Elias voltou a sua forma humana e entrou na caverna, aproveitando as sombras até que chegou em um quarto e viu um grupo de crianças amontoadas todas juntas dormindo cercado por uma camada de pedras que pareciam aquecidas.
Examinou ao redor, quando outros olhos verdes, fritando e com uma flecha encaixada em um arco, apontada para o seu coração.
— Oi, não vou te fazer mal. Mas se eu consegui seguir a trilha de carcaças que vocês deixaram no caminho, outros também vão conseguir. Precisam dar um jeito nisso.
— Quem é você?
— Meu nome é Elias, sou da Alcateia Black e estou fazendo a patrulha dessa região.
A ira dela pareceu se acender e estava prestes a atirar a flecha.
— Vocês são os responsáveis por estes filhotes estarem sem pai e sem mãe. Vocês acabaram com a nossa Alcateia. Merecem morrer.
Nesse momento, entraram Henrique e Dimas. Henrique então tomou a frente, vendo a mulher agachada com o arco e flecha e espantada ao vê-los, falou rapidamente:
— Você está certa, mas se não deixar que os ajudemos, perecerão da mesma forma.
— Mais dois? E vocês, quem são?
— Sou Henrique e esse é meu tio Dimas. Seguimos as carcaças que deixaram pelo caminho, precisamos dar um jeito nisto o mais rápido possível. Acorde-os, agora.
Ela se assustou mais ainda e a flecha disparou, por sorte, eles conseguiram se desviar e Henrique rapidamente chegou nela e segurou-a, arrancando o arco e flecha de suas mãos.
— Calma, vamos ajudá-los. — disse Dimas, com seu tom de voz suave, percebendo um aroma especial na fêmea.
A fêmea se aquietou, vendo que não tinha chance contra do três machos fortes. Viu que os filhotes estavam começando a acordar e se preocupou com eles.
— Como conseguiu salvar tantos? — perguntou Henrique.
— Eu sou a professora deles, meu nome é Denise. Havíamos saído para fazer uma aula de sobrevivência na floresta, quando a Alcateia foi atacada e eu os escondi.
— Parece que sobreviveram bem, já fazem alguns anos que vocês vivem aqui e só agora nós notamos.
— Eu sempre dei um jeito nas carcaças, conseguia limpar tudo e é por isso que temos aqui, tantas peles. Porém, sempre temos no bando, um que não se enquadra e acaba fazendo tolices, como aconteceu agora.
As crianças acordaram e se assustaram ao ver os três machos. Correram para se agarrar nas pernas da professora.
— Eu tenho uma solução para vocês ficarem protegidos, levarei-os para a Alcateia de meu pai. — disse Dimas.
Denise, sentindo-o tão próximo, também percebeu seu aroma especial e os dois trocaram um olhar que dizia tudo: são companheiros.
— Pode confiar em mim, companheira?
Ela deu um sorriso tímido e acenou que sim com a cabeça.
— Aconteceu do jeito que você falou, se meu pai tivesse conseguido matar todos eles, você nunca encontraria sua companheira. — disse Henrique.
Dimas olhou para Henrique, vendo que ali estava um macho adulto, não mais a criança inconsequente. Ele aprendeu direitinho, tudo o que ensinou e agora estava na hora dele voltar para sua Alcateia e formar sua família, deixando o pequeno Alfa para controlar o que viesse pela frente.
— Eu vou recolher e queimar as carcaças. Filhotes, vocês irão me ajudar, venham. — disse Elias e os filhotes olharam para a professora, pedindo autorização.
Denise gostou de ter alguém mais para ajudá-la no controle dos filhotes e permitiu que eles fossem, para conversar com Henrique e Dimas, para resolverem como será a saída deles dali.
Uma fogueira foi feita e as carcaças jogadas nela, a fumaça foi percebida ao longe e alguns guardas se comunicaram com Elias, sabendo que era ele o responsável pela área. Elias imediatamente, em sua conexão mental, disse que encontraram algumas carcaças soltas e por isso estavam queimando.
Henrique, que participava da conexão coletiva da alcateia, escutou e disse que estava ali ajudando.
Os guardas, então, ficaram tranquilos e não foram atrás para ver o que acontecia. Enquanto isto, Dimas voltou ao casarão, preparou suas malas e saiu em um furgão. Elias ficou cuidando do fogo e Henrique levou o grupo para o ponto de encontro, na estrada, com Dimas.
Quando o furgão chegou, as crianças ficaram animadas, entraram todas na parte traseira e Denise na parte da frente. Era um grupo de 12 crianças e apesar do espaço ser restrito, por serem magros, couberam todos.
Tio e sobrinho se despediram, prometendo se encontrar em breve e Henrique pediu que ele enviasse notícias, pois queria saber como todos seriam recebidos na Alcateia de seu avô.
Saíram e Henrique foi ter com Elias, para terminar de apagar os rastros e seguirem juntos para o término de sua guarda na fronteira.
Elias aproveitou o momento para cobrar Henrique sobre seu comportamento com Luana.
— O que foi aquilo, Henrique?
— Foi o meu lobo, ele sentiu algo nela e queria que saísse. — disse ele, a mesma coisa que tinha dito para seu tio Dimas.
— Eu não te entendo, viu, Henrique! Depois de ver o que você fez com Luana durante todos esses anos, ver você tratando aquelas crianças vermelhas tão bem, me causa espanto e estranheza. Por que você é tão violento com Luana?
— Nem eu sei, mas agora que tenho o meu lobo, tenho uma intuição. É como se Luana tivesse algo ruim dentro dela, que precisa sair, para que ela possa viver em paz. Eu não desgosto dela, quero protegê-la, quero cuidar dela, mas isto que está dentro dela, me afasta, me repele.
O pensamento que passou na cabeça de Elias, não tinha coragem de externar. Poderiam ser, Luana e Henrique, companheiros? Se assim fosse, a coisa ficaria feia, já que, se ela não amasse seu companheiro, