Capítulo 17. Chegada

O som de muitos lobos chegou ao ouvido de Luana. Ela e seu pai saíram à varanda para ver e havia um grupo de pelo menos 20 lobos entrando pela alcateia e seguindo até onde ela estava.

Eles voltaram à forma humana e receberam roupas para vestir dos servos que já estavam esperando. O líder daquele grupo, era um macho alto forte bronzeado com os cabelos caindo até os ombros, picotado e Luana o achou muito bonito. Seus olhos azuis translúcidos pousaram em Luana e se agradaram dela.

— Sou Lucas, líder desse bando. Foi sua loba quem nos chamou?

Luana observou um por um e percebeu que Lucas não era um Alfa, mas se comportava como um. Tinha uma postura arrogante e não veio com humildade, e sim para tentar conquistar a Alfa e dominar a Alcateia.

Elias notou a mesma coisa que Luana e ficou receoso, virando-se para ela para comentar. Porém, ela fez um gesto para que ele esperasse e falou com o macho:

— Eu sou a Alfa desta Alcateia, a única sobrevivente da chacina que dizimou todos. Chamei-os como remanescentes dos cinzas, para restaurarmos a Alcateia de antes, com seu poderio e glória. Somos pacíficos, mas se precisarmos lutar, quero que todos estejam prontos. Não aceitarei insubordinação e já tenho um companheiro.

Não era o que Lucas queria ouvir, seus planos eram bem diferentes, havia liderado aquele bando por vários anos e treinou-os para batalhar. Porém, não tinham um território e nem paz, já que eram perseguidos por serem desgarrados. Sua oportunidade ali era a única, mas pelo jeito, já tinha perdido.

— Se você tem um companheiro, onde ele está?

Luana sentiu que a barreira se abria novamente e o aroma de seu companheiro penetrou em suas narinas, avisando que ele chegou.

— Eu sou o companheiro dela, algum problema?

Henrique chegou, chegando, também estava nu e recebeu uma calça para vestir. Seu porte era bem maior do que o de Lucas, dado que era um Alfa. Forte e destemido, seus cabelos negros, um pouco mais compridos que os de Lucas.

Seus olhos azuis profundos, fitaram Luana diretamente e cobraram dela uma posição. Ele não ouviu quando ela disse que já tinha um companheiro, só ouviu a pergunta do intruso, que ele não sabia quem era.

— Este é o meu companheiro, Alfa Henrique, da Alcateia Black. 

Ela estendeu o seu braço e mostrou a tatuagem do acasalamento para Lucas, que abaixou a cabeça e se colocou em sua posição de submissão.

— Posso servi-la, então, como Beta?

— Dependerá de como tudo ocorrerá durante esta semana. Quero ver como serão suas atitudes e se precisarei instruí-los em alguma coisa. Por enquanto, seu bando é bem-vindo e podem construir suas próprias casas e se adaptarem ao local. 

Ele falou mentalmente com seu bando e todos se ajoelharam e fizeram o juramento diante de sua nova Alfa. Depois se dispersaram com a autorização dela e foram conhecer o terreno. Estranharam, muito, todos os que estavam ali, pois pareciam mais zumbis do que lobisomens.

Só então, Henrique se aproximou dela e olhou profundamente. Cobrava ainda uma posição.

— Você está me irritando profundamente, vamos entrar, não preciso de atitudes contrárias diante da nova Alcateia.

Elias falou mentalmente com Henrique e pediu a ele que tivesse calma, muitas coisas ele não sabia e precisava ser informado. Luana era uma Alfa, líder de uma Alcateia e ele não podia fazer nada quanto a isso.

Henrique, por sua vez, lembrou que ele mesmo treinou Luana e se tivesse que haver um embate, seria um pário duro. Mas não era isso que queria, ela era sua companheira, querendo ou não, matá-la não era uma opção ou mataria a si mesmo.

Entraram e Luana foi na frente, seguida por Henrique, que aproveitou para a observar, sem que ela percebesse. Notou que estava bem diferente, seu corpo esguio e postura alinhada, faziam com que ela tivesse um porte de rainha. As curvas em seus lugares certos, com uma cintura fina, mostravam que não era mais uma menina e se tornou uma linda fêmea. 

Elias foi atrás e sentaram-se na sala que os servos haviam arrumado. Pelo aroma agradável, o jantar estava sendo preparado e era carne de caça.

— Então, Henrique, o que veio fazer aqui? — perguntou Luana, querendo testar o companheiro.

— Como assim? Você é minha companheira, sumiu em pleno acasalamento, o que queria que eu fizesse?

— Em primeiro lugar, eu não sumi durante o acasalamento, quem sumiu foi você. Que eu saiba, você me abandonou sozinha, ou saberia o que tinha acontecido. Em segundo lugar, você não me parece tão satisfeito por eu ser sua companheira, então, o que busca?

— Quero que volte comigo para a Alcateia Black.

— A Alcateia Black não é o meu lugar, eu pertenço a Alcateia Gray.

A expressão de Henrique mostrava que ele não estava entendendo nada, então Elias assumiu e contou a ele a verdadeira história, deixando o Alfa atormentado.

— Então, era por isso que eu ficava tão atordoado perto dela. Depois que me transformei, meu lobo sentiu algo estranho nela. Ela é nossa inimiga!

— Errado, Alfa tolo. Vocês são meus inimigos. Foi seu pai quem veio destruir a Alcateia dos meus e se eu não tivesse sido salva por Elias, não existiria mais lobo cinza ou melhor, só o bando dos desgarrados.

— Eu, realmente, estou meio perdido em tudo isso. O que você pretende fazer?

— O que VOCÊ, pretende fazer? Vai ficar ao lado do seu pai e continuar essa matança indefinida, ou pretende ficar ao meu lado e ao lado daqueles que ele quer destruir?

Luana colocou ele contra a parede, Henrique não tinha dúvidas de que lado estava, na verdade, estava do seu próprio lado. Não queria mais matanças, percebeu que não tinha nenhuma utilidade específica, toda aquela guerra e que seu pai devia ter algum motivo oculto que não era a discriminação.

— Você não sabe, Luana, mas eu tenho tentado proteger todos aqueles que meu pai quer matar. Agora ele está se preparando para ir, amanhã, atacar os malhados.

— E o que você vai fazer, vai ajudar o seu pai?

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