4° Capítulo - A mudança

Izabelle chega em casa correndo e vai para o seu quarto, ela sabia que sua mãe não tinha feito nada de errado, apesar de ser nova ela confiava plenamente na honestidade que sua mãe sempre ensinou.

Lupe está na cozinha preparando o café da tarde, Rosália adentra com um olhar mortal, ela pega uma faca no faqueiro e se aproximar de Guadalupe.

— Você nunca soube a hora de fechar essa boca Guadalupe — Rosália fala apontando a faca para ela.

— Eu não tenho medo de você Rosália — Lupe a enfrenta.

— É bom que tenha ou quem vai sofrer vai ser a Izabelle, acho bom você ficar de boca fechada, ou sua protegida pode sumir.

— Você e um monstro.

— Você não faz ideia do que sou capaz, se minha irmã se meteu no meu caminho o problema é dela, você vai ficar de bico fechado se não já sabe, não usarei essa faca em você, mas sim na Izabelle.

Com um sorriso sínico Rosália sai da cozinha, Lupe engole a seco, ela vai até o quarto da menina para evitar que Rosália faça algo contra a menina, ela se assusta ao ver Izabelle deitada.

— Ize meu amor o que você faz aqui? Você deveria está na escola — Lupe fala se aproximando da garota.

— Foi horrível Lupe, a Maia e a Carlota foram tão cruéis comigo, disseram coisas da mamãe, minha mãe nunca seria capaz de fazer mal ao papai — Izabelle fala chorando.

— Eu vou dar um jeito nisso agora.

Lupe abraça ela e a leva no banheiro para se limpar, ela sabe que seu patrão a ouviria.

Depois de arrumada Izabelle vai até a janela onde vê a piscina, sua tia está sentada tomando sol, Ize nunca foi tão apegada com a tia, na verdade as vezes ela tinha medo da sua tia.

*

Lupe bate duas vezes na porta do escritório antes de entrar, ela sabia que talvez não fosse o momento apropriado, mas ela precisava relatar o que estava acontecendo com a Izabelle.

— Com licença patrão — Lupe fala abaixando a cabeça — mas eu preciso falar com senhor a respeito da Izabelle.

— O que tem a minha filha? — Bento pergunta olhando os papéis da mesa.

— Judiaram dela na escola, o senhor não acha que seria melhor mandar ela para capital?

— Por que eu faria isso Guadalupe? — Bento finalmente larga os papéis e a encara.

— Senhor a menina está sofrendo, perder a mãe desse jeito não é fácil, ainda ouvir essas barbaridades só vai fazer mal a ela, pense bem patrão.

— A Maitê procurou por isso — Bento fala com desdém.

— Não patrão desculpe minha audácia — Lupe fala sem pensar direito — mas a patroa nunca foi disso, todo lugar que ela ia sempre avisava, nunca foi de dar ousadia para homens, o que aconteceu não passa de um equívoco, ela nunca se quer conversou com o senhor Guido, e sempre evitou ficar perto dele e o senhor sabe disso melhor que ninguém.

— Então como você me explica isso?

— Tem coisas que não tem explicação, mas eu sei que ela nunca o traiu, a senhora Maitê o amava de mais, era difícil ela sair sozinha, alguma coisa aconteceu e a senhorita Rosália está envolvida nesse acontecido, mas pensando por um lado — Guadalupe se recorda de algo — a senhora Maitê não disse onde iria, mas disse que iria limpar a honra da família.

— Meu Deus Lupe, eu vou enlouquecer é tanta coisas para processar.

— Eu sei senhor, mas agora é o bem estar da sua filha que estamos falando.

— Certo, arrume tudo que é dela, vou manda-la para capital amanhã.

— Sim senhor.

Bento estava com a cabeça cheia de coisas para resolver, o testamento de Maitê era bem claro em dizer que tudo que lhe pertencia seria da filha inclusive a filial de moda a qual Maitê tinha.

Lupe está no quarto da menina arrumando suas malas, Izabelle estava olhando para a janela quando a garoa fina começa a cair.

— Ele vai mesmo me mandar embora? — Izabelle pergunta.

— Mas dá onde você tirou isso? — Lupe pergunta — seu pai apenas vai tirar você por um tempo daqui, logo você vai voltar Izabelle.

