A Rejeição tem Consequências

Era cerca de meio dia quando a carta posta sobre a mesa de Jaehye ganhou sua inteira atenção. O papel se encontrava ao canto, àquela altura, coberto por uma pilha de documentos aos quais a princesa dispensava nas mãos do auxiliar.

— Isto não é da sua alçada – comentou ela com o óbvio interesse em dispensá-lo, e ficou sozinha para ler a carta que descobriu ser de Park Jimin. — Oh, está vivo afinal de contas, hm? Serva, o que faz aqui tão de repente?Eu não pedi chá algum e não permito que entre sem antes se anunciar.

Jaehye ao menos teve respostas imediatas, pois Soyuri refletia grande temor em suas feições, apesar de se manter relativamente ereta.

— A carta do Sr. Park... – Soyuri encarou o papel entre as mãos da outra, que a encarou irritada. — Eu mesma a trouxe por volta dás oito, pouco depois do desjejum, alteza. Estive com seu convidado mais cedo e ouso afirmar que ele se mostrou indiferente à sua preocupação com o desaparecimento em questão. Ele não se importa com sentimentos, mas apenas com o próprio conforto, conforto este que vossa alteza oferece muito gentilmente.

Apreensiva, Soyuri subiu o olhar para os olhos negros e avaliadores de Jaehye. A outra a castigava com seu silêncio perturbador enquanto a serva mal se conteve, imersa em sensações terríveis e sentimentos contraditórios, tão avassaladores que faziam doer sua cabeça e peito. Esperava ao menos que fosse vista com bons olhos, no entanto, já se pegava decepcionada por perceber que a outra não conseguia esconder as expressões conflitantes de maneira alguma.

Jaehye a confrontou, rígida e sarcástica:

- Eu não pedi chá.

No minuto que se seguiu, Soyuri reprimiu o instinto de desviar o olhar trêmulo da expressão enfurecida na face da princesa.

Ela pigarreou ao limpar a garganta, o desejo de contar a verdade sobre o estado do ômega queimava sua língua:

— Se trata de chá de maçã, alteza - com temor, mas atrevimento, Soyuri se aproximou com o carrinho de ferro e ergueu a bandeja com a porcelana. — E esta é uma das rosas que restaram da roseira do Jardim dezessete. Eu mesma quem a colhi para que perceba essa estranha combinação de inverno.

Jaehye zombou de repente:

— Espero que não tenha provado o chá, do contrário, morrerei envenenada por sua saliva de víbora — ao ignorar Soyuri para que pudesse ler a carta, Jaehye murmurou satisfeita. — Ao menos uma boa notícia! Jimin está em seu quarto, finalmente. Quero vê-lo ainda pela manhã.

— Se me permite dizer... – interpelou Soyuri, confrontada pelo olhar gélido da outra. — Tenho grande apreço pela princesa desde muito cedo e...

— Há quanto tempo está aqui, afinal?

— Desde menina – de repente, vibrou ao despertar o interesse que tanto desejava. — Fui pega roubando quando criança, quando morava numa taberna onde hoje só há cinzas. Então, os guardas do palácio me prenderam nas masmorras por meses, até ser chamada para pagar minha pena revertida em serviços prestados.

Com estranheza, Jaehye pediu que ela se aproximasse e sentasse. Ela observou com empenho a cor peculiar dos olhos de Soyuri: violeta junto ao tom escuro como a noite, realmente único. Então, um lapso de memória a pegou de surpresa, do tempo que tinha pouco mais de dez anos.

— Eu a vi certa vez...

— Sim, no hall do palácio, quando crianças! - com emoção, Soyuri engoliu seco. — De alguma maneira eu esperava que se lembrasse de mim. Mesmo que por alguns segundos...

Era uma garotinha suja; Jaehye se lembrou outra vez, com riqueza de detalhes àquela altura. Admitiu seu medo num primeiro momento, afinal de contas, acreditou que se tratava de uma fugitiva das masmorras.

— Você estava correndo dos guardas, tenho certeza. Nunca compreendi o que vivenciei naquela tarde.

— Não foi nada extremo – respondeu Soyuri. — Tive dificuldades de me adaptar à cozinha e todas aquelas pessoas. Eles me tratavam...

— Mal?

