Por fim, Mercadoria

Algo pesou no coração de Jimin naquela mesma noite, espremendo dolorosamente seu peito junto a cama de solteiro. Seus cílios tremiam nas pálpebras fechadas, os pesadelos o aprisionaram num sono conturbado e angustiante. Como conseguiria dormir bem após o assustador episódio em seu primeiro cio? A maioria das ômegas, quando próximo de sentirem seus corpos quentes, sabem o que precisam fazer, o que acontecerá durante cinco ou seis dias. Elas têm seus parceiros predestinados desde a infância.

Entretanto, Jimin não foi apenas negligenciado, mas levado a compreender seus instintos sozinho, cercado por dezenas de homens que, como lobos, usavam de suas garras para que conseguissem agarrá-lo. Seu cio lupino sequer se parecia com o das ômegas mulheres, eram oito dias de sofrimento!

Sem descanso, ele dormia e acordava por toda a noite, aterrorizado por suas lembranças cruéis. E pela manhã, quando deveria acordar, a primeira das tarefas acabava por se tornar a mais difícil de todas: Se olhar no pequeno espelho de bronze no corredor, logo após a porta do seu quarto. Olheiras profundas, pele ressecada e lábios fartos com um mínimo rastro do tom corado refletiam o abatimento constante do rapaz que se apressou para fora de casa. Ainda era muito cedo, o sol estava nascendo no horizonte, mas Jimin tinha pressa para tomar um bom banho na casinha depois da plantação, onde barris eram enchidos todas as noites. A água estava extremamente gelada, o óleo de côco e hortelã que ele usava para limpar os dentes com bochechos havia perdido sua forma oleosa. Não foi fácil se limpar naquela manhã fria de outono, mas Jimin se sentia constantemente sujo devido aos seus traumas. Se lavava por inteiro diversas vezes, até que estivesse um pouco satisfeito.

Mas ele demorou demasiadamente daquela vez, as roupas limpas em seu corpo cheiravam com o perfume das laranjas de seu quintal porque, antes de se interessar por descobrir o que teria para o desjejum, correu até a árvore e se fartou dos últimos frutos doces da época. E quando voltou para casa, vozes solenes se fizeram ouvir na porta da frente, deixando-o alerta num segundo.

Em disparada, seu coração palpitou e seus passos estancaram na pequena sala de estar. Os homens da família estavam ali fora, enquanto sua mãe tinha as mãos juntas no peito, na soleira da porta.

— Omma – Jimin chamou sua atenção com discrição, estava assustado como em seus pesadelos, mas a Sra. Park sorriu de repente. — A senhora está sorrindo para mim?

— Ele está aqui! – ignorando a pergunta do filho abismado, a mulher o agarrou pelo braço e o colocou para fora da casa. — Este é Park Jimin, meu senhor, o mais belo dos meus queridos filhos! Veja estes cabelos loiros, os olhos expressivos e o corpo de...

— Omma, por favor.

"Você me disse que eu não sou uma mercadoria" ele pensou entristecido, incapaz de erguer a vista para os homens e seus cavalos da realeza. Estavam mesmo ali, vieram comprá-lo para seja lá qual for o plano, e Jimin reprimiu com todas as suas forças a vontade de cair aos prantos e implorar que não o vendessem. No entanto, seu pai e irmãos falavam uns por cima dos outros, ressaltando que "... ele tem dentes bons, pode servir sala muito bem, ou trabalhar na cozinha". Mas o mais velho dos irmãos ultrapassou os limites ao denominá-lo "Um punhado de ouro". Era o que a família pedia descaradamente por seu filho caçula; generosos sacos de moedas monarcas.

— Se me permite – a gentil voz de Jung Hoseok, o chefe de tropas, assustou Jimin ainda de ombros encolhidos. — Meu jovem, me chamo Jung Hoseok. Venho aqui para convidá-lo a conhecer as dependências do palácio real. Vejo que está assustado, é compreensível diante desta situação... peculiar.

De fato, Hoseok não poderia imaginar as coisas que ouviria dos Park, escondia seu assombro ao se deparar com aquelas pessoas vendendo um dos seus. Era grotesco, surreal e detestável. Ao se aproximar para observar Jimin de perto ele pôde notar a respiração entrecortada, os olhos fixos nas sandálias e mãos juntas e trêmulas. O homem ômega estava suando frio, com evidente mau estar.

— Jovem Park, você poderia aceitar o convite de sua alteza real, a princesa?

