9° Capítulo - Noivado Secreto. Part I

A porta da casa se abre, Arthuro entra de fininho tentando não fazer barulho, uma luz fraca acende.

Regina está sentada em uma poltrona, ela observa filho, Arthuro por sua vez engole a seco, tenta arrumar sua roupa amassada, ele sabe que sua mãe vai chamar sua atenção.

— Isso são horas de chegar? — Regina pergunta acendendo um cigarro — Sente-se, vamos esclarecer algumas coisas.

Embora Regina fosse uma mãe muito dócil, ela odiava a forma como Arthuro vinha agindo ultimamente.

— Arthuro — Regina fala — hoje o que você fez foi inapropriado, estamos tentado resolver a vida do seu irmão, sua obrigação era estar ao lado dele, não cair na gandaia, não gosto dessas suas atitudes, você pode colocar em risco sua vida e acabar com os negócios que estamos tentando fazer com os Camargos.

— Há mãe fala sério? Meu irmão só viu essa garota uma vez, já ficou louco por ela? A senhora acha que o pai dela deixaria ela se casar ao descobrir o que nossa família é?

— Não seja tão amargurado, assim que Guillermo casar, arrumarei uma noiva para você, assim essas suas noites de farra acabam de uma vez.

— Quem disse que eu quero me casar?

— Não me interessa o que você quer.

Regina se levanta indo em direção as escadas antes de começar a subir se vira para o seu filho e fala com desdém.

— Vai tomar um banho, sinto cheiro do perfume daquela mulher barata que estava no jantar.

Arthuro passa as mãos em seus cabelos, ele odiava ser controlado desse jeito, ele odiava viver na sombra do irmão, ele se levanta e vê Guillermo saindo do escritório, ambos se olham e não falam nada, Guillermo vai para o seu quarto.

Com as investigações que Guillermo havia feito, ele sabia que a Maitê nunca foi amante do Guido, mas que a verdadeira amante era Rosália, o que a polícia nunca descobriu, em menos de três semanas eles já sabiam que Rosália não era uma flor que se cheira, deixou que sua irmã levasse fama de infiel.

*

Izabelle está deita observando o cartão, ela olha no relógio já se passa da uma da manhã, os Montenegro saíram da sua casa já era quase meia noite, ela salva o número e suspira, agora era oficial ela estava noiva, com o cartão na mão ela acaba pegando no sono.

Aquele par de olhos castanhos, são tão misteriosos, a voz dele o sorriso fez com que Izabelle perdesse o ar, ao reparar em sua boca ela sente vontade de o beijar.

Izabelle acorda suada, que senho foi esse? Indaga a si mesma, se levanta desce as escada, a casa está escura, ao se aproximar da sala a porta se abre, Rosália adentra da casa com os saltos nas mãos, o cabelo amarrado em um coque mal feito, ao ver Izabelle no pé da escada se aproximar para tentar desestabilizar a mesma.

— Acordada? — Rosália pergunta — não conseguiu dormir? Até eu não dormiria com o pedaço de mal caminho que é o Guillermo.

— Pra você qualquer homem é pedaço de mal caminho — Izabelle responde não caindo na conversa da tia — casado, viúvo ou até mesmo idoso a senhora não perdoa.

— Como ousa sua pirralha.

Rosália se aproxima da sua sobrinha pronta para esbofetear em seu rosto, Izabelle segura a mão da sua tia antes que sua mão acerta o seu rosto.

— Não ouse levantar a mão para mim — Izabelle fala irritada — se você acha que pode me bater, saiba que isso nunca vai acontece.

— Você é igual sua mãe, uma qualquer.

Então o estralo se faz, Rosalia leva a mãos até o rosto onde ardia.

— Nunca mais fale da minha mãe, o nome dela não deve ser pronunciado por você.

Após falar isso Izabelle vai para a cozinha, pega um copo de água, sua tia consegue a irritar sem nem ao menos fazer muito esforço, ela bebe um pouco de água e retorna para o quarto, mas não consegue dormir direito.

*

O dia já havia amanhecido, Izabelle esta se arrumando para ir até o povoado, ao descer para tomar café seu pai já está na mesa.

— Bom dia pai — Izabelle fala se sentado ao seu lado.

— Acordou cedo — Bento responde olha o jornal.

— Quero ir na antigo ateliê da minha mãe, ver como está as coisas por lá.

Bento finalmente olha para sua filha, ele fechou o ateliê, a nove anos que ele não frequentava lá, mas sabia que quando Izabelle voltasse iria querer ir lá, no máximo mandava Lupi uma vez a cada seis meses limpar o espaço.