— Incrivelmente bem – riu-se constrangida ao lembrar do passado até ali. — Perceba, as únicas vezes em que me trataram com gentileza antes foi para que, em seguida, se aproveitassem da minha condição. Nada me deixa mais alerta do que fala mansa e olhos baixos, alteza. No entanto, aprendi a diferenciar certas intenções.

- E o que considera ser a intenção do Sr. Park? – questionou sinceramente Jaehye.

Hesitante ao respondê-la, Soyuri recordou do diálogo com Jimin naquela manhã, e do seu destempero ao agredi-lo. Seu coração mantinha o mesmo furor daquele instante, ela o queria longe.

— Ouso dizer que a pergunta seria esta: Deve-se considerá-lo mel ou veneno? — a serva foi firme ao encará-la. - Para mim, o Sr. Park é como o mel que adoça brevemente o amargor de um veneno, um veneno tão forte que não há como escapar da morte.

— Está me dizendo que...

— Estou lhe dizendo que o Sr. Park é uma figura ardilosa. Seu convidado provou a todos que sabe se esconder como um rato que não se permite ser facilmente capturado, e também tem se mostrado como um bonequinho articulado com máscara de Bobo da Corte; desta corte!

— Mas você! – inquieta com tamanho atrevimento, Jaehye rugiu diante da expressão persistente da outra. Não soube definir se detestava sua ousadia, ou se invejava sua coragem. — O que lhe faz pensar que vou acreditar em seu julgamento? Aliás, como alguém como você se atreve a ter um? Jimin veio da vila, é tão pobre quanto você mesma, no entanto, ele é modesto e sem maldade. Então, se você faz falsas acusações contra ele porque se dá ao luxo de não achá-lo bom para mim, caia em si imediatamente, serva!

— Ja-Jaehy...

- Como ousa falar comigo sem as devidas formalidades?! — tomada pelo calor do momento, Jaehye se ergueu e apontou para fora quando Soyuri a imitou. — Jamais volte a aparecer diante dos meus olhos, sua víbora maldita.

Seu decreto final partiu o coração de Soyuri, que a observou com lágrimas nos olhos violeta. Foi humilhada pela princesa, expulsa do seu convívio tão desejado por anos a fio, tudo por contar a ela sua aversão à Jimin.

Num instante de coragem, ela despejou o que achava ser o certo:

— Por seus próprios meios, tenho certeza, o Sr. Park escolheu não ser o ômega de uma mulher.

Então, Soyuri correu porta afora e sem olhar para a expressão inquisitiva de sua princesa. Precisava chegar ao seu quartinho nos fundos do palácio para chorar suas mágoas e sozinha. Juraria a si mesma que Jimin pagaria por afastá-la definitivamente de seu objeto de maior admiração.

Tão logo quanto pôde, Jeon deu às costas ao palácio e pegou a carruagem. Precisava sair e caminhar um pouco para melhorar seu mal humor constante, por isso, saltou no vilarejo e usou o capuz de sua capa para não ser incomodado pelos homens e mulheres do lugar.

Ele esperava encontrar Kim Taehyung na tenda de ferramentas da família deste, embora soubesse que raramente seu amigo estivesse por ali.

— Se ele ao menos acreditasse em suas jóias – Jeon comentou sozinho, pensando que Taehyung desperdiçava seu talento naquele lugar sujo e desajeitado. — Kim Taehyung.

De fato, Taehyung arrumava grandes e fortes alicates sobre as prateleiras em sua tenda, e se assustou com o príncipe por aquelas bandas:

— Para sua informação, estou prestes a fechar um belo arranjo numa promissora joalheria de Paris.

Jeon ergueu uma sombrancelha, incomodado:

— Promissora...

— É um começo decente — Taehyung resmungou rancoroso. — E não se atreva a insistir com aquele assunto de comprar a minha coleção. Sabe que preciso lidar com meu trabalho sozinho.

— Se contenta com pouco, Kim.

— Prosperarei por meus próprios méritos!

— Meritocracia? – zombou Jeon de repente. — Que ingenuidade você ainda sustenta, meu amigo. Eu sou o seu melhor contato, de resto, não lhe falta mais nada.

— Ah, vamos deixar este assunto para depois. Estou surpreso por sua visita. O que faz aqui, entre pobres mortais?

— Fui rejeitado pela primeira vez em minha vida – Jeon analisou um pesado martelo sob o olhar divertido de Taehyung. — Não faz ideia do quanto estou frustrado, Kim.

