7° Capítulo - O acordo

Izabelle suspira por alguns segundos, ela ainda está digerindo o que acabou de ouvir, um casamento arranjado? Isso não parece tão bom, já que a mesma não imaginava casar sem estar amando.

— Me casar? Sem amor? — Izabelle pergunta — como isso?

— Ela veio pedir para que você se case com o filho dela, sera um contrato ela não me disse muita coisas, mas disse que se caso você aceite, ela limparia a honra da nossa família e investiria nas minhas terras.

— E o que o senhor disse a ela?

— Que iria falar com você, e caso você não quisesse eu não poderia fazer nada.

— O senhor não aceitou?

— Não, mesmo que um dia terei que pensar em um casamento para você, eu acredito que você teria que escolher se quer ou não casar.

— Eu posso pensar um pouco?

— Claro.

Izabelle se levanta e vai até o estábulo, cela seu cavalo e sai andando pela fazenda, na divisa com o rio ela vê a fazenda dos Sanchez, um casamento por contrato? Mesmo que ela quisesse ajudar o seu pai, as terras gastaria muito mais do que ela tem atualmente, talvez não seja tão ruim um casamento, porque se for ver pelo passado da sua família, seria difícil arrumar um casamento bom para ela.

Izabelle estava bem pensativa, ela andou por toda a fazenda, ao voltar para casa ela estava suja de barro, foi direto para o seu quarto, ela precisa conversar pessoalmente com essa tal de Regina, para saber mais detalhes sobre esse casamento.

*

Na cozinha Lupe olha pensativa para a geladeira, o que será que ela faria para o jantar, Izabelle adentra da cozinha como um furacão.

— Menina cuidado — Lupe fala sorrindo — precisa de algo?

— Lupe, arrume a sala de jantar com aqueles pratos de porcelana e usa as prataria especiais e pede para o Chico trazer um vinho da reserva, hoje receberemos visitas.

Lupe apenas assente com a cabeça, é a primeira vez que ela vê Izabelle animada e dando ordens.

— Lupe prepare o lugar para mais ou menos sete pessoas, para o jantar prepare tortilhas e de assado cordeiro, eu vou sair e já volto para te ajudar.

Izabelle olha o chaveiro e vê a chave do carro da sua mãe, ela pega em suas mãos e sorri.

— Vai sair de carro menina? — Lupe pergunta.

— Sim, se meu pai pergunta, diga que eu fui no povoado e já volto.

Lupe concorda, Izabelle vai até o carro adentra do mesmo e da partida, sempre que sua mãe saia ela estava junto, dirigir o carro fez parecer que Maitê estava ao lado da filha, ao invés de ir para o povoado Izabelle vai para o lado ao contrário.

*

Chegando em frente a fazenda onde os Sanchez moravam, ela vê que tem vários carros encostados, todos preto com vidro escuro, ela toca o interfone e fica a espera de alguém atender.

— Boa tarde! — uma voz fala pelo interfone.

— Ah oi! A senhora Regina se encontra? — Izabelle pergunta mordendo os lábios.

— Não, ela saiu bem cedo.

— Não tem ninguém da familia que eu posso falar?

Um breve silêncio se faz, então torna falar.

— Quem está falando?

— Me chamo Izabelle Camargo, gostaria de falar com a senhora Regina ou com o senhor Montenegro.

Após falar isso o interfone desliga, não demora o portão se abre, Izabelle entra com o carro indo até a entrada principal.

O jardim bem cuidado, ela nunca esteve naquela fazenda, os antigos donos eram bem chatos e nunca se misturavam com o povoado, eles também viviam mais na capital do que no interior, mas sempre que via a fazenda do outro lado do rio, ela sabia que o lugar era enorme e bem cuido.

Ao sair do carro e subir as escada, a grande porta se abre, tem uma senhora uniformizada, ela tem um olhar severo.

— O senhor Montenegro espera no escritório — a senhora fala.

Izabelle apenas assente com a cabeça, caminhando em direção ao escritório, Izabelle percebe que as janelas da casa são todas cobertas por cortinas, deixando o ambiente com ar de mistério.

Ao chegar na frente do escritório, Izabelle da duas leves batidas na porta, uma voz grossa pede para que ela entre. Ao adentrar ela vê um homem de costa, ele usa um terno preto, ele é alto e tem o corpo definido e bem cuidado.

