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Os dias seguem rápido, Bernardo faz de tudo para se afastar de mim, fico triste com isso, para piorar, os meus pais me cobram notas boas. Eu me envolvo com os estudos por um tempo, claro que envio mensagens para o meu primo todos os dias, não vou deixar ele me escapar.

Depois do dia em que o busquei no clube, enviei um texto enorme pedindo desculpas, falando que eu não sabia da conversa que o seu pai teve com ele. Expliquei que nós dois nascemos um para o outro, avisei que na primeira oportunidade que eu tivesse iria correndo ver ele. O Bernardo visualizou, mas não respondeu nada.

Sei que está me dando um gelo pelo que fiz, só que isso não vai continuar assim, tenho muitos planos reservados para nós dois.

O aniversário da Vitória chega, vejo a oportunidade perfeita para ficar com o Bernardo de novo. Os meus tios alugam um espaço de eventos famoso para a festa, eu passo o dia todo ao lado da minha prima, nos aprontamos juntas na sua casa. Achei que veria o Bernardo, mas não acontece, fico sabendo que ele decidiu ir para o apartamento dos meus pais se arrumar junto com o Vitor.

Sei que fez isso para me evitar, deixo para lá por enquanto, a noite promete, não vou perde-lo de vista.

_ Acha que estou bem? _ A Vitória me pergunta, ela também está acima do peso, mas ao contrário de mim, fica sempre insegura com o que vestir.

_ Não começa, está linda prima _ decreto. Ela escolheu um vestido preto, disse que esconde a gordura, eu, coloquei logo um vermelho bem curto, quem se incomodar que não olhe para mim.

_ Acho que engordei mais essa semana _ lá vem ela com a insegurança mais uma vez.

_ E daí? Vitória, hoje é o seu dia, só aproveita _ a repreendo com carinho. _ Vamos, está na hora.

Assim que nos vê, na sala da casa deles, os meus tios ficam encantados com nossa aparência, fizemos a maquiagem e cabelo num famoso salão de beleza. Realmente estamos perfeitas. A tia Eva não fala nada sobre o vestido que estou usando, fico feliz, doa a quem doer, esse é o meu estilo.

Quando chegamos na festa recebo o olhar desaprovador da minha mãe, já estava preparada para isso, como tem muitas pessoas ela não ousa começar uma briga. Há fotógrafos, políticos importantes, pessoas da alta sociedade, ela não vai fazer uma cena seria um vexame, esse foi mais um dos motivos para que eu fosse me arrumar com a Vitória.

Uma pena que o Bernardo descobriu e deu um jeito de fugir, parece quiabo, está sempre escorregando das minhas mãos.

Olho para a minha prima, está feliz, os meus tios deram para ela um iPhone de último modelo, fiquei até com inveja. Já estou me preparando para pedir um para o meu pai, vai ser difícil, o meu não tem nem um ano de uso. Talvez no próximo ano, quando eu entrar para a faculdade ele me presenteie com outro atualizado.

A festa está bombando, eu procuro pelo Bernardo feito uma louca, encontro o meu irmão próximo do balcão do bar.

_ Onde está o Bernardo _ vou direto ao ponto.

_ Com certeza se escondendo de você _ ele me irrita.

_ Vitor, preciso falar com ele, diga logo onde está _ sou ríspida.

_ Não mesmo! O coitado quer aproveitar a festa da irmã, não vou deixar que você estrague isso.

_ Intrometido, não preciso da sua ajuda, vou encontra-lo sozinha _ devolvo, minha voz sai áspera.

_ Se toca garota, ele deve estar se pegando com alguma mulher gostosa _ fico muda de raiva, saio andando apressada por entre as pessoas, tem muita gente, não vai ser fácil acha-lo. Só de imaginar ele com alguma sem vergonha meu sangue ferve, mato a maldita se for verdade o que o meu irmão falou.

Não desisto, na pressa tropeço em alguém, me desequilibro, penso que vou cair, mãos fortes me agarram pela cintura, levanto a cabeça encontro com o rosto do Mathias a centímetros do meu.

O meu coração dispara, ele está lindo, pisco os meus olhos várias vezes. O que estou pensando? Recupero o meu equilíbrio, afasto dele, sinto minha pele queimar onde ele me segurou.

_ Gilda, você está maravilhosa _ me olha de cima abaixo, sorri, fica bem sexy. Balanço a minha cabeça para !e situar, não sei o que se passa comigo.