— Por que? Ele não me ama?

— Por te amar que ele vai levar você para a capital, você não precisa ser humilhada desse jeito, pensa como será bom respirar novos ares, eu vou sempre te visitar.

Lupe abraça Ize com uma ternura, ela cuidou de Ize desde quando nasceu, acompanhou todas a fases de crescimento da criança, Ize estava com seus dez anos, ela é bem inteligente e muito madura para a idade dela.

*

O dia amanheceu nublado, um capataz coloca a mala no carro, Lupe está chorosa, pelo menos com a Izabelle longe, Rosália não fara mal a ela.

Bento sai do escritório e vê sua filha descendo as escadas, ela está triste, mas compreende os motivos pai.

— Papai — Izabelle o chama — estou pronta.

— Vamos, eu a levarei.

Izabelle sorri, olha para o chão e pergunta.

— Posso pedir uma coisa?

— O que você quiser meu anjo.

— Me leve no cemitério, quero dizer tchau para a mamãe.

Bento suspira e concorda, Lupe entrega um boque de rosas branca para Izabelle, abraça menina e chora.

— Que a virgenzinha te proteja nessa sua nova caminhada minha menina — Lupe fala abraçando.

— Amém.

Izabelle vai até o carro, ela limpas as lágrimas que insisti cair, o carro começa a se afastar da fazenda, agora é a hora de realmente seguir em frente.

O carro para de frente com o cemitério, Bento decide dar um espaço para a filha, Izabelle vai até o túmulo da mãe coloca algumas flores e começamos falar com ela.

— Mãezinha, que a senhora me ilumine nesse novo caminho, me proteja dai do céu, não deixa que ninguém me faça mal, eu juro mamãe que eu vou desmentir tudo isso que estão falando da senhora, eu te amo minha mamãe.

Izabelle limpa as lágrimas e vai até o carro, do povoado até a capital é apenas algumas horas de carro.

*

A capital era bem mais agitada que a vida no campo, Izabelle observava todo com atenção ao seu redor, ali seria sua vida dali em diante.

— Algum dia eu voltarei para a fazenda papai? — Izabelle pergunta.

— Quando for a hora certa sim.

— Eu fiz algo que o chateou? - Izabelle pergunta.

Bento paralisa ao ouvir essa pergunta, na cabeça de Izabelle queria entender porque o pai estava tão indiferente que nem se aproximou dela depois do acontecido, Bento olha para sua filha, ele estava tão atarefado e estressado que não tinha percebido o quanto tinha se afastado da filha, isso o deixou se sentindo culpado pela ausência.

— Ize meu amor, você não me fez nada — Bento responde segurando a mão da filha — desculpa não ter te dado a assistência necessária, eu estava tão atarefado que não percebi que havia te deixado de lado.

Ouvir aquilo confortou um pouco o coração de Izabelle, ela podia ver nos olhos do pai o quanto ele a ama.

— Sempre que puder estarei aqui pra te visitar minha filha — Bento fala — vou sentir muitas saudades.

— Eu também papai.

Bento já havia preparado tudo para que sua filha tivesse uma boa educação, ele a colocou em um colégio interno só para meninas, também falou com os seus pais que moravam na capital, que de finais de semana buscassem Izabelle para ficar com eles, evitar tocar no assunto do acidente e que não excitasse em dar tudo do bom e do melhor para ela, e não era para poupar gastos.

Chegando na frente do colégio o motorista retira as malas, uma senhora muito simpática observa com cautela Izabelle e o pai.

— Minha filha, como combinamos eu venho te visitar e trago a Lupe comigo — Bento fala puxando a filha para um abraço — você fique bem e nada de abaixar a cabeça.

— Tá tudo bem papai, eu te amo.

— Eu também te amo, finais de semana a vovó e o vovô vem lhe buscar.

Izabelle apenas concordo com a cabeça, abraça bem forte o seu pai, e finalmente adentra do grande colégio.

Embora o coração de Bento estava apertado em deixá-la, ele sabia que era o certo a fazer, se ela crescesse no povoado, talvez mais para frente não teria um casamento bem sucedido, mas estudando fora sua sorte mudaria com toda certeza.

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