— Confesso que não estava esperando sua visita Izabelle — finalmente o homem fala.

O rapaz misterioso se vira e Izabelle paralisa por alguns segundos, ele tem olhos castanhos escuros, pele clara cabelos lisos arrumado em um belo topete, o terno cai muito bem em seu corpo, como ele é lindo pensou Izabelle.

— Desculpe aparecer sem avisar — Izabelle responde timidamente.

— Sente-se, temos muitas coisas para conversar.

Izabelle concorda e senta na cadeira, ela está um pouco nervosa.

— Eu me chamo Guillermo — finalmente o rapaz fala — sou eu quem irá se casar com você, é claro se você aceitar.

— Certo, primeiro eu gostaria de saber como funcionária esse casamento?

— Teremos um contrato, eu não a tocarei, você terá seu quarto e eu o meu, você me acompanhara nos eventos que eu precisar comparecer, você tera tudo que quiser, e o mais importante eu investiria na fazenda do seu pai e limparei o nome da sua família.

— Desculpa senhor — Izabelle fala com cautela — mas porque o senhor me escolheria? Já que o senhor se mudou a pouco tempo deve ter conhecido outras moças que possam se casar com o senhor.

Guillermo olha atentamente para moça a sua frente, seu rosto angelical e bem juvenil. Olhando bem para ela, ele percebe que Izabelle não é tão alta, ela parece uma adolescente.

— Nenhuma delas me interessou — Guillermo responde com indiferença.

— Caso eu aceite sua proposta, o que me garante que não vai me maltratar ou me trair?

— Tenho código de honra — Guillermo responde — eu sou homem e não moleque, você será minha esposa e será tratada como tal, só teremos contato físico caso você queira, não a forçarei a nada.

— Eu poderei continuar cuidando dos meus negócios?

— Claro, tendo em vista que sempre iremos para capital não acho que será problema.

— Eu aceito sua proposta, mas você vai me prometer que as terras do meu pai não serão vendidas, também vai garantir que ele volte faturar nas próximas colheitas.

Guillermo olha para ela boquiaberto, ele não achou que ele fosse aceitar sua proposta tão facilmente, Izabelle parece mais o tipo de garota que sonha com um romance.

— Por que está aceitando se casar comigo sem amor? — Guillermo pergunta ao ver o olhar distante dela.

— Não é como se alguém fosse me amar um dia — Izabelle responde — me casar com você será um alívio, porque mesmo com todos falando mal de mim sem nem me conhecer, você me escolheu, quem mais escolheriam uma pessoa como eu para se casar? Mesmo que não seja por amor, estou disposta ser sua esposa.

Izabelle se levanta estende a mão para um aperto, Guillermo estende de volta.

— Estou preparando um jantar para você e sua família hoje, ficarei feliz se vocês forem — Izabelle fala soltando sua mão.

— Estaremos lá.

— Até logo senhor Montenegro.

— Até breve senhorita, eu lhe acompanho até a porta.

Izabelle sai acompanhada de Guillermo em silêncio, agora que ela aceitou não tem como voltar atrás, hoje ela apenas oficializada a sua escolha.

Antes de voltar para fazenda Izabelle vai buscar algumas frutas e verduras frescas. Ao retorna para casa ela desce do carro, seu pai acaba chegando de cavalo.

— Onde esteve? — Bento pergunta.

Izabelle pega a cesta e vai até seu pai, ela olha para ele respondendo sua pergunta.

— Fui comprar verduras frescas, hoje termos convidados para o jantar!

— Teremos? Não me lembro de ter convidado ninguém Ize.

— Mas eu convidei — Izabelle responde — a família Montenegro vira jantar conosco, eu decidi aceita a proposta deles pai.

Bento olha surpreso para sua filha, Izabelle tinha o gene igual da Maitê, não deixava nada para depois.

— Filha por que aceitou? — Bento pergunta preocupado — não sabemos nada sobre essa família, você não precisa se casar sem gostar dele, se ele te maltrata ou sabe se lá o que ele pode fazer.

— Pai se acalme — Izabelle fala sorrindo — eu não vou me mudar, ficarei mais aqui do que na capital, esse jantar será para esclarecer algumas coisas.

— Filha...

— Pai e se nós apaixonarmos?

Bento vê o olhar da filha esperançosa, é pode ser que isso aconteça, já que ela iria se casar ele iria dar um jeito de negar o investimento dos Montenegro nas suas terras.

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