias para os nossos negócios _ cerro os meus olhos, o meu pai só tem elogios para o babaca do Mathias.

_ O seu primo sempre foi muito inteligente Gilda, deveria aprender mais com ele _ lá vem a minha mãe me reprimindo.

_ Ele não é o meu primo _ resmungo.

_ Para de dizer besteiras menina _ ela ralha. _ Você sabe muito bem de toda a história, o seu tio Paulo se casou com a Eva quando o Mathias tinha pouco mais de um ano. Claro que ele é o seu primo _ me olha de cara fechada.

_ Não é _ nego mais uma vez.

_ Gilda, olha aqui..... _ ela fica enfezada.

_ Deixa ela amor _ o meu pai entra a meu favor. _ Não vamos discutir sobre isso. Hoje devemos comemorar, a nossa empresa está com um futuro muito promissor de agora em diante.

Mais tarde tento dormir, não consigo, nem mesmo os remédios que tomei fazem efeito, a ansiedade parece que vai me matar. Desisto, desço para a cozinha sem fazer barulho, não quero acordar os meus pais, faço um leite quente com hortelã, quando era criança adorava tomar isso antes de dormir.

Eu me sento a mesa, os meus pensamentos estão conturbados, mal consigo esperar para ver o meu plano em ação.

_ O que faz aqui a essa hora panda _ me assusto com a voz do Vitor, o fuzilo com o olhar, ele sabe que eu odeio esse maldito apelido que o Mathias inventou. Eu não respondo nada, continuo tomando o meu leite. _ O que há com você? _ Insiste, esse insuportável chegou da aula, ou de sei lá onde, só para me infernizar.

_ Me deixa em paz filhote de cobra _ devolvo, ele detesta que eu o chame assim.

_ Sem chance panda _ ele se senta a minha frente do outro lado da mesa. _ O que aconteceu para estar aqui tão tarde tomando leite, há tempos que você não faz isso _ oh Glória, mais um intrometido na minha vida.

_ Já tenho o meu psiquiatra Vitor, não preciso de você _ ataco.

_ Gilda, eu te conheço muito bem, fala logo o que aprontou dessa vez _ me pressiona.

_ Se preocupa com o seu namoro as escondidas, da minha vida eu cuido, obrigado _ termino o meu leite, me levanto, ele faz o mesmo, cerca a minha passagem, o encaro.

_ Nem sonha em armar alguma confusão no aniversário da Vitoria amanhã, se fizer qualquer coisa, vou contar para os nossos pais, depois disso, pode ter certeza de que vamos te internar garota _ me ameaça.

_ Sai da minha frente _ o empurro para o lado, subo para o meu quarto bastante estressada.

Agora, estou na festa, o Bernardo acabou de chegar com a magricela, eu consegui o número do celular dela, peguei com a Vitória, já enviei para o funcionário que vai me ajudar.

Estou usando um vestido azul escuro, foi a minha mãe que me deu de presente, não é do meu gosto, é longo e tem um tule cobrindo o decote. Para agrada-la aceitei vir com ele, não queria me indispor com ela quando estou prestes a aprontar mais uma loucura para ter o Bernardo só para mim.

_ Oi panda, boa noite _ eu giro nos calcanhares para dar de cara com o Mathias.

_ E aí? _ Não estou com tempo para perder com ele.

_ Está linda panda _ me sorri, não retribuo.

_ Preciso de uma bebida _ saio de perto dele. Hoje, por mais difícil que tenha sido, não tomei nenhum dos remédios controlados, os meus nervos estão a flor da pele, mesmo assim, me segurei.

Pego uma taça de vinho, olho para a pista de dança, a Vitória está aproveitando gingando o seu corpo no ritmo da música, foco no casalzinho ao seu lado, o Bernardo dança abraçadinho com a Flávia. Eu chego a me arrepiar de raiva, ele é meu, somente meu. Viro todo o líquido da taça de uma vez.

_ Já começou Gilda? _ A voz da minha mãe quase me faz engasgar.

_ Estou apenas aproveitando a festa mãe _ faço um biquinho com a boca.

_ Sei, só não se esqueça do que conversamos, nada de armar confusão aqui _ retoma ao mesmo assunto.

_ Tá, tá, eu já sei _ me afasto, quero manter todos da minha família o mais distante de mim para que ninguém veja quando eu desaparecer.

A festa continua bombando, todos se divertindo, aproveitando e bebendo muito, eu parei naquela primeira taça, quero me manter sóbria.

Quando observo alguns convidados se despedindo para ir embora dou sinal para o funcionário, ele age rápido, segue até o Bernardo oferecendo a bebida. O meu primo aceita, toma aos poucos, eu não consigo desviar os meus olhos da cena.

Tudo acontece como o planejado, ele se sente mal, vai para o banheiro, o rapaz que paguei, o apoia, os dois somem de vista. Eu disfarço e saio do salão, pego as pressas o elevador, o funcionário me espera na porta do quarto no décimo primeiro andar.

_ Ele já apagou senhora _ me avisa.

_ Ótimo, continua com o que combinamos _ ele sai, entro no cômodo, o meu primo está deitado na cama.

Fecho a porta sem trancar, calmamente me aproximo dele e tiro a sua camisa, continuo usando o meu vestido, se a situação sair do controle, não posso aparecer nua na frente de mais ninguém.

Eu me deito na cama ao lado do Bernardo, apoio a minha cabeça no seu peito nú, fecho os meus olhos, espero pela chegada da Flávia, o que acontece em menos de quinze minutos.

Ouço o barulho da fechadura da porta, depois os seus passos dentro do quarto, não abro os olhos, escuto o seu soluço.

Ela não faz escândalo, sai correndo, sorrio, tudo saiu de maneira perfeita, suspiro satisfeita, agora, esse namoro acaba de vez.

Antes que eu me levante e saia do quarto sinto a presença de outra pessoa.

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