Jimin não lhe respondeu qualquer coisa. Quatro alfas desconhecidos, altos e exageradamente fortes na sua frente lhe causaram um temor tão grande que, tomado pelo pânico, ele não conseguiu abrir a boca. Tinha tanto medo de alfas que, sem que pudesse manter o controle, os olhos inundaram imediatamente, queimando junto das lágrimas que rolaram pelas bochechas sem cor alguma. Seu pranto silencioso assustou a todos, e o rugido furioso de seu pai o alertou uma única vez. Era o que bastava para Jimin assentir apressado, limpando as lágrimas com o punho, num gesto nervoso.

Seu estado frágil surpreendeu Hoseok de todas as maneiras, este se encontrava com pena do jovem rapaz que, evidentemente, não conseguia erguer os olhos para si. Foi então que se deu conta de que Jimin poderia estar muito doente depois do que passou no celeiro, em seu primeiro cio de homem ômega.

— Oh – deslocado, ele se afastou com três passos para trás, vendo Jimin voltar a respirar com o mínimo de conforto. — Compreendo, eu realmente estou ciente, meu jovem. Não se sente seguro com alfas, é claro. Oh... digo, bem... busque as suas coisas agora. Tenho mais um assunto a tratar com a sua família.

Com tremores nas pernas, Jimin obedeceu prontamente, correndo ao seu quarto e colocando numa sacola de couro algumas roupas de baixo, um diário antigo e a velha caneta que ganhou de presente de sua falecida avó. Ele não tinha muito o que levar, mas trocou as sandálias pelas botas gastas que um dia foram de um dos irmãos, enquanto limpava mais lágrimas e empurrava tudo para dentro da bolsa.

— Faça isso por nós – a voz da Sra. Park adentrou o quarto, mas o filho não se distraiu de seu serviço. — Jimin, querido...

— Jamais fui isto; apenas Jimin.

— Pois... pois será muito mais querido se você for bem por lá. Eles disseram que você pode esperar conforto e dias felizes, querem prepará-lo para o baile de inverno. Logo, trabalhe bastante, Jimin! Sirva as mesas como eu lhe ensinei, nunca os desrespeite ou...

— Ou você perderá as suas moedas, correto? – no instante em que Jimin se virou para encarar os olhos úmidos da mãe, encontrou o brilho da ansiedade neles. — Não se preocupe, omma. Se este é o meu trabalho, espero valer cada centavo.

Sem lhe dar adeus, ele passou por ela rapidamente, fazendo o mesmo com seus irmãos lá fora, mas seu pai o segurou pelos ombros com firmeza, apertando seus dedos fundo nas carnes e arrancando um pequeno grunhido doloroso de Jimin assustado.

— Enfim, você me deu alguma alegria!

Antes que Jimin pudesse notar os bolsos cheios do homem, Hoseok o pegou pelo pulso por ver que o rapaz estava sendo machucado por nada, e lançou um olhar duro para o velho homem sorridente.

— Fique com o que tem em suas mãos, homem. Estamos indo agora.

Rapidamente, quando Jimin deu às costas à família, se livrou do toque do alfa e esfregou um dos ombros marcados pelas unhas do pai. Em seguida, ele foi guiado para dentro de uma carruagem real, ficando sozinho ali para respirar fundo e procurar se acalmar enquanto processava o acontecido. Iria para o palácio, encontraria a princesa que, segundo ele, o julgaria adequado para seus objetivos.

— Manter... copos alinhados, e bebidas...

Por todo o caminho até o palácio Jimin não imaginou que estaria indo até lá como, de fato, um hóspede de honra. Sua omma o ensinou a servir porque ela mesma não esperava tanto do filho, logo, ele aceitou seu destino. Porém, Jaehye lhe pregaria uma grande surpresa. Depois de um dia inteiro de viagem com poucas paradas para comer e beber nas estalagens do vilarejo, quando os portões gigantescos do palácio se abriram, duas servas correram até Jimin e guiaram-no às pressas pelo hall brilhante e dourado, subindo a escadaria com ele, até um dos tantos quartos disponíveis.

Por estar exausto da viagem, Jimin se encontrava confuso, ainda mais por se ver naquele ambiente límpido e luxuoso. Seus olhos não estavam acostumados com tanta luminosidade pela noite, e cada canto daquele quarto alvo e elegante tomava sua atenção facilmente. As duas ômegas disseram-lhe que deveriam lavá-lo na banheira de porcelana, uma grande bacia com água morna de cheiro doce como o seu próprio: Maçã.