— Oh, não posso imaginar alguém rejeitando o incrível príncipe Jeon! Mas isso é um absurdo... – com um largo sorriso nos lábios, Taehyung ergueu os braços e se defendeu do falso ataque do martelo que o outro balançou em sua direção. — Deve se lembrar do ômega que mantenho correspondência na França. Falo do Sr. Min. Acha que não fui rejeitado antes de conquistá-lo? Oh, por favor...

— Hm, o homem ômega de fora não foi mais um caso, suponho.

— Estou fascinado por ele, Jeon. O Sr. Min é único, adorável e corresponde aos meus sentimentos. Me percebo cada dia mais ansioso para voltar a vê-lo e pedir que ele me aceite como seu parceiro. Isto não é um inconveniente na França, como todos nós sabemos. Entretanto, qual o nome da dama que o rejeitou?

— Aqui não é lugar para este assunto, Kim – Jeon percebeu o amargor em seu tom e pigarreou. — Acompanhe-me na casa de chá. Tenho... tenho algo que...

— Que diabos há com você? – de repente, Taehyung se alarmou e olhou atentamente por debaixo do capuz de Jeon. — Há s-sangue escorrendo pelo seu nariz!

— Carruagem.

Num segundo, Jeon seguiu como pôde até a carruagem e se jogou ali dentro rapidamente. Seu peito subia e descia com quase fúria, o coração batia descompassado ao ponto de fazê-lo temer por si mesmo.

Taehyung entrou logo atrás e ordenou que o cocheiro os levasse para sua casa. Somente ali ele saberia do que ocorreu com o príncipe e Jimin, e guardou para si sua opinião, pelo menos enquanto estivesse ajudando o outro em seu lar.

Àquela altura Jeon se sentia um tanto melhor, mas a Sra. Kim o viu chegar em péssimo estado e foi correndo chamar o Dr. Namjoon para que o avaliasse atentamente.

— O senhor outra vez – irritado por nada, Jeon teve o queixo erguido e grunhiu para o homem que analisava seus olhos avermelhados e doloridos. — Será que pode ser breve e me passar algum remédio?

— Temia que algo do tipo pudesse ocorrer.

Taehyung se colocou ao lado de Namjoon e observou o semblante carregado e pálido do amigo:

— Doutor, o que o príncipe tem?

— Temia por algo assim – de imediato, Namjoon foi até a maleta sobre a pequena mesa e procurou suas anotações com desmazelo condenável. — M-mas não é possível q-que... que algo assim realmente... Oh, quem sabe outro coquetel de vitaminas resolva a questão por hora.

— Homem de Deus! – farto de tantas suposições, Jeon chamou sua atenção e se assustou quando Namjoon correu com pílulas e seringa em mãos. — Não me venha com esta agulha agora. Achas que vou aceitar que faça o que bem entende de mim? Exijo explicações sobre minha saúde!

Aterrorizado por assumir tal responsabilidade sobre a vida do príncipe, o Dr. Namjoon respirou fundo e tentou falar com calma e clareza:

— Ao que tudo indica, sua marca

foi rejeitada...

— Oh, é mesmo? – impaciente, Jeon estapeou a mão do outro, afastando de si a grande agulha junto ao líquido esverdeado. — O que acha de nos contar algo menos óbvio neste momento?

Exasperado, Namjoon exclamou:

— No e-entanto, segundo suas reações físicas, arrisco-me a afirmar que aquele era o seu... seu p-parceiro, príncipe Jeon!

Obviamente, Jeon não se mostrou surpreendido com a informação do médico, embora incomodado com a reação dramática da Sra. Kim, que se danou a exclamar horrorizada ao ouvir que o príncipe não tinha uma provável parceira, mas parceiro.

— Jamais em sua vida volte a repetir tais palavras – Jeon deixou clara a ameaça que os assustou, seus dentes se encontravam cerrados por tamanha fúria. — Faça o seu trabalho, garanta que eu fique em perfeito estado e não caia nessa maldita doença outra vez!

Prontamente, os comprimidos foram entregues e o Dr. Namjoon saiu correndo da casa dos Kim, estava a pouco de ser jurado de morte por toda a vida pelo homem que tratou com o que tinha em mãos. Mas a verdade era óbvia àquela altura: uma marca rejeitada por seu parceiro ideal faria definhar até o mais forte dos corpos. Não havia alternativa para um alfa repudiado por seu parceiro, o destino daria fim aos seus genes pouco a pouco.