_ Oi Mathias, você viu o Bernardo? _ Ele fecha a cara para mim.

_ De novo com isso Gilda? Você me prometeu que não ficaria correndo atrás do meu irmão _ resmunga bravo.

_ Ele não é seu irmão _ devolvo maldosa.

_ Porra Gilda! Você não tem amor próprio? Ele não quer nada com você, parte para outra _ lá vem ele com as baboseiras de sempre.

_ Você sabe o que aconteceu entre nós, acha mesmo que uma mulher se esquece do primeiro homem que teve? _ Nossos olhos travam uma guerra.

_ A pior coisa que você fez foi ter dormido com ele _ seu tom é de acusação.

_ Porque?

_ Ele nem mesmo se lembra do que aconteceu entre vocês _ dói como ácido jogado na minha pele ouvir isso, o Bernardo me disse a mesma coisa várias vezes. Porém, escutar do Mathias me atinge em cheio, tampo minha boca, lhe viro as costa pronta para me afastar.

_ Espera Gilda _ não obedeço, corro para o banheiro. Eu sinto que a festa acabou para mim, não quero falar ou ver ninguém, óbvio que isso vai ser impossível. Respiro fundo, concerto a maquiagem com um pouco de pó compacto que sempre carrego na bolsa, me preparo para voltar para o meio do povo.

Por mais que eu procure pelo Bernardo, não o encontro, parece que ele desapareceu, frustrada começo a beber um copo de tequila atrás do outro.

_ Vai com calma prima _ Vitória fala quando para ao meu lado.

_ O seu irmão fugiu de mim _ reclamo, viro mais um copo.

_ Já era para saber que ele faria algo assim, você sempre apronta alguma coisa, dessa vez o Bernardo não esperou _ sorri.

_ Acha engraçado? Por culpa dele ouvi algo bem ruim hoje _ confesso ao lembrar do Mathias.

_ Do que está falando?

_ Nada _ volto a beber, ficamos ali dançando por um bom tempo.

_ Aí está você Gilda _ o Vitor se aproxima.

_ O que você quer? _ Eu sou bastante ríspida.

_ Os nossos pais foram embora, mãe pediu que eu fique de olho em você para que não cause problemas _ se gaba.

_ Some de perto de mim _ rosno, ameaço mandar a bebida nele.

_ Calma aí sua doida, nem em sonho vou cuidar de você _ joga na minha cara. _ Só vim te avisar que estou de saída, peguei uma gatinha que vou levar em casa, se vira por si só. Fui _ beija a bochecha da Vitória e sai.

Continuo bebendo como se o mundo fosse acabar, está tarde, o Bernardo deve ter feito igual o Vitor, com certeza encontrou alguma rapariga e já foi embora.

_ Gilda, vamos para casa _ Vitória me chama.

_ Nem pensar, preciso afogar minhas mágoas _ ela insiste, faz de tudo, não consegue me convencer. _ Vai você, eu estou ótima aqui.

_ Você está bêbada _ me repreende, levanto as sobrancelhas em deboche.

_ Claro, o idiota do seu irmão me deu bolo _ reclamo.

_ Então? Vamos? _ Aparece um rapaz ao lado dela, pega a sua mão, gemo de derrotada, a Vitória arrumou alguém. Só eu mesmo é que sou um zero a esquerda, culpa do Bernardo, aquele chato, mas o que é dele está guardado.

_ Vai logo embora _ falo para ela.

_ Gilda, não vou te deixar aqui nesse estado _ tenta mais uma vez.

_ Some da minha vista ?_ me despeço, vou para o banheiro cambaleando pelo caminho.

Quando eu encontrar o Bernardo, vou dar um murro na cara dele, quebrar os seus dentes, sorrio bêbada imaginando a cena.

Quando volto para festa, o ambiente está com poucas pessoas, peço mais uma bebida para o garçom, me sento numa mesa mais afastada. Onde está o Bernardo? Porque ele não vem me levar embora?

Começo a chorar feito uma criança, tombo a minha cabeça na mesa, apago.

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Comments

Dalva Reges

Dalva Reges

uma desequilibrada

2024-06-19

2

Maria Joana Cunha Costa

Maria Joana Cunha Costa

Ah coitada 😕

2024-02-01

1

Ver todos

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