Ele não perguntou qualquer coisa, foi banhado e vestido num instante, atordoado ao ouvir que era muito bonito para um homem, e que tinha um "bumbum arrebitado demais para uma mulher". Tais comentários não eram ditos com maldade, as mulheres estavam surpresas ao maquiá-lo minimamente, prometendo esconder suas olheiras e falta de cor nas bochechas e lábios. E Jimin não poderia compreender o propósito daquilo tudo, mas só lhe restava concordar com qualquer um, apenas para não ser mandado embora logo.

— Esperem – ele pediu enquanto era guiado pelas costas, afinal, estava sendo levado por outro corredor. — Sinto que... que as minhas calças vão se romper, senhoras.

— Valorizamos o seu corpo!

— Para que vejam as suas curvas!

— Oh – temeroso, Jimin paralisou ali mesmo, um tanto contrariado com as duas mulheres. — Que tipo de trabalho eu farei afinal?

No entanto, assim que seu olhar voltou para a esquerda, viu pela fresta da porta de um quarto de negócios aquela que todos sabiam ser a Rainha, que conversava nada contente com um homem de costas viradas para a entrada. Eles estavam tão entretidos com o assunto que não perceberam que Jimin puxou o ar com força para os pulmões, este havia sentido o cheiro de rosas pairando no ar.

— Vamos! – voltaram a empurrá-lo pelo corredor, embora Jimin estivesse impactado com o aroma marcante que lhe deixou um pouco tonto de repente. — Apresse-se para o jantar, jovem Park!

— Fui ensinado... fui ensinado a servir, senhoras. Oh, meu estômago está revirando tanto, e todo este calor...

Duas portas se abriram para Jimin no fim do corredor, e ele prendeu a respiração no momento em que avistou a princesa Jaehye de pé, ao lado da longa mesa repleta de um banquete magnífico. O jovem só conseguia pensar o seguinte: serei dispensado, eles já serviram as mesas!

— Park Jimin, que prazer em vê-lo.

Aturdido, ele cruzou os braços nas costas, não ousou se aproximar de alguém tão nobre sem que fosse para colocar pratos em sua mesa. Ele jamais viu a princesa antes, mas ouviu falar de sua impressionante beleza, e dos longos cabelos negros brilhando contra as luzes. Estava nervoso, obviamente, mas seus lábios se abriram em choque ao sentir o perfume de uma flor que ele mesmo não conhecia. No entanto, apenas alfas tinham cheiros de flores, enquanto ômegas exalavam o cheiro das frutas. Curiosamente, Jimin não gostou do cheiro de Jaehye. O achou muito forte e...

— Alfa – de súbito, suas mãos subiram para esconder os lábios, afinal, estes declararam a verdade sobre aquela bela mulher.

— Sim, você está certo – radiante, Jaehye se encantou pela adorável imagem do ômega, o achou realmente muito delicado. — Eu sou uma mulher alfa, Jimin. E todas as circunstâncias me levam a acreditar que você é...

— Ora, ora...

Sem ser anunciado, o Rei entrou cordial e notou Jimin de olhos arregalados logo depois das portas, e este último fez uma reverência desajeitada. Em seguida, a Rainha passou pelo jovem deslocado ali, que voltou a repetir seu gesto pouco lisonjeiro ao mesmo tempo em que ouviu um murmúrio indiferente. Nenhum dos dois falou consigo quando foi tomado pelo susto de sua chegada, mas sim o mais alto dos príncipes logo atrás, esperando que Jimin finalmente se virasse para encará-lo. Ele teve que erguer um pouco o queixo para observar com espanto a face zombeteira e sombreada do príncipe Jeon, com seu marcante cheiro de rosas. Os ombros largos se inclinaram para frente para encarar Jimin na mesma medida, e o típico curvar de lábios vermelhos se fez presente, atormentando o rapaz imediatamente.

— Park, tem certeza de que não é uma dama? Você tem as curvas de uma, sem contar os peitos, é claro.

— Ugh – aterrorizado com aquele alfa, Jimin deu passos errôneos para trás, esbarrando na princesa que se apressou para afastá-lo do irmão.

Ele não esperava encontrar tão logo o príncipe, e jamais supôs que o homem tinha aquela imagem. Seu coração batia como louco no peito, até mesmo seus olhos não conseguiam se desprender da face de traços bonitos, embora a expressão do outro deixasse claro que estava rindo internamente da sua reação. "Alfa promíscuo" foi o que Jimin concluiu sobre o outro, ainda muito próximo do seu rosto horrorizado.