— Dependente de algo assim – os comprimidos não palma da mão de Jeon suportaram com custo o aperto que receberam. — Não por muito tempo, pois morrerei quando meu coração explodir como uma bomba de canhão.

Taehyung saiu, por fim, de seu choque, e apontou para o amigo:

— Por que está agindo como se soubesse de tudo desde sempre? É um homem, seu parceiro é Park Jimin! Acreditei que você poderia estar curioso sobre ele, mas jamais imaginei que... Que diabos, por que você não está surpreso?!

Assim que tomou os remédios, Jeon revirou os olhos e caiu deitado na cama. Estava farto daquele diálogo, e ao menos aliviado que a Sra. Kim acompanhou o Dr. Namjoon até a porta.

— Quais são as chances de eu morder alguém e marcá-lo? Você me conhece, sabe que sou experiente — com alguns suspiros frustrados, Jeon esfregou os olhos apertados. - No entanto, quando eu mordi aquele ômega no calor do momento, diga-se de passagem, algo mais forte que eu nos ligou. Meu lobo fez sua escolha, Kim. Ele se nega a ignorar Park Jimin, e olhe que tentei com todas as minhas forças contra isso.

— V-você está perdido — e Taehyung afirmou aquilo porque conhecia a história de Jimin, tinha certeza de que ele jamais se uniria a outro homem. — Estou embasbacado, assustado e preocupado com o que será de você. Jimin é um homem ômega moldado à força pelos duros padrões deste vilarejo. Ele jamais o aceitaria, caso descubra que você é o seu alfa, e não Jaehye.

— Preste atenção – determinado em sua decisão, Jeon decretou. — Jimin não precisa saber o que ocorre comigo. Estou totalmente ciente de sua rejeição, ainda que sustente alguma esperança depois do que conversamos hoje. Talvez eu esteja sendo tolo, na verdade, é bastante provável. De todo modo, não vou forçá-lo a me aceitar com seu alfa apenas para que ele me livre deste destino degradante. Espero ao menos deixá-lo confortável nos dias que se seguirão. Darei a Jimin uma casa em meus domínios, com toda a segurança possível. Um ômega pode viver com tranquilidade sem uma marca, pode ser feliz sem qualquer interferência externa. E quando digo sobre interferência externa, me refiro aos desgraçados dos familiares de Jimin. Tenha certeza de que darei conta de dar um fim em cada um deles para que deixem meu ômega em paz.

— Não se refira a Jimin desta maneira, Jeon – o outro o repreendeu, mas hesitou assustado ao vê-lo de olhos vermelhos, furioso consigo. — Bem, penso que é melhor não criar o hábito. Ah, certo, esqueça isso.

No entanto, Taehyung se encontrava insatisfeito com o rumo que tal história tomaria:

— O que realmente me desespera é seu desprendimento. Garante o bem estar dele, mas põe o seu à risca? Recuso-me a perder meu amigo! Quem sabe, o Dr. Namjoon está errado, Jeon, tanto quanto você. Oh, mas é isto mesmo! Park Jimin obviamente não pode ser o seu ômega! Devemos falar com alguém a respeito, qualquer outro que entenda da questão.

— Meu lobo o escolheu – numa rara cena de constrangimento, Jeon se lembrou de acordar com Jimin enroscado em seu tronco, dos feromônios misturados e das batidas do coração do outro batendo contra suas costelas. — Kim, sei que posso confiar em seus ouvidos, por isso sinto-me tranquilo para contar certos segredos a você. Preciso falar sobre Jimin, como as coisas mudaram com um revirar de acontecimentos que não pudemos controlar. Acordamos na mesma cama pela manhã, e me espanta a constatação de não me importar que fosse um homem deitado sobre mim.

— Na mesma... cama? – Taehyung jamais poderia dizer que estaria preparado para ouvir algo como aquilo. — Você simplesmente...!

— No entanto, ao mesmo tempo, Jimin é adoravelmente delicado como nenhum outro homem poderia ser — Jeon o interrompeu ao expressar plenitude quando se lembrou do toque de seus dedos na curva da cintura, quando o puxou para deitar um tanto mais junto ao seu peito. — Ele tem um belíssimo corpo, se me permite mais essa confissão. E a pele macia cheirando a maçã, a mais doce delas, acalma o meu lobo imediatamente. Como posso ainda negar que... que desejo estar com ele?

