Henrique não viu propósito naquela pergunta, será que Elias estava querendo cobrar dele um comportamento exemplar. Como pai, ele teria esse direito? Já que ele era o companheiro, não tinha porque dar satisfação.
— Tratamos ela com carinho, meu lobo a amou muito e está choramingando dentro de mim, por quê?
— Podia ser o motivo dela ter fugido. Mas como não consigo sentir o cheiro dela do lado de fora, está difícil de saber o que aconteceu. Vou dar uma volta mais distante, próximo à fronteira.
— Você acha que alguém a levou?
— Quer saber, Henrique? Você está me saindo um belo bundão, como é que você tem uma companheira tão presente e largou-a sozinha, dormindo numa caverna depois de acasalar? Qual o macho que faz uma coisa dessas? Nós somos lobisomens, gostamos de manter seguras nossas fêmeas. Ahhhh, não vou ficar aqui, te ensinando o que você já deveria saber.
Henrique achou melhor ficar quieto, porque Elias não sabia que, na verdade, ele quase rejeitou Luana. Quem tomou Luana para si foi o seu lobo e isso não tinha como explicar. Achou melhor fazer o mesmo que Elias, foi procurar pelo rastro de sua companheira.
À medida que os dois andavam em direção à fronteira seguindo por caminhos que ela poderia ter ido, começaram a sentir cheiro de desgarrados. Desgarrados são lobos que não tem Alcateia, fogem das suas e vivem peregrinando pelo mundo ou são sobreviventes de alguma chacina.
Elias correu para encontrar Henrique e comunicou a ele o que havia encontrado e seguiram-no. Não chegaram a lugar nenhum, em determinado ponto, perderam o rastro.
Henrique desesperado, deixou o seu lobo sair e uivaram, correndo pelo território, uivando de lugar em lugar, à procura de Luana. O dia amanheceu e nada de Luana e o Alfa Túlio dava gargalhadas em sua casa, desejando mal para o seu filho. A Luna ficou entristecida e se trancou no quarto, não merecia ter um companheiro enlouquecido.
Qual o pai que sentia ciúme do próprio filho e desejava o seu mal? Ela se perguntava até onde ia a loucura de Túlio. Quando Henrique voltou para vasa e seu pai veio ao seu encontro, rindo e zombando dele, não resistiu e deu-lhe um soco, jogando-o contra a parede, fazendo-o desmaiar.
A Luna desceu correndo ao perceber a chegada do filho e viu a cena, chocada, mas não falou nada.
— Ele estava mesmo merecendo. O que aconteceu, meu filho.
— Eu a magoei, de novo, mãe e acho que ela fugiu?
— Ela quem, meu filho? Sua companheira?
— Luana, mãe, ela é a minha companheira. — Henrique falava quase chorando e sua mãe colocou as duas mãos, cobrindo a boca, pelo espanto.
Ela não queria pensar que seu filho magoou a sua própria companheira e não teve coragem de perguntar. Estava muito chocada com tudo que estava acontecendo, não esperava por isso. Pensava que quando seu filho crescesse, as coisas seriam diferentes. O Alfa se aposentaria, deixando o filho administrar o Alcateia e tudo ficaria em paz, mas não era o que estava acontecendo.
— Meu lobo marcou a loba dela, mãe e quando eu vi quem era, fiquei receoso e ele assumiu e marcou-a novamente, por mim. Mas eu, orgulhoso, saí para comemorar com os lobos da Alcateia e deixei-a sozinha, quando voltei, ela não estava mais lá.
A preocupação da Luna aumentou, pois não acreditava que Luana tivesse ido embora e largado o seu companheiro. Era mais provável que tivessem raptado ela ou a ocultado. Ela olhou para o Alfa que estava acordando, no chão e pensou que o culpado poderia até ser ele, já que estava tão feliz com a desgraça do filho.
Alfa Tulio foi se levantando e olhando para a desgraça do filho, riu de novo, mas não se aproximou. Um soco já era o suficiente para ele saber que o filho não era o fracote que ele imaginava, teria que tomar mais cuidado com ele.
— Você pensou que depois de a maltratar tanto, ela ainda ficaria com você?
— Não é isso que acontece com a minha mãe, você a maltrata desde que acasalaram e ela continua aqui. Você deveria ter vergonha de falar essas coisas.
Henrique subiu as escadas, correndo e foi para o seu quarto, não queria nem olhar para a cara de seu pai, de uns tempos para cá, cada coisa que ele falava lhe causava asco e a sua vontade era de lhe arrancar a cabeça.
Natália se uniu a Elias nas buscas, mas não encontraram mais nenhum rastro. Em determinado momento, Natália se agachou e chorou, seu choro era profundo e sofrido, parecia que estava perdendo seu bebê pela segunda vez. Ficou parado em um canto da floresta encostada em uma árvore, encolhida, chorando, chorando e chorando.
Elias a carregou para casa, pensando que a culpa era sua, por ter recolhido uma filhotinha, de um cenário de guerra, única sobrevivente de uma Alcateia, que ele ajudou a destruir. Era como uma revanche, uma retaliação de uma culpa por ter feito o que não deveria fazer.
Ninguém deve tirar a vida de ninguém, a vida não é sua para tirar, nem a própria pessoa que tem a vida, deveria ter o direito de tirá-la.
Os lobos da guarda retornaram das buscas e um fez um comentário diferente, todos prestaram atenção na narrativa:
— Eu corri até a fronteira entre a nossa terra e as terras onde ficavam a Alcateia dos cinzas, quando tentei passar, não consegui, havia uma barreira invisível e eu me chocava com ela cada vez que pulava, caindo para trás.
Elias havia levado Natalia para casa e ao voltar, encontrou os guardas, ouviu aquela história e entendeu. Era Luana que estava lá e aquele poder era das almas que saíram de dentro dela.
Agora, só lhes restava esperar. O que aconteceria dali para frente, talvez só o Alfa Henrique conseguisse resolver. Mas ainda tinha um outro problema, o ataque a outra Alcateia, que estava programado para o dia seguinte e eles não podiam fugir a isso, pois já ouviam as gargalhadas do Alfa, dentro da casa, se regozijando com a vitória que ainda nem teve.
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Atualizado até capítulo 70
Comments
Tânia Principe Dos Santos
Túlio tem k morrer e Henrique assumir a alcateia e pararem as mortes de alcateias inteiras
2025-01-25
2
ARMINDA
NATÁLIA É UMA BOA MÃE. ETA PREOCUPADA COM LUANA.
2024-07-23
11
Mellika Duarte
coitada da Luana nem aproveitou o seu companheiro
2024-07-11
2