8 - O que eu quero

Luke me leva para um restaurante chique, próximo dali o garçom aparece e ele já vai pedindo as nossas refeições sem nem me perguntar.

“Ei, você sabe se eu gosto de peixe?”, pergunto abismada com a audácia dele.

“Helena, eu não sou um homem de perder tempo. Se você não soube o que pedir das últimas vezes, eu mesmo peço. E eu sei que gosta de peixe.”

“Ham?! Quê? Andou pesquisando até o que eu gosto de comer?”

“Ainda não, mas se você não gostasse, teria protestado antes do garçom sair levando nosso pedido.”

Desvio o olhar, ele está certo. Na verdade, eu não tenho problema para comer nada, como de tudo, então qualquer coisa que ele pedir eu iria comer.

Respiro fundo e digo seriamente.

“Luke, eu não gostei do que você fez. Você tem uma noiva e não pode me beijar.”

“Gostou, sim! E quem disse que eu não posso?”

“Você tem uma noiva!”, digo arregalando meus olhos.

“Foda-se minha noiva, Helena! Vamos almoçar civilizadamente? Se você ficar brigando comigo, todo mundo que está aqui vai pensar que está tendo um caso com um homem comprometido.”

“O quê?! Você é muito cara de pau, Luke!”, respiro fundo e começo dizer baixo, “Olha o que aconteceu entre a gente, foi só uma aventura. Por que está me perseguindo, hein? Eu vi que você comprou até todas as construções do meu bairro. Quer se vingar de mim por eu não ter ido encontrar você na Suiça?”

“Não é vingança, eu comprei só por precaução. Helena, você tem que entender uma coisa, eu sou um homem que quando quero algo, eu pego. Falando na Suiça, porque não foi?”

“Estava com um recém-nascido no colo e a única coisa que eu conseguia pensar era o que iria fazer para cuidar daquela criança. A última coisa que eu pensaria era em ir para Suíça para encontrar vocês. Luke, as coisas que aconteceram entre nós, foi há muito tempo e talvez seja melhor que fique no passado. Não sou a mesma garota não, viu? Eu nunca trocaria minhas responsabilidades por uma aventura sexual. E isso, serve para hoje. Você está querendo ter um caso comigo, enquanto tem uma noiva. Olha, eu não sou esse tipo de mulher. Vamos manter tudo no profissional, ok?”

“É… realmente me parece que não é quem eu pensava, mas…”

“Mas?”

“Mas agora, eu te quero mais.”

“O quê?!”

“É, você nunca ouviu que não deveria desafiar os homens?”

“Mas… eu não estou te desafiando, estou sendo sincera. Não quero ser o caso de alguém. Eu tenho um filho e… olha, eu já sou um mal exemplo para ele, viu? Não quero piorar as coisas.”, engulo em seco, a vontade de chorar. 

Eu queria muito que meu filho não passasse por tantas situações constrangedoras por minha culpa. Talvez quando ele crescer, ele vai me odiar por não saber quem é o pai dele e por fazer ele passar por tantas situações vergonhosas.

“Certo! Entendi qual o seu problema. Vamos comer, ok?”

Ele diz e começa a comer, cessando o assunto. Almoçamos e Luke insiste em me levar em casa.

Passei a tarde toda fazendo o projeto da casa, pois eu acho que o melhor é terminar tudo rápido, sabe? Algo me diz que esse trabalho vai me trazer problemas.

No dia seguinte, me despedi do meu filho e fui direto para uma loja de construção que são meus parceiros. Peguei várias amostras de tintas e tecidos, e fiz algumas encomendas. Já vou começar a testar as cores.

Já entrei em contato com uma empreiteira também, para me ajudar na reforma.

Já fiz todo o projeto dos quartos, o que era mais fácil, já que não precisaria quebrar nada. Era só trocar algumas louças, móveis, pintar e dar os retoques.

Comecei a testar as tintas no quarto, quando ouço passos pela casa. Numa casa vazia os sons reverberam facilmente.

Continuei trabalhando e anotando, até que a pessoa chegou ao quarto.

“Encontrei você… então são essas cores que pretende usar? Está horrível!”

Olhei para Lígia e soltei o ar, desanimada. Luke me disse que ela não viria me perturbar, mas pelo jeito, ele mentiu.

“Luke me disse que eu poderia fazer o que eu quiser, então se quer reclamar, reclame com ele.”, digo e a ignoro.

“Eu queria falar com você sobre isso. O que fez para o meu noivo aceitar que fizesse suas ideias ao invés das minhas?”

Me viro para ela, lentamente. 

“O que está tentando insinuar?”, pergunto, cruzando meus braços.

“Eu quero saber o que você e meu noivo andaram conversando? Eu soube que ele andou te levando para almoçar e não gostei nada disso.”

“Conversamos sobre a reforma.”, digo com as sobrancelhas unidas.

“Olha, quando olhei para você, não tive uma boa impressão. Vi que era nova e bonitinha. Vi que tem um jeito de barraqueira suburbana também. Sei que mulheres como você, quando vêem um homem rico, pensam logo na possibilidade de subir na vida. Mas você não conhece o Luke, o que ele quer, você não pode dar ele. Ele quer status e riqueza, uma pobretona como você, nunca poderá dar isso a ele.”

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