A Sala de Jogos

Jeon avaliava com curiosidade à respeito da confusão refletida na face de Park Jimin:

— Nesta sala as pessoas são livres para viverem suas vidas sem os pudores que os impede de estarem juntos lá fora. Falem o que bem desejarem de mim, não vou fechar a sala e jogá-los de volta numa vida de lamentações.

— Mas essa é uma vida de promiscuidade — ponderou Jimin, caindo na teia de padrões ao qual foi criado. — Eu ouvi as histórias...

— Liberdade, Jimin – argumentou Jeon, roubando a sua atenção de toda aquela gente. — Olhe para mim e tente se lembrar de que este discurso conservador é justamente o que nos põe em sentido contrário um do outro. Essas pessoas não são promíscuas, mas livres para amar umas às outras.

— É muito difícil estar desse lado da história — inseguro, Jimin se surpreendeu com o modo ao qual um homem na mesa ao extremo da sua agarrou os seios de uma mulher, quando esta dançou em seu colo e jogou as cartas sobre a mesa. — E aquilo... aquilo me parece um tanto promíscuo.

De fato, Jeon não pôde negar que o ambiente ao qual estavam apresentava todo tipo de personalidade da alta sociedade.

— Um ou outro se excede, devo admitir – logo, Jeon segurou-o no queixo pequeno e garantiu. – A simbologia do lugar prevalece às excessões, e nem todos aqui são exibicionistas como o Decorador do palácio e Lady Kami de Marivey. De todo modo, ambos são apaixonados desde a mocidade, mas ele é um simples plebeu enquanto ela nasceu nobre e foi forçada a se casar aos quinze anos, poucos depois de se conhecerem num baile. Hoje, tenha certeza, o marido de Lady Kami também frequenta a sala de jogos, está sempre acompanhado de uma das muitas arrumadeiras do palácio.

Ao tentar não se horrorizar com os relatos, Jimin recorreu a sua taça de Champanhe e a entornou de uma vez contra a boca. Era informação suficiente para deixá-lo um pouco tonto, supôs de repente.

Curioso como sempre foi, procurou Kim Taehyung com o olhar arregalado, mas não o viu entre todas aquelas pessoas que agora dançavam por todos os lados.

— Seu amigo tem uma dama neste lugar?

— Ele tem outras preferências – com receio de ser invasivo à intimidade de Kim, Jeon chamou atenção do garçom e pediu algo doce para petiscar. — Mas agora, Jimin, beba um gole da água que eu pedi para você. Saiba que o Champanhe deve ser apreciado com moderação. Hm, sim, seja um bom rapaz.

Logo que fez o que Jeon lhe orientou, Jimin estava ofegante e de bochechas quentes:

— Certa vez, pouco antes de eu vir para o palácio, o Sr. Kim mencionou algo a respeito de outro ômega, um jovem que conheceu em Paris. Estas são as preferências do seu amigo, suponho.

— Kim Taehyung não tem bom senso quando está apaixonado — vociferou Jeon, irritado de repente.

— Você o tem quando se apaixona, Jungkookie? — rebateu Jimin, desfazendo a carranca do outro de imediato. Deixou o riso escapar quando sentiu a pressão mais forte contra o músculo da sua perna e voltou a se inclinar para ele, divertido. — Não está irritado, certo? Acho hilário quando fica sem palavras diante de mim, embora às vezes me pergunte se é seguro rir abertamente do seu mal jeito. Se me permite dizer, suas mãos são tão grandes que temo ser esmagado por elas.

As sobrancelhas de Jeon arquearam, o aperto foi desfeito e os dedos desceram um tanto mais para o vão entre as pernas de Jimin, que engoliu seco e olhou para aquele toque imediatamente:

— Eu as cortaria antes mesmo de pensar nisso, meu bem.

— Não você – Jimin fingiu estar bravo. — Eu as cortaria, Jungkookie.

— Sabe que estou aos seus pés — com toda atenção presa a expressão firme do outro, Jeon subiu a mão para a cintura ao seu alcance e apertou-a como desejava, despertando o olhar ansioso de Jimin. — No entanto, as minhas mãos foram feitas para lhe dar carícias como esta. Eu adoro tocá-lo como estou fazendo agora, e beijar os seus lábios tão lindos. Sei que eles têm gosto de Champanhe agora mesmo, e isso é tentador o bastante para mim, meu bem.

Instintivamente, Jimin se contorceu na cadeira, observou as damas sobre o colo de seus parceiros, em seguida, desceu sua vista para as pernas musculosas de Jeon Jungkook, aquele que dizia ser o seu alfa, que o beijou pela manhã, e que agora se inclinava para si com a óbvia intenção de fazê-lo ceder ao seu jeito conquistador.

— Por favor, senhor – pediu Jimin, agradecendo aos céus por estarem próximo à escuridão porque, com atrevimento, um beijo foi deixado no canto dos seus lábios.

Ofegante, ele resvalou a face contra a do príncipe e falou contra ouvido dele:

— O que está fazendo tão de repente? Temo às más interpretações dos seus convidados. Eles... oh, senhor. O que está fazendo?

Seu pescoço foi alvo do faro de Jeon, ele o cheirou, desceu os lábios sobre a pele e pressionou beijos castos aqui e ali, revirando Jimin inteiro por dentro. Aquilo era o suficiente diante de todas aquelas pessoas, ainda que seus instintos inflamados pelo atrevimento dos lábios marcando sua pele fosse tão bom quanto Champanhe.

De fato, era uma comparação justa para Jimin, pois se sentia formigando desde as bochechas até a barriga, de quebra, um tanto mais abaixo também.

Jeon parecia faminto de repente, e seus dentes de fera queimavam doloridos pelo instinto de saírem como antes, quando marcou seu ômega e foi rejeitado duramente.