— Vai ficar com o Ateliê? — Bento pergunta.

— Sim, embora o Guillermo disse que iriamos muito para capital, eu gostaria de ter um escritório aqui, o Ateliê é o local perfeito.

— Querida — Bento fala sendo cauteloso — Talvez seja melhor você esperar um pouco antes de reabrir o ateliê da sua mãe, não quero seu nome na boca desse povo.

— Tá bom.

Bento concorda com a cabeça, ao termina o café ele vai para a processadora, Izabelle vai até o seu quarto pegar algumas coisas e desce para pegar a chave do carro, ela decide ligar para Guillermo, o mesmo atende no sexto toque.

— Alou? — Guillermo diz.

— Oi, é a Izabelle.

Um pequeno silêncio se faz então, ele torna a falar.

— Oi Izabelle, está tudo bem? Aconteceu algo?

— Está tudo bem, só liguei para saber se você está bem? Te atrapalho?

— Não imagine, estou bem.

— Que bom.

Um silêncio constrangedor acaba ficando entre os dois, Izabelle morder os lábios.

— Acredito que você deve estar ocupado — Izabelle fala com a bochechas ardendo — depois conversamos.

— Tudo bem, até breve.

Ambos desligam, Izabelle encosta na parede com o celular na mão, como ele pode ter uma voz tão bela? Ela fecha os olhos e suspira para acalmar seu coração.

*

Lupe está limpando o escritório, quando ela vê alguns documentos no nome da Rosália, embora ela nunca foi de mexer nas coisas do seu patrão, ela observa um contrato de compra e venda, a casa é nome de Rosália.

Lupe guarda os documentos, porque o senhor Bento compraria uma casa para Rosália? Será que ele a quer fora da fazenda?

Lupe sai do escritório acaba encontrando Izabelle, ela se aproxima, ontem Izabelle iria contar o que a família Montenegro fazia aqui.

— Vai sair? — Lue pergunta.

— Não mais, acho que estou tão acostumada com a capital, que ficar aqui sem fazer nada me deixa no tédio.

— Hum, imagino como deve ser.

Izabelle sabe que Lupe está curiosa, então puxa a mesma para cozinha, ela não quer que sua tia ouve a conversa.

— Lupe eu estou noiva — Izabelle fala e Lupe engasga surpresa.

— Como assim noiva? — Lupe acaba falando alto com a empolgação.

— Shiu — Izabelle fala rindo de lado — o rapaz de ontem, Guillermo vai se casar comigo.

— Minha menina, você tem certeza disso? Você não o conhece, não sabe quem ele é, seu pai concorda com isso?

— Na verdade ele achou que eu iria me negar, mas eu decidi aceitar, eu sinto como se o conhecesse.

— Mas não o ama!

— Mas posso chegar a amar ele.

Lupi sorri com a ideia, se ela não a conhecesse tão bem, já diria que a menina está apaixonada por esse rapaz, o celular de Izabelle vibra ela vê o nome de Guillermo.

— Oi — ela fala animada.

Guillermo percebe a empolgação da moça do outro lado da linha.

— Está feliz? — Guillermo pergunta sendo direto.

Izabelle fica envergonhada, como ele poderia saber algo assim?

— Eu sou uma pessoa feliz — ela tenta contornar a situação.

— Que bom, quer almoçar comigo? Temos algumas coisas para conversar a respeito do casamento.

— Tá bom.

— Meu motorista ira lhe buscar em meia hora.

— Certo.

Izabelle desliga e Lupe encara a menina que sorri que nem boba, Izabelle nunca foi de conversar com rapazes, sempre esteve focada em cuidar do seus negócios, nunca se quer tinha estado a sós com um rapaz.

— Vou almoçar fora, Lupe guarda meu segredo? Não conta para ninguém sobre o casamento.

— Tá bom, você cuidado em, não vai se apaixonar tão fácil assim.

Izabelle balança a cabeça, Lupe volta a fazer seus afazeres ao subir as escada correndo, Rosália sai de onde estava escondida, embora ela tenha tentado arrancar informações de Arthuro, o mesmo não falou uma só palavra, ele só estava afim de transar e mais nada.

— Então aquela pirralha vai ser casar com o gato do irmão do Arthur? — Rosália resmunga pra sim mesmo — essa é sortuda igual a mãe, mas se ela acha que vai ser feliz, está enganada.

A maldade no coração de Rosália fala mais alto que qualquer coisa, ela estava disposta a acabar com o relacionamento da sobrinha, se ela não era feliz. Ninguém ao seu redor deveria ser.

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