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Minha mãe me arrasta para fora da sala de cinema, nem tento me defender, a briga com o Bernardo tirou todas as minhas forças. Ela segue resmungando para o meu quarto, me solta sem delicadeza alguma, está vermelha de raiva.

_ Começa a explicar _ manda.

_ Eu amo o Bernardo _ confesso o que ela está cansada de saber, faz uma careta desgostosa com o que escuta. _ Sei que não gosta do que sinto por ele, mas não posso evitar mãe, quero me casar com ele.

_ Não diga isso! Vocês são primos de primeiro grau, está doida? Já pensou nos filhos que iriam ter?

_ Podemos adotar _ ela se aproxima, coloca o indicador na minha testa me empurrando para trás de uma só vez. _ Ai mãe _ reclamo chorosa.

_ Tira essas minhocas da sua cabeça, não vai se casar com o Bernardo, deixa de pensar bobagens, se concentre em estudar. Vai se formar esse ano, depois vem a faculdade, Gilda, para de nos trazer problemas, vê se amadurece.

_ Mãe, quando vai aceitar que ele é minha alma gêmea? A gente não manda no coração, penso nele todos os dias _ preciso que ela acredite nos meus sentimentos.

_ Para de perder tempo, estou te avisando Gilda, mais uma gracinha dessa e vou te dar uns bons tapas, nem o seu pai poderá me impedir _ meus olhos marejam mais.

_ Ninguém me entende _ lamento sentida.

_ Se controle, ainda é muito nova para saber o que é certo, sou sua mãe, vai me obedecer mesmo que não queira.

Meu pai entra no quarto, corro para os seus braços, ele me envolve cheio de amor e carinho.

_ Pai _ digo com a voz embargada, meus olhos ardem por tentar segurar as lágrimas.

_ Não tem pai Gilda, hoje foi a gota d'água _ ela volta com tudo. _ E está de castigo por tempo indeterminado _ com isso sai do meu quarto.

O meu pai me guia até a cama, nos sentamos juntos, deito a cabeça no seu ombro.

_ De onde tirou a ideia de ficar presa com o Bernardo aqui Gilda, com toda a família reunida e bem debaixo dos olhos da sua mãe?

_ O plano teria dado certo, mas o Bernardo começou a gritar igual uma mulherzinha, aquele frouxo, logo chamou a atenção de todos _ meu pai solta uma gargalhada.

_ Menina, coloca essa sua cabecinha no lugar, tem pouco tempo que ficou maior de idade _ o tom calmo da sua voz acalenta o meu coração. _ Tem uma vida toda pela frente.

_ Pai, o Bernardo é a minha outra metade _ confesso.

_ Gilda, presta bem a atenção ao que vou te dizer _ ele me afasta, o encaro, está sério. _ Tive uma conversa franca com o Bernardo, ele me garantiu que não gosta de você minha filha _ lágrimas abundantes deixam minhas vistas nubladas.

_ Posso fazer com que ele me ame com o tempo pai _ choramingo como uma criança.

_ Nada disso, o amor não é assim querida, quer forçar o seu primo a gostar de você. Pense no absurdo que é isso.

_ Não pai, eu o amo a tanto tempo que só consigo querer ele perto de mim _ justifico minhas ações.

_ Agora, não quero que faça mais besteiras, a sua mãe está muito brava com você, deve estar pedindo desculpas para o Bernardo e os seus tios. Você nem pensou no coitado do Mathias, a Eva está dando um sermão nele lá embaixo, como o convenceu a trancar a porta? _ Saber que o Mathias está em maus lençóis não me afeta em nada, ele que é muito intrometido, está sempre falando coisas para me afastar do Bernardo.

_ Pai eu que estou sofrendo aqui _ reclamo fazendo bico. _ Não se importa com a minha dor?

_ Gilda minha filhinha, me promete que vai parar de arrumar confusão? _ Ele passa a mãos na minha cabeça, seu carinho me conforta.

_ Fazer o quê? A mamãe já me colocou de castigo mesmo, vou ficar dias sem ver o Bernardo pai _ emburro a cara.

_ Chega de falar dele filha, você escutou o que eu te disse? O Bernardo não gosta de você!

_ Se me enfiar uma faca no coração vou sentir menos dor do que ouvir essas palavras que está dizendo _ começo o drama, me afasto, deito na cama, viro as costas para ele, fazer birra sempre ajuda.

_ Você ainda vai nos agradecer por impedir que faça mais bobagens, quando for mais velha morrerá de vergonha quando todos da família se juntar para lembrar do que fez hoje _ fala sabiamente, mas não dou importância.

_ Ninguém entende o que eu estou passando, que vida cruel _ meu pai começa a rir com vontade.

_ Com essa frase você pode ganhar um óscar _ me dá dois tapinhas nas costas. _ Fica um pouco sozinha para pensar no que fez hoje, tire uma boa lição disso _ ele sai do meu quarto.

Irritada ao extremo pego o meu celular da mesinha de cabeceira, eles que acham que eu vou desistir do meu sonho. Não mesmo!

Abro o aplicativo de mensagens, começo a digitar um texto para o meu primo.

" Bernardo, não pensa que vou te deixar escapar de ficar ao meu lado, se prepara porque no futuro serei sua esposa. Não fica falando com as pessoas que não gosta de mim, quando aproveitou bem tirando a minha virgindade, isso é muito feio da sua parte. Por sua causa minha mãe me deixou de castigo, vou ficar a semana toda sem poder te ver, era isso o que você queria, não é? Vou morrer de saudades de você todos os dias, te amo tanto que o meu peito chega a doer. Um grande beijo na boca! "

Coloco vários emojis bonitinhos, quando termino leio tudo com atenção, será que exagerei? Não! Escrevi tudo o que sinto, envio, ele visualiza, sorrio aguardando sua resposta.

" Querida prima, foca nos seus estudos, não perca o seu tempo comigo, deixei claro que não vamos ter mais nada. Dispenso o seu beijo!"

O que? O babaca nem devolveu um só emoji, me seguro para não ligar para ele, sei que nem vai me atender. Me aguarde Bernardo, nossa história só está começando.

Durmo um pouco a tarde, quando desço só encontro os meus pais, não tem mais ninguém no apartamento.

_ Está satisfeita Gilda? _ Minha mãe levanta do sofá assim que me vê, parece um pavão com os braços abertos. _ Depois do seu papelão, todos foram embora, você acabou com o nosso almoço. Eu acho que nunca mais conseguirei olhar para a Eva sem sentir vergonha. Como pode a minha única filha querer agarrar o próprio primo a força? _ E lá vamos nós para mais uma hora de sermão. Pouco ligando para os ataques da dona Simone, me deito no sofá, coloco a cabeça no colo do meu pai, o que não tem remédio, remediado está. _ Olha só para você, fez dezoito anos, mas age como se tivesse dez, e a culpa é de quem? _ Não espera resposta, ela está naquele modo que só as mães conseguem chegar. _ Do seu pai que te mima demais, dá tudo o que quer, menos bons modos, não me admiro se o Paulo, a Eva e os filhos não vierem mais aqui _ e blá, bla, blá. _ Você está me escutando Gilda? _ Não ouso responder que acho que todo o prédio está ouvindo tudo.

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