— Estou a um segundo de puxá-lo para o meu colo e beijá-lo outra vez – ele mordiscou a pele que se arrepiava contra a sua boca e sorriu ao sentir as mãos de Jimin apertarem as suas pernas. — Park Jimin, eu vou...

Entretanto, Jimin ficou de pé de repente, interrompendo seu ato e deixando-o confuso. Seu olhar negro se voltou para Kim Taehyung após a mesa, de braços cruzados e sorriso faceiro. Jeon não compreendeu o modo ansioso do ômega encarando seu amigo, menos ainda quando este foi até ele e segurou sua mão, seguindo até a pista onde outros casais dançavam alterados.

De imediato, um sentimento de traição se apoderou do seu peito, vendo-os dançarem em meio a um assunto que não pôde ouvir por conta da música. E Jeon desejou mandar os músicos para o raio que os parta, junto de Kim Taehyung, é claro. O que diabos ele estava pensando ao convidar Jimin para dançar?! Se questionou, enfurecido e com o punho contra os lábios porque... porque suas presas de lobo alfa saíram!

Oh, sim, ali estava a maldita razão para a fuga desenfreada de Jimin, ele havia escapado de mais um desastre, ao menos deste.

— Estou fora de controle — rugiu para si mesmo, repreendendo rudemente seu lobo por tamanha inconsequência. — Lobo estúpido, está assustando nosso ômega com sua urgência.

Um tanto distante da mesa, Jimin se encontrava assustado nas mãos de Taehyung, temia a imprudência de Jeon e também as pessoas ao seu redor.

E seu parceiro de dança se apercebeu do seu nervosismo:

— Do que tem tanto medo, Sr. Park? Está assustado por que aquele que deseja ser o seu alfa não vê a hora de marcá-lo, ou tem medo que estas pessoas não o aceitem?

— Sinceramente, estou mais assustado com os instintos do meu próprio lobo — respondeu Jimin, trocando um olhar curioso com Taehyung. — Achas isso muito ruim?

— O que eu acho ou deixo de achar não deve ser relevante para você porque estamos falando das escolhas da sua preciosa vida — sempre direto, Taehyung lhe mostrou seu sorriso mais sincero. — De todo modo, percebo que você mudou desde a última vez que nos falamos; digo, desde a tarde em que eu falei com você. Aquele jovem rapaz também tinha tanto medo, estava quebrado e sozinho. Não sabe o quanto me felicita vê-lo saudável e com este brilho encantador nos olhos.

— Oh, não, não – Jimin se negou a relembrar aqueles dias, ainda era muito recente. — Brilho nos olhos, você diz, mas não sinto que...

— Quando você olha para o seu alfa, Jimin — exclareceu Taehyung, fazendo com que o outro voltasse sua atenção para o semblante sério de Jeon. — Aí está o brilho, o óbvio sinal de que você não pode lutar contra seus instintos mais primitivos. Se deixar este medo de lado eu tenho certeza de que aquele alfa ciumento fará de tudo para que nada de mal lhe ocorra.

— Jungkook está... está com ciúmes de mim? – constrangido, Jimin se atrapalhou na dança e quebrou o contato visual. Estava cada vez mais nervoso, por isso, teve medo de erguer o olhar outra vez. — Eu não posso aceitá-lo, Kim. Minha família saberia, todos saberiam e isso... isso também prejudicaria a ele. Não sou um revolucionário, ou mesmo...

— Neste reino, perceba, você é o único possível – Taehyung levou a mão do ômega aos lábios e beijou-a com pureza — Seu gene é revolução, sua existência é revolucionária; suas escolhas não podem fugir do padrão ao qual o destino lhe concedeu, Sr. Park. Agora, por gentileza, salve a minha belíssima pele das garras do seu alfa possessivo.

Então, Kim Taehyung piscou sorridente para Jimin confuso, e ofereceu sua mão a Jeon quando este se empertigou junto aos dois.

Rapidamente Jimin segurou os ombros largos do alfa furioso e o girou para longe do seu alvo, dando tempo a Taehyung para escapar num instante por entre as pessoas.

Jeon rosnou ao agarrar a cintura de Jimin com os dois braços enquanto procurava com a vista vermelha o que considerou ser um homem homem morto:

— Como ele se atreve a beijá-lo?!

— Deixe-o, por favor – apreensivo, Jimin segurou a face que voltou-se para si, e sorriu de repente. — Seus lábios estão projetados para frente, como os de um menino mimado. Ah, não deveria agir assim. O Sr. Kim não é o seu melhor amigo?

— Arranjarei outro, pois aquele patife será um homem morto quando eu encontrá-lo — retrucou o outro, ainda chateado, mas um tanto sereno ao se inclinar para sentir o toque da ponta do nariz de Jimin junto ao seu. — Ah, mas não poder verdade. Está me manipulando com suas carícias, meu doce e audacioso ômega. Isto não é justo para mim.

Jimin se atfeveu a deitad a cabeça sobre o peitoral do príncipe e murmurou contente ao sentir-se abraçado. — A Sra. Cecil se foi assim que chegamos, disse que este não é o lugar adequado para qualquer um estar. Ah, agora devo achar o caminho para o meu aposento.

— Estou mesmo de saída.

Uma mentira deslavada, pensou Jeon, nada convincente ao tentar soar indiferente. A verdade é que jamais deixaria Jimin perdido pelo palácio, tampouco abdicaria mais do seu tempo ao lado dele. A noite estava apenas começando para os dois.

Mais populares

Comments

Carmen Leniz Rivero

Carmen Leniz Rivero

Como deve ser difícil toda essa situação,onde parece ser errado esse amor.

2024-01-30

0

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!