15

Eu começo a debater entre os braços do Mathias, o meu coração pula descompassado, me sinto estranha.

_ Sai de cima de mim Mathias _ resmungo brava.

_ Porque? Voce não está gostando? _ O atrevido provoca.

_ Deixa de ser bobo _ eu o empurro com mais força.

_ Ok panda _ ele se afasta, respiro aliviada. _ Se arruma logo _ senta na cama, começa a mexer no seu celular. Eu me levanto rápido, pego o meu vestido e vou para o banheiro.

Que ironia, o Mathias já me viu quase nua por duas vezes, enquanto o Bernardo, com quem fiz sexo, uma só.

Pensar no Bernardo me deixa revoltada, trocamos mensagens esse tempo todo, ele nunca mensionou que arrumou uma namorada. Porque? Odeio só de imaginar que ele está transando com aquela mulher. Como as coisas chegaram a esse ponto? Ele a apresentou para toda a família, isso significa que ninguém sabia da existência dessa garota,recuso saber desde quando estão juntos, se fora recente, melhor. Afinal, ela não tem a menor chance contra mim, conheço o meu primo desde que nasci, vou tirar proveito disso.

O Mathias me leva para casa, dessa vez os meus pais nem falam nada, recebem ele com alegria e convida para passar o dia com a gente. O idiota olha para mim sorrindo e aceita, reviro os meus olhos de indignação. Será que ele não tem nada melhor para fazer?

Como é domingo, subo para o meu quarto, tomo um remédio para a dor de cabeça, depois de um longo banho, coloco um vestido leve, desço.

Os meus pais decidiram fazer um churrasco ao redor da piscina, acho uma péssima ideia, o tempo está meio nublado.

Antes de sair para a área, vejo a Vitória com os seus pais entrando na sala, os meus olhos correm além deles, mas não há sinal do Bernardo. Cumprimento todos com educação, arrasto a minha prima para o canto.

_ Onde está o Bernardo?

_ Ele decidiu passear com a Flávia, disse que iria leva-la para conhecer alguns lugares, a coitadinha nunca foi no Diamond Mall _ me explica.

_ Ela é pobre? _ Começo uma bateria de perguntas.

_ Gilda! Não se fala assim _ me xinga.

_ Ah Vitória, responde logo.

_ Pelo que o Bernardo me disse, ela vem de uma família humilde, o seu pai é pedreiro, a sua mãe professora _ a minha mente estala com outro pensamento.

_ Você acha que ela quer dar o golpe do baú nele?

_ Será?

_ Para de inventar as coisas Gilda _ a voz do Mathias me faz dar um pulo de susto.

_ Credo Mathias, de onde você saiu? _ O encaro mal humorada.

_ Deixa o Bernardo e a namorada dele em paz panda _ Vitória ri do apelido, saio de perto deles.

Não vou ficar discutindo, a única coisa que me importa agora é encontrar um jeito de separar o meu primo daquela magricela. Não importa o que eu tenha que fazer, o Bernardo é meu, não há a mínima chance de outra mulher tirar ele de mim.

Participo do churrasco com os meus pensamentos longe, fico imaginando como seria maravilhoso se o Bernardo estivesse comigo nesse momento.

_ Tudo bem? _ A Vitória se senta ao meu lado na mesa.

_ Claro, porque?

_ Sei lá, você me parece estranha _ comenta. _ Por falar nisso, o que foi aquilo ontem?

_ O quê? _ Finjo demência.

_ Como o quê? Você passou meses sem falar do meu irmão, achei que tinha superado a paixão louca que sentia por ele. No entanto, vi que a Flávia ontem ficou furiosa com o Bernardo, eles discutiram sobre você ter falado que o ama _ ela me encara revoltada. _ Você está de novo com isso? Com essa perseguição sem sentido? Você sabe que não vai dar em nada, não é? _ Lá vamos nós, mais uma pessoa se intrometendo onde não é chamada. _ Gilda, para de correr atrás dele, se valorize, você não precisa disso, há tantos homens no mundo.

_ Não quero falar sobre esse assunto _ deixo claro, não adianta.

_ Olha só, escuta o que eu digo _ me levanto, entro em casa, sigo para a cozinha para tomar um copo d'água, determinada, ela me segue. _ Não adianta correr de mim.

_ Ah Vitória, larga do meu pé _ reclamo, pego a jarra na geladeira, me sirvo, tomo um gole da água fresca. _ Se preocupa com você.

_ Não mesmo! Estou sentindo que você vai fazer mais merdas, precisa se controlar ou vai chegar o dia em que não terá como voltar atrás _ me sento numa cadeira, ela para do outro lado da mesa, travamos uma batalha com o olhar. _ Não me olhe assim, só estou falando isso para o seu próprio bem _ penso em mandar ela para o inferno, mas o Mathias me abraça por trás, o seu pescoço se encaixa no meu ombro, nossos rostos se encostam, eu engasgo com a água.

_ Não adianta tentar colocar juízo nessa cabeça de vento Vitória _ ele fala, viro o meu rosto, nossas bocas quase se chocam. _ Já fiz de tudo para panda cair na real, nada surte efeito _ continua, meus olhos se prendem nos seus.

_ Cala essa boca Mathias _ retruco.

_ Só estou falando a verdade panda _ arrepios aleatórios sobem e descem pelo meu corpo, eu sinto raiva por não controlar as minhas reações perto dele.

_ Sai de cima de mim seu babaca _ xingo, me levanto da cadeira forçando ele a ficar longe. _ Mathias, quantas vezes eu preciso te dizer para cuidar da sua vida? _ A melhor defesa é sempre o ataque.

_ Você é minha vida panda _ ironiza, faço menção de jogar água na sua cara, ele sai da cozinha rindo alto. Olho para a Vitória, ela mal segura o riso também.

_ Não estou vendo graça _ fecho a minha cara para ela.

_ Gilda pelo amor de Deus, não é possível que você não percebe o que está acontecendo _ ela ri ainda mais.

_ O que? _ Eu ergo as minhas sobrancelhas sem entender onde ela quer chegar.

_ O Mathias está dando em cima de você.

_ Ham? Você ficou doida? _ Analiso o que ela diz, nego veementemente com a cabeça. _ Para de inventar as coisas Vitória.

_ Gilda, eu estou falando sério _ insiste.

_ Não quero ouvir mais nada sobre esse assunto _ corto firme. _ O meu coração é todo do Bernardo _ decreto, eu quero o meu primo para mim, o que significa que isso vai acontecer cedo ou tarde, desistir não é uma opção.

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