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Os dias vão passando, com eles vem os problemas, o meu pai junto com o meu tio decidem abrir uma filial numa cidade do interior, precisamente em Unaí. A consequência é que enviam o Bernardo para gerir essa empresa, quase morro com a notícia.

Faço de tudo para tentar revogar essa decisão dos dois, não adianta, o meu primo viaja sem que eu consiga fazer as pazes com ele. Eu me sinto traída pela minha própria família, como puderam fazer algo assim comigo?

_ Gilda, não adianta fazer greve de fome, isso não vai mudar nada _ o meu pai me diz um dia depois que o Bernardo viajou para Unaí. Estou no meu quarto, deitada na cama, sofrendo, pensando no que fazer diante desse desastre.

_ Pai _ eu me sento, chamo ele para se acomodar ao meu lado, ele aceita. _ Como posso viver longe do Bernardo? Porque fizeram isso comigo?

_ Querida, são negócios, não tem nada haver com você _ diz carinhoso.

_ Mentira _ refuto depressa. _ Sei que planejaram tirar ele de perto de mim, a minha mãe deve estar no meio disso tudo _ exponho o que penso. _ Ela não suporta que eu amo o meu primo.

_ Gilda meu amor, não diga besteiras, a sua mãe só pensa no que é melhor para você _ a defende.

_ Mas pai, eu estou sofrendo muito _ choramingo. _ Não posso viver longe do Bernardo _ insisto.

_ Minha menininha, foque nos seus estudos _ ele tenta.

_ Porque vocês não conseguem me entender? _ Vitimizo, não vou abrir mãos do meu primeiro amor tão facilmente.

_ Gilda seja razoável, desde que implicou que gosta do seu primo vem fazendo coisas absurdas. Pensa que esse afastamento vai ser bom para você.

_ Pai, olha bem para mim, estou cheia de olheiras, perdi o apetite _ ele me abraça apertado.

_ Com o tempo tudo vai ficar bem, você vai ver _ afirma.

_ Não tem como o senhor saber disso.

_ Minha filha, enfrente tudo de maneira positiva, você ainda é muito nova, no futuro quando amadurecer, vai entender que nem tudo pode ser como quer. Acredita no seu pai _ se afasta, me encara, meus olhos enchem d'água.

Depois desse dia, continuei fazendo birras, então, a minha mãe entrou em ação.

Hoje foi o primeiro almoço de domingo sem o Bernardo, estou desiludida sentada numa espreguiçadeira a beira da piscina, a família está toda reunida dentro do apartamento. Não quero participar de nada, minha mãe aparece diante dos meus olhos, cruza os braços, parece determinada.

_ Gilda, para de ser teimosa, volta a comer bem, foca nos seus estudos _ fala de uma vez.

_ Não adianta discutir com você mãe _ reclamo.

_ Não importa, vai fazer o que estou mandando, do contrário, se prepara, vou doar todas as suas maquiagens e roupas para qualquer fundação de meninas carentes _ perco a fala.

_ Mãe! Não pode fazer isso _ resmungo, as minhas coisas são caríssimas, importadas, tenho vários itens exclusivos.

_ Vai depender de você _ avisa. _ Agora entra que vamos almoçar em família _ manda.

_ Mas, está faltando o Ber....

_ Gilda se terminar de dizer esse nome, vou te internar numa clínica psiquiátrica _ me interrompe, travamos uma batalha silenciosa com o olhar. Ela está realmente focada em me fazer lhe obedecer, solto uma suspiro de frustração.

Após isso, volto a me alimentar direito, não iria conseguir passar fome mesmo, porém, continuo na minha saga para trazer o meu primo de volta para Belo Horizonte.

Numa sexta feira, depois que saio do colégio, sem avisar nada, apareço no trabalho do meu pai. O seu escritório fica no centro de Belo Horizonte, num prédio antigo, mas recentemente reformado.

Tem mais de dois meses que não vejo o Bernardo, sinto que vou morrer se continuar desse jeito. O ingrato vem visitar os pais, mas não me avisa, nem me liga para saber como estou.

