Como prometido três dias depois, Izabelle está dentro do ônibus indo para o interior, suas mãos estão suando frio, sua vontade era de nunca mais voltar para o interior.
Ela tenta relaxar fechando os olhos conforme o ônibus vai se aproximando da cidade, ela consegue ver que nada mudou, continua do mesmo jeito desde a última vez que estivera ali...
Ao descer do ônibus muitos observam a jovem com curiosidade, Izabelle pega suas malas e vai até um ponto de táxi, mas não tem nenhum disponível, até a fazenda não é tão perto. Izabelle pega o celular e da um toque para o seu pai, talvez ele manda alguém ir busca-la.
— Oi querida — Bento fala atendendo no terceiro toque.
— Pai eu cheguei, o senhor pode vir me buscar? — Izabelle pergunta — não tem nenhum táxi disponível.
— Tá bom filha, estou mandando te buscar.
Izabelle agradece e fica esperando, as pessoas passam e a cumprimenta, mal sabem eles que ela é aquela pequena criança que muito deles julgaram, que teve que deixar toda sua vida para trás, para recomeçar em outro lugar.
Alguns minutos depois um carro para de frente com ela, é o carro do seu pai, mas quem está dirigindo não é ele e sim Chico o capataz da fazenda, desde a última vez que ela o viu, ele a levou até a capital, não mudou muito na aparência.
— Boa tarde patroa — Chico fala pegando as malas e guardando.
— Seu Chico, quanto tempo! — Izabelle responde — não precisa de tantas formalidades.
Chico apenas concorda com a cabeça, ao adentrar do carro, Chico da partida a levando em direção da fazenda, o trajeto percorrido de carro é bem mais rápido do que de a pé.
*
O carro para na frente da porta principal da casa, ao descer do carro Izabelle é surpreendida por Lupe a abraçando.
— Lupe — Izabelle fala devolvendo o abraço.
— Quando o patrão disse que você estava vindo não acreditei, você deve estar com fome, vem vou te ajudar com suas coisas.
Lupe sai puxando Izabelle para dentro da casa, a mesma observa cada detalhe, nada mudou está do mesmo jeito de quando era criança, sua mãe havia escolhido cada detalhe da casa a dedo, os móveis planejados e bem cuidados, é como se sua mãe estivesse presente na casa e cuidando de cada detalhe.
— Seu pai não quis mudar nada — Lupe fala ao ver Izabelle observando.
— É como se ela ainda tivesse viva e presente aqui — Izabelle fala com lágrimas nos olhos — onde está meu pai?
— Saiu bem cedinho para transportadora, mas ele já deve estar vindo, pensei que você chegaria só depois do almoço.
— Senti saudades do seu café, por isso vim mais cedo.
— Vou fazer seu café preferido.
Izabelle concorda com a cabeça, ela continua a observa a casa, quando seus olhos vão direto para a escada, ela observa Rosália descer as mesma, Rosália sorri de lado.
— Um bom filho a casa torna — Rosália fala rude — não vai dar um abraço na sua tia?
Izabelle apenas revira os olhos, continua no mesmo lugar, ela não conseguia entender porque seu pai ainda deixou Rosália morar com ele, mesmo depois de tantos anos.
— Você mudou bastante — Rosália fala — se eu a vesse na rua, com toda certeza não a reconheceria.
— Já a senhora está envelhecendo — Izabelle responde e sua tia engasga.
Lupe segura o riso, então a porta principal se abre e Bento adentra da casa, ao ver sua filha seus olhos se enchem de lágrimas.
— Papai — Izabelle corre o abraçar.
Como ela sentiu falta do pai, eles ficam por alguns segundos abraçados, Bento olha atentamente para sua filha, ela está tão linda e bem parecida com sua mãe, Bento sorri.
— Você é tão linda — Bento fala acariciando sua bochecha — vem vamos comer, você tem muita coisa para me contar.
Rosália olha para os dois com cara de poucos amigos, sai da casa bufando, ela não pensou que sua sobrinha pudesse voltar para cidade depois de tanto tempo.
