11 - Que Mulher Mimada

Minha tia não é fácil, não é? Ela deu um jeito de sumir rapidinho e deixar o Luan comigo.

Olhei para ele e o que eu podia fazer? Tinha que levar a criança.

Fui convidada para a festa, pois era o noivado do Luke, mas também a apresentação da casa e a Lígia fez questão que eu fosse, provavelmente pensando que eu não consegui terminar o trabalho e acabaria me humilhando na frente de todos.

Me vesti com um vestido de festa azul marinho e coloquei uma camisa branca e uma calça de alfaiataria infantil no Luan. Tentei colocar uma gravatinha borboleta nele, mas ele odiou e arrancou a gravata. Acabei deixando ele só com a camisa mesmo e abri os botões de cima.

Ele ficou muito charmoso, parecia mini playboyzinho. Se não fosse uma festa que eu não queria estar, eu estaria muito feliz em sair com meu filho tão bem arrumado.

Chegamos na festa a tarde e já havia começado, fui adentrando e percebi que havia uma certa movimentação com um grupo de pessoas passeando pela casa.

Fiquei afastada com o meu filho, pois não gosta muito de estranhos, ele não é tímido, apenas não gosta. Acho que é porque sempre aparece um querendo pegar na bochecha dele e ele odeia. Coitadinho, ainda não entendeu que ser fofo custa caro.

Estava tudo tranquilo, até que ouço, “Ah, então você está aí!? Que merda é essa que você fez na minha casa?!”, era Lígia, gritando para todos ouvirem.

“Olhem todos! Essa aqui é a arquiteta que decorou a casa!”

“É ela a arquiteta?”, alguém sai da multidão se aproximando.

“É ela! É ela que encheu minha casa com essas plantas nojentas!”

“Mas ficou muito lindo!”, a pessoa diz, me surpreendendo, “Com certeza eu quero uma decoração parecida na minha casa de Malibu! Você tem número de contato, querida?”

“É! Eu também quero, essa casa ficou maravilhosa!”, disse outra pessoa.

Fiquei sem palavras com a virada rápida, eu sabia que Lígia odiaria a casa, mas eu não fiz nada de qualquer maneira, foi tudo com bom gosto, mas mesmo assim me surpreendi por todos terem gostado.

“Vocês estão mesmo gostando dessa decoração?”, ela pergunta, desconcertada, enquanto eu continuo recebendo elogios e propostas de trabalho.

“É, a decoração da casa ficou excelente.”, Luke diz aparecendo. Ele coloca a mão no bolso e olhou para o meu filho, que estava no meu colo. 

Eu olho para ele e depois para Luan, percebo que o menino estava desconfortável, escondendo o rosto no meu pescoço.

“Gente, me dêem um pouco de licença, eu preciso levar meu filho no banheiro. Sabem como são as crianças, não é?”, digo forçando um sorriso.

Vou ao banheiro com meu filho e ficamos lá até dar um tempo das pessoas se dispersarem. 

Após algum tempo voltamos para a festa, mas ficamos afastados de todos.

“Mamãe, me leva embora?”, ele já pede, pois essa festa não tem nada para crianças e com certeza ele não está se divertindo.

Olho para o Luke, com a noiva pendurada no pescoço dele. Ele é tão sem vergonha que tá com o pescoço todo arranhado depois de ontem e age normalmente ao lado da noiva dele.

E além de tudo, não disfarça, olhando na minha direção toda hora.

Graças a Deus eu terminei essa reforma e não vou mais ter que ver essa gente mais.

“Filho, você quer um docinho? Daqui a pouco vamos embora, tá?”, pergunto a ele e ele acena em positivo.

Pego alguns doces e nos sentamos em uma cadeira. Ele começa a ficar feliz porque estava comendo doce e conversa comigo, me perguntando quem eram aquelas pessoas.

Estava entretida com o meu filho, até que Lígia aparece sozinha.

“Oi, Helena, eu queria te pedir desculpas. A casa não ficou feia e os meus convidados até gostaram. Só acho que todas essas plantas vão chamar muito inseto e sujar tudo, eca… Mas enfim, me desculpe. Eu estava com ciúmes porque meu noivo parece gostar de você. Mas agora que eu vi que você tem um filho, me deu um alívio!”, ela coloca a mão no peito e sorri com simpatia para o meu filho.

“Por que sentiu um alívio só por causa do meu filho?”, pergunto desconfiada.

“Por que você é casada, não é?”

“Não, não sou casada, meu filho é minha produção independente.”, minto pela metade. Eu gosto de ser independente no cuidado do meu filho, mas falei de um jeito como se ele tivesse sido planejado.

“Não?! Ah, mas mesmo assim eu fico com menos ciúmes, um homem como Luke não vai querer cuidar do filho dos outros, ele vai querer ter seus próprios filhos, comigo, claro!”

Reviro meus olhos, que mulher mais inconveniente.

Ela se abaixa e diz, “Seu filho é muito fofinho. Eu espero que meus filhos sejam mais bonitos ainda!”, após ela faz o que não devia, ela aperta a bochecha do meu filho. Luan foi mais rápido do que eu e antes que eu impeça, lascou uma mordida no dedo dela.

“Ai, porque essa criança me mordeu?! Ai meu dedinho!”, ela começa a choramingar, chamando a atenção das outras pessoas.

Reviro meus olhos, pois Luan nem mordeu tão forte.

“Filho, não pode morder os outros, tá? Mamãe já te disse que não pode colocar coisa suja na boca.”

“O que você disse?!" Ela grita, possessa!

“Que ele não pode colocar coisa suja na boca! Ou você acha que esse seu dedo está limpo? Ah, dê me paciência, vem aqui apertar a bochecha da criança sem perguntar antes se ele gosta e não quer arcar com as consequências!”

“Mas ele quase arrancou meu dedinho!”

“E você quase arrancou a bochecha dele!”, mostro o meu filho que estava esfregando a bochecha avermelhada.

As pessoas começam a olhar para o meu filho com pena e começam a comentar, apontando para Lígia.

“Gente, mas e o meu dedinho?!”, ela pergunta, tonta com os julgamentos que estava recebendo.

“O que tem o seu dedo, deixe-me ver?!”, um homem diz e pega no dedo de Lígia, “Não tem nada aqui, pelo amor de Deus! Pare de querer ficar chamando atenção o tempo todo!”

Ouvindo a voz do homem, fico aliviada por alguém ter aparecido para parar a Lígia.

Olho para o meu filho e digo, “Nós vamos embora agora, tá?”

“Me deixe ver a sua bochecha, garoto!”, me surpreendo com a voz do homem tão perto que fico paralisada. A voz dele tinha uma familiaridade que eu não consigo ignorar.

Sem olhar para mim, ele diz, “Ei garoto, você é meu filho? Eu tenho esse mesmo sinal em forma de lua que você tem na mão.”, ele falou de uma forma brincalhona, mas seu sorriso se desfaz, quando encontra o meu olhar.

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