4 - Me Recuso a Aceitar

Los Angeles é uma cidade onde as pessoas gostam de ostentar e no meu tipo de o que é preciso é fazer um nome e assim, oferta de trabalho não vai faltar.

O que acontece é que eu fiz a reforma de uma atriz famosa há algum tempo atrás e a casa dela apareceu na Tv. Com isso, atualmente tenho recebido muitas propostas.

Isso foi um alívio, viu? Por que antes tinha mês que não entrava nada e as contas só aumentavam.

Parei em um condomínio de mansões aqui de Los Angeles, já até conheço esse lugar, mas ainda não tinha feito nenhum trabalho por aqui.

Esse lugar é de gente rica de verdade, fiquei até com vergonha de parar meu carro velho aqui, mas enfim, um dia vou parar aqui com o meu filho em uma Ferrari. Não custa nada sonhar.

Entrei na mansão e já fui analisando, coisa de arquiteta. Só de olhar já comecei a imaginar o que poderia fazer para tornar esse lugar melhor. Era uma casa bem construída, mas a arquitetura dela era muito antiga, mas dava para dar uma atualizada.

“Oi, eu posso ajudar?”, ouvi uma voz feminina e quando percebi uma mulher estava se aproximando.

“Eu estou esperando a arquiteta Helena Miller, você trabalha para ela?”

“Não, eu sou Helena Miller!”

“Ah, nossa… mas você é tão nova. Você é mesmo Helena?”

Revirei meus olhos e peguei minha identificação e entreguei a ela.

“Ah, me desculpe, Helena! Eu pensei que você era… diferente.”

Franzi minhas sobrancelhas, já ouvi muitas coisas na minha profissão, mas que eu era, diferente é a primeira vez.

“Você é a Lígia Zimerman?”, pulo essa parte do "diferente" e já vou logo ao assunto.

“Sim, sim! Sou eu! Vamos, eu quero que você olhe a casa toda e deixe ela linda! Eu quero que fique pronta o mais rápido possível, pois vou dar a festa de noivado aqui!”

“Pensei que você já estava noiva.”, digo casualmente.

“Sim, eu estou. Mas ainda não fizemos a festa. Sabe como são os homens, odeiam essas comemorações. Eu tive lutar para convencer ele a fazer a festa, então vamos deixar tudo perfeito, tá?”

“Certo…, as janelas daqui são bem grandes. O que acha de quebrarmos essa parede juntarmos as duas janelas e fazer uma vista panorâmica para o jardim?”

“Não! Isso não! Na verdade eu quero que coloque umas cortinas aqui, odeio planta!

"Colocamos uma grama sintética, algo assim."

Não! Coloque cortinas e podem ser vinho com detalhes dourados.”

“Vinho e dourado?”, já comecei percebendo que vai ser difícil esse trabalho, “Olha senhora Zimerman, estamos na Califórnia, cores pesadas não combinam com esse lugar. Vou te mostrar minha palheta de cores.”

Comecei a mostrar a ela algumas ideias que iriam combinar com a casa e com todo o ambiente em volta.

Até concordei com o dourado, mas achava melhor cores mais claras. Porém, ela não gostou de nada, disse que queria muito dourado, vinho com verde escuro. Tapetes persas pesados… uma mistura louca de cores e estilos que não iria dar certo.

“Senhora Zimerman, olha… não dá para eu trabalhar com o que você quer. Eu posso adaptar as suas ideias ao meu estilo. Que tal eu fazer um projeto e você vê se gosta?”

“Eu pensei que vocês arquitetos faziam o que o cliente pede, até porque, eu que estou pagando. O seu trabalho é fazer o que eu peço e não o que você quer.”

Ela veio falando com arrogância e eu não gostei, viu? Essa mulher parece uma rica mimada que não sabe ouvir não.

“Senhora Zimerman, as coisas não são como você pensa. Arquitetos tem seu estilo próprio e assinatura. Fazemos sim o que o cliente pede, mas dentro do nosso estilo e… olha, não dá para fazer o que você me pediu, minha carreira vai ficar arruinada se eu colocar meu nome numa casa tão feia. Se você tem tanta certeza que essa decoração vai ficar boa, então decore você mesma!”

Digo e já começo a juntar minhas coisas, eu nunca recusei trabalho, mas os clientes sempre respeitaram meu estilo. Achei um absurdo essa mimadinha me tratar como uma serviçal dela.

“O quê?! Não! Você não pode fazer isso, eu quero ter uma casa decorada pela mesma arquiteta da atriz famosa!”

Ela grita e eu me viro para ela.

“Olha, tem muitos arquitetos de famosos por aí, só procurar!”

“Se você não aceitar, eu vou dizer a todo mundo que foi você quem decorou mesmo assim!”, ela diz com petulância.

“Então espere receber um belo processo.”

“Você não sabe com quem está mexendo, arquitetazinha! Sabe de quem eu sou noiva?”

Cruzo meus braços e a encaro.

“Olha minha cara de medo? Você pode ser noiva do presidente que eu não me importo, querida!”

Aquela mulher me irritou de verdade. Então é isso que eu vou começar a passar com esses clientes super ricos?

“Por que os gritos, Lígia?”

Eu ouvi aquela voz atrás de mim, que me fez virar automaticamente. Fiquei congelada e meu coração bateu tão forte que parecia que iria sair pela boca. 

“Luke! Luke, ela está sendo má comigo!”, Lígia diz e corre em direção a ele.

Sua postura muda, de garota arrogante para uma de garota injustiçada. A desgraçada até chora.

Porém, Luke parece a ignorar, ele olha para mim e eu para ele. Muitas coisas passam pela minha cabeça nesse momento. Será que ele me reconheceu? Será que ele se lembra do nosso passado?

“Luke, obriga ela a fazer a decoração da casa, por favor?!”, ela pede a ele, com uma voz  aguda e irritante.

“Por que não vai decorar a casa?”, ele pergunta, sem desviar o olhar do meu.

Respiro fundo e ajeito a minha postura. Não importa se ele é alguém do meu passado, estou aqui a trabalho.

“Não tem como conversar com alguém tão mimada. A sua noiva disse que eu sou obrigada a fazer o que ela pede, mesmo que vá contra as minhas ideias, só porque ela está pagando. Então já que é assim, ela que pague outro para fazer essa decoração brega!”

Coloco minha pasta embaixo do braço e passo por eles direto. Eu hein, agora que meu nome está começando a ficar conhecido eu vou estragar minha carreira só porque estão pagando bem? Nem pensar!

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***