Taehyung gaguejou, abismado com o modo aéreo que o príncipe se encontrava:

— Você não o odiava, afinal? Sinto que perdi uma vida de informações, mas não foram mais que poucos meses! E há algo de muito errado nisso, Jeon, eu tenho certeza. Por que nunca me disse que também se interessava por homens? Tem ideia de como me senti por ser o único a confidenciar isso?

— Por favor, me entenda – de repente, Jeon usou seu lenço para limpar o suor da testa. — Eu jamais tive o desejo de estar com outro homem. Não me orgulho por repetir o mesmo discurso perverso que todos os outros ainda fazem. Sabe que isso também está no passado, eu o respeito como um bom amigo, gostando de homens ou não.

De certo, Taehyung não compreendia facilmente a situação desastrosa a qual seu amigo estava encurralado porque ele mesmo jamais marcou alguém em sua vida. Tinha verdadeiro pavor à menor possibilidade de sua marca de alfa não ser aceita por um ômega que amasse verdadeiramente.

— É notório o quanto está perdido, e devo relevar minha mágoa ao seu respeito porque eu mesmo também já estive numa posição arisca quanto aos homens ômegas e suas rejeições. Acredite, sei o que está passando. Porém, sua irresponsabilidade não tem tamanho, Jeon. Como se atreveu a marcar Jimin sem o devido consentimento? Me enfurece não ter passado por sua mente que ele rejeitaria qualquer homem que tentasse cometer tamanha loucura.

— Eu não sou qualquer homem – e Jeon não mencionaria o fato de ser um príncipe, mas sim aquele que soube reconhecer o lobo do outro como seu, sem qualquer objeção evidente. — Sou um homem rendido às percepções desta fera que vive dentro de mim, que clama por Jimin porque o lobo deste também o escolheu. Eu o quero com a força do meu lobo, mas também por mim mesmo, como homem. De todo modo, é inútil. Me sinto doente outra vez, e tenho receio de encará-lo.

— Disse agora mesmo que ambos dormiram juntos, pois não?

— Apenas dormirmos, Kim — Jeon deu garantias ao amigo. — Foi uma situação pura e confusa para nós dois. Tudo por conta do meu impulso ao marcá-lo, e sua rejeição que me adoeceu ainda ontem, pela tarde e noite. No entanto, Jimin foi adorável quando ao menos deveria ser, me permitiu estar ao seu lado para que eu me sentisse melhor. Aqueles... aqueles olhos castanhos intrigam-me completamente, Kim; ora são inocentes, ora marcados por traços de fera. Nenhuma ômega poderia tomar minha atenção como Jimin faz em tão pouco tempo que o conheço.

As sobrancelhas de Taehyung subiram em perplexidade:

— Realmente gosta dele?

— Estou rendido – Jeon levou as mãos aos olhos e grunhiu frustrado. — E tomado por uma frustração que instiga-me a fugir daquele lugar. Não sou adequado para qualquer ômega, a prova disto se dá quando Jimin prefere se cortar a levar minha marca em sua pele. Que... que desastre, não? Mas não se alarde, foi superficial. Acredito que Jimin está se recuperando desde a minha ausência, creio que está melhor que antes afinal.

Taehyung estranhou que o outro riu de repente:

— Qual a graça, afinal?

— Olhe para mim, se lembre de quem sou e se pergunte se não tenho qualquer responsabilidade pelos temores de Jimin. Se eu pudesse voltar atrás, tenha certeza, faria de tudo para não falhar com ele. A verdade é que estou pagando por ser um maldito covarde.

Abatido, Jeon fechou os olhos e desejou dormir, tomando disso a certeza de que os remédios eram terrivelmente fortes:

— O que fiz será enterrado junto a mim quando estes remédios não forem mais o bastante.

Então, Kim caminhou até ele com pressa e rugiu:

— Jeon, não ouse fechar os olhos na minha frente, do contrário, farei um alarde por medo de que nunca mais acorde, homem. Precisamos comunicar aos Reis que...!

— Nenhum deles precisa saber o que eu sei.

Então, para o desespero do seu melhor amigo, Jeon caiu em sono profundo.

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!