Bento observa a filha falar de como tem sido seus últimos dias na capital, ele precisa falar com ela sobre a proposta que recebeu, ele estava ciente de que sua filha poderia se negar e ele não iria se opor em sua decisão.
— Pai — Izabelle fala estalando os dedos em sua frente — em que mundo o senhor estava?
— Desculpa querida — Bento responde — esses dias tem sido difícil pra mim.
— O que houve?
— Nada que você deva se preocupar.
Izabelle não questiona seu pai, apenas fica em silêncio, após comerem e conversarem um pouco, Izabelle vai para o seu quarto, ao adentrar ela sorri ao recordar seus momentos na infância.
Seu quarto está intacto desde quando se mudou para a capital, Lupe está ajudando a guardar as coisas no guarda roupa, Izabelle está pensando em como seu pai estava pensativo agora pouco.
— Lupe o que houve com o meu pai? — Izabelle pergunta arrumando seus livros — ele parecia tão preocupado.
— Ele está assim desde a visita que recebeu essa semana — Lupe responde.
— Que visita Lupe?
— Uma senhora chamada Regina Montenegro veio conversar com seu pai, eles ficaram por meia hora dentro do escritório e depois que ela foi embora, seu pai ficou desse jeito.
Montenegro? Izabelle pensou, quem será?
— Quem é essa? — Izabelle pergunta curiosa.
— Ela e a família se mudaram a pouco tempo para o povoado — Lupe responde forrando a cama — compraram a antiga fazenda dos Sanchez, eles são bem reservados, trouxeram os empregados de fora, não é qualquer um que adentra da propriedades deles, a senhora quase nunca é vista, dizem que ela tem dois filhos, tem grandes negócios em vários lugares é uma família muito recatada.
— Hum, porque ela procuraria meu pai?
— Não sei menina, você sabe que eu nunca fui de ficar ouvindo atrás da porta, mas ouvi alguns rumores de que eles estavam de olho nas terras do seu pai, e se continuar do jeito que está, ele vai ter que vender as propriedades.
Izabelle sorri tristonha, ela sabia o quanto seu pai amava cuidar das terras, plantar, mesmo com várias secas a terras nunca deram problemas como esse ano.
Após arrumar suas coisas Izabelle decide conversar com seu pai, ver o que ela pode fazer para ajudar nos tratos das terras.
*
Dentro do escritório Bento olha para o cartão que recebeu, ele não sabia como falar com Izabelle, principalmente se ela interpretar errado e achar que ele está vendendo ela, leves batidas são dadas na porta.
— Entre — Bento fala guardando o cartão.
Izabelle adentra do comodo, a nostalgia invade sua mente, como tudo continua do mesmo jeito, nada mudou desde a última vez que estivera ali.
— Pai o que está acontecendo? — Izabelle pergunta se sentando — o que te preocupa?
— Não é nada minha filha.
Embora Bento tentasse transparecer que estava tudo bem, Izabelle sabia que nada estava bem, ela decide ir direto ao assunto.
— Pai, Lupe me falou que o senhor teve uma visita de uma senhora, o que ela queria?
Bento engole a seco, ele queria mais tempo para pensar numa boa forma de tocar nesse assunto, mas sua filha está sendo bem direta.
— O senhor está pensando em vender as terras? — Izabelle pergunta sem deixar seu pai falar — essas terras são o xodó do senhor.
— Vender as terras? — Bento pergunta confuso — não, já mais!
— Então me conta o que está acontecendo? O senhor está precisando de dinheiro para usar nas terras?
— A minha filha não se preocupe com as terras!
— Me preocupo sim, a única coisa que o senhor tem é as terras, sei que a colheita não foi tão boa esse ano, mas sei que o senhor vai dar um jeito de se levantar.
Ouvi isso conforta Bento, uma hora ou outra ele vai ter que contar para ela sobre a proposta que recebeu.
— Filha, a senhora que veio aqui, ela não esta interessada nas minha terras, mas sim em você.
— Como? — Izabelle pergunta surpresa.
— Ela veio pedir para você se casar com o filho dela.
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Atualizado até capítulo 40
Comments
Kris Lover
Realmente ele foi bem direto.
2024-02-09
3