— Não se assuste, Jimin – Jaehye segurou Jimin pelo ombro dolorido, mas ele reprimiu a dor por estar outra vez em choque diante de um alfa. — Sente-se perto de mim. Isso, aqui mesmo. Mandei preparar tudo do bom e do melhor para este jantar. Estou realmente ansiosa para conhecê-lo e... Jeon. Não se sente aqui.

De repente, Jimin se assustou porque o príncipe puxou a cadeira vaga ao lado do ômega, com o óbvio objetivo de atormentá-lo até que ele saísse correndo, mas os Reis concordaram em mantê-lo logo depois de sua mãe, no lado contrário da mesa.

— Francamente – irônico, Jeon arrumou o lenço sobre o seu colo e firmou seu olhar severo em Jimin cabisbaixo. — O franguinho sequer me fez reverência ; uma afronta e tanto, irmã. Do lugar de onde ele veio é compreensível que não tenha modos, mas não me agrada a ideia de que algo assim persista. Trate de ensiná-lo a ser uma ômega que se preze.

Tão logo quanto se expressou com visível insatisfação e acidez, Jimin apertou os lábios uns contra os outros e sentiu o calor subir para suas bochechas magras. "Eu sou um homem" ele desejou corrigi-lo, mas não tinha coragem para erguer os olhos diante daquele alfa de postura arrogante e fria.

Para a sorte de Jimin, a Rainha colocou a mão sobre a do filho, num gesto que o induziu a refrear seus comentários.

— Esta receita – Jaehye estava cumprindo sua promessa de ignorar o irmão, falava com Jimin de modo muito gentil enquanto serviam carne e molho em seu prato. — ... está na nossa geração há décadas, Jimin. É realmente deliciosa. Gostaria de experimentar? Não se acanhe, coma o quanto quiser.

— Ele não fala? – o príncipe voltou com suas provocações, não recebendo qualquer atenção. — Oh, céus... seu cheiro não é lá muito bem-vindo, como eu bem pensei. Posso sentir o desagradável aroma tomando conta do ambiente. Esta maçã não se estragou em seu primeiro cio, pois não?

— Jeon! – o Rei o repreendeu de imediato.

Foi então que o príncipe ergueu sua vista do prato e encarou o pai, mas este o levou a encarar os olhos castanhos imensos virados para si. Ele notou Jaehye hesitante ao lado de Jimin envergonhado depois do seu comentário, até mesmo com os olhos úmidos, mas incapaz de se mover ou lhe responder a afronta.

Por que trazer aquele assunto de volta à tona, e tão cedo?

Sinceramente, o príncipe não chegou a realmente ter algum arrependimento por ter sido inconveniente, na verdade, esperava ouvir argumentos. E ele os receberia se Jimin não estivesse profundamente desconfortável e incapaz de falar com aquele alfa insensível. O desconforto excedeu os limites da própria Rainha, que geralmente não tinha muito interesse com os assuntos na mesa. Ela segurou o braço do filho, pedindo silenciosamente que ele se calasse de uma vez por todas.

— Aqui, Jimin – Jaehye, por fim, pigarreou nervosa e ofereceu uma taça com água fresca, sorrindo aliviada que o rapaz aceitasse e tomasse um gole. — Você é adorável, o seu cheiro me deixa alegre por ser tão bom. Imagino que sua timidez seja inicial por conta da pressa da situação. Mas quero que saiba que você está sob os meus cuidados, e que convido-o para ser meu companheiro no baile de inverno. Você gosta de festas?

— Jamais... – com um fio de voz, Jimin fugiu dos olhos do príncipe presos em si outra vez. — Jamais estive em uma festa, princesa.

— Oh, sim, ele fala – Jeon cortou mais um comentário da irmã que se enfureceu consigo, no entanto, ele estava atento no rapaz que não havia comido nada ainda. — Tem uma voz de franguinho, tal qual o seu tamanho, mas fala! Me diga, Sr. Park, quantos anos tem? Dezessete?

— D-dezoito – pela primeira vez em meses, Jimin se dirigiu a um alfa, mas por temer ser acusado de mais gestos inapropriados. — Eu fiz...

— A três meses atrás, devo supor - o príncipe franziu o cenho, incerto e estranhando o olhar arregalado para si outra vez. – O que há? Os cios ômegas costumam vir aos dezoito anos. Mas no seu caso... não é fácil ter certeza de muita coisa. Quem sabe, por ser um homem entre ômegas, você poderia vir mais... afoito.