Não era para eu vir aqui, porém, depois que o meu primo foi embora, apareço quase todos os dias, vou acabar ganhando o que quero pela insistência.

_ Pai, você não pode fazer isso comigo _ acuso o meu pai. O meu pai se levanta da cadeira rapidamente, meu tom alto o irrita, ele não gosta de chamar a atenção dos funcionários.

_ Gilda, você aqui outra vez? _ Se assusta, já perdi a conta de quantas vezes venho atrás dele, preciso resolver o problema da distância que ele e o tio Paulo impuseram entre mim e o Bernardo.

_ Quando é que o meu primo vai voltar a morar aqui? _ Ele suspira, faz um movimento de negativa com a cabeça.

_ Minha filha, nós já conversamos sobre esse assunto, não é hora para perder o seu tempo com isso. Precisa focar nos seus estudos, no ano que vem entra para a faculdade, vai conhecer outras pessoas da sua idade. Acredita no que digo, em pouco tempo estará envolvida com outro rapaz, nem vai se lembrar do seu primo _ meus olhos ficam úmidos de lágrimas.

_ Pai, eu amo o Bernardo _ confesso pela milésima vez. _ Vocês o afastaram de mim de propósito, quero que saiba que eu não consigo viver sem ele. Se não mandarem ele voltar, vou fugir de casa _ ameaço, essa é a minha última cartada, não pode falhar.

_ Não diga besteira garota, ele está lá trabalhando, e muito _ é a primeira vez que o meu pai me nega algo, não gosto disso.

_ Mas pai, olha para mim, veja como estou _ mostro meu rosto inchado por não conseguir dormir direito, as olheiras que começam a se acumular. _ É isso o que deseja para a sua filha? A infelicidade eterna _ começo com o drama.

_ Gilda minha filha _ ele sai de trás da sua mesa, se aproxima de mim, pega as minhas mãos. _ O que fizemos são negócios, abrimos uma filial, precisamos enviar alguém para lá, o Bernardo foi a opção correta.

_ Mas, tinha o Vitor _ reclamo.

_ Ele está fazendo a pós graduação, não pode interromper _ me explica, o bastardo do meu irmão não serve para nada mesmo. Eu tenho uma grande vontade de contar que o meu irmão nem está frequentando as aulas, não o faço, tenho esperança de que ele faça o Bernardo perdoar o que fiz.

_ E quanto ao Mathias? Ele formou há bastante tempo, poderia muito bem ir para aquele fim de mundo _ insisto, esse outro passa na minha casa quase todos os dias, parece um morto de fome. Sai da empresa junto com o meu pai, acaba por ir jantar com a gente, sempre que tem uma oportunidade me irrita, zomba ou ri da minha cara. Estou por um fio de mandar ele para o inferno na frente dos meus pais, aquele malandro, fica feliz em me provocar.

_ Já temos planos para ele _ o meu pai continua. _ Olha, agora é o momento de você cuidar dos seus estudos.

_ Mas, Unaí fica tão longe pai _ reclamo, realmente não é ali na esquina, são mais de seiscentos quilômetros de Belo Horizonte.

_ É a cidade com a maior produção de grãos de minas gerais filha, nossos negócios estão prosperando bem, fica contente.. Estou fazendo isso para que tenha um futuro melhor, para ter boas chances de crescer profissionalmente _ reconheço que tudo o que ele faz é pelo bem da família. Não adianta insistir, chateada vou embora frustrada, preciso tanto falar com o Bernardo, sinto muito a sua falta.

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Comments

Simone Oliveira

Simone Oliveira

Amo suas histórias Fatinha!!! Não estou conseguindo parar de ler...Parabéns

2024-07-13

1

Tina Ramos

Tina Ramos

Que garota insuportável. Tem que levar uma rasteira da vida para melhorar como pessoa

2024-03-05

3

Josy Leite

Josy Leite

Meu Deus que garota chata mimada essa Gilda e o frouxo do pai passando a mão na cabeça enquanto a mãe tenta por juízo na cabeça oca obsessiva da filha aff

2024-02-21

1

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