— Você não está falando demais? – sua irmã notou intrigada, mas ele apenas revirou os olhos negros e voltou ao jantar. — Desculpe, Jimin. Interações como essa não costumam acontecer. Se você decidir ficar, teremos muito tempo juntos. Eu adoraria lhe mostrar o palácio, os jardins e o lago. Bem, a temporada de frio está chegando, mas isso não é realmente um incômodo comparado a paisagem que temos em nosso território.

A Rainha se impertigou:

— Ele é um ômega, querida. O frio é sempre um incômodo para nós. Você deve prepará-lo para o inverno, antes que os pais venham nos encher de perguntas ao seu respeito.

— Só virão para buscar mais moedas, omma – zombador, o príncipe ergueu com imponência seu queixo na direção de Jimin, que virou seu rosto aflito. — Ou todos vocês não sabem que a sua adorável princesa comprou este ômega pela manhã?

— Cale a boca, Jeon!

O tom estridente de Jaehye, a vergonha pela verdade exposta e horror na face dos Reis foram o estopim para Jimin. Ele fechou os olhos com força, desejava desaparecer daquela situação desastrosa e gritante. Se sentia humilhado novamente, e sobretudo, reforçava suas certezas ao conhecer o príncipe: ele era terminantemente detestável. E Jimin sentiu que não poderia mais ouvir qualquer uma daquelas pessoas.

Por isso, se levantou de súbito, cortando as discussões na mesa, e saiu dali em passos largos e ágeis.

Para onde iria ele não sabia, mas foi fácil encontrar as duas servas esperando-o no final do corredor.

— Por favor, eu preciso... preciso descansar um pouco.

Prontamente, foi guiado por todo o caminho de volta, ainda com a mente fervendo com as palavras de Jaehye e Jeon, os gêmeos causadores do seu descontrole. Se pudesse, estaria longe daquele palácio, até mesmo da princesa.

Mal lhe deram tempo para assimilar a descoberta!

Uma alfa mulher, aquela que sua mãe cogitou cair do céu, por fim, se mostrou para Jimin. Oh, não, ela não se mostrou realmente, mas o comprou!

— Vou enlouquecer – com a mente apinhada de pensamentos confusos, Jimin se fechou no quarto, retirou as calças apertadas e se deitou entristecido na grande cama confortável. — Preciso dormir até me esquecer, mas...

Pesadelos certamente iriam lhe assombrar mais uma noite, como tem sido nesses três meses passados, algo que Jimin não suportava mais lidar. Nem mesmo descanso ele tinha, ou segurança para fechar os olhos num lugar desconhecido como aquele. Era enlouquecer não querer permanecer acordado, não querer dormir por ter medo, ou mesmo não querer viver o dia seguinte.

— Vendido – magoado, Jimin fungou em seu choro reprimido e escondeu o rosto no travesseiro. — Fui vendido para a minha alfa.

Se sentia um objeto ao qual sua dona esperava que correspondesse suas expectativas, independente dele gostar dela ou não. A mente de Jimin fervia em busca de algum consolo próprio, pois estava perdido sobre o que deveria fazer naquele lugar tão diferente.

Como evitaria se abalar com o claro interesse do príncipe em feri-lo com palavras cruéis? Por que ele estava ali, afinal? Seus irmãos disseram que não era o costume, e Jaehye garantiu-lhe a mesma coisa. Só restava a Jimin acreditar no que lhe foi dito, que o príncipe não tinha o costume de estar ali.

Numa mudança drástica de ânimo, seus pensamentos se tornaram vagarosos de repente, os olhos pesaram e o delicado aroma floral passou por sua porta, se infiltrando em seu quarto. O efeito relaxante e confortador foi recebido com gratidão e, embora a princesa tivesse mesmo comprado-o para si, Jimin se sentiu grato por seu último gesto gentil, antes que caísse em sono pesado e sereno.

Era comum que os alfas de seus ômegas se sentissem instigados a usar do seu cheiro marcante para acalmá-los em momentos de angústia, mas Jimin, no dia seguinte, se daria conta que o aroma que se infiltrou em seu quarto se parecia, de fato, com o da princesa, mas não apenas dela. Por hora, restava o seu merecido descanso.

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Comments

Ilizeth Domingos

Ilizeth Domingos

desculpa, é um conto gbt,,,se for está equivocada,,,entre lobos,licans,lupinos,não existe essa anomalia,,,,,

2024-01-18

0

Mèo con

Mèo con

A história está incrível, atualize logo para eu continuar lendo!!

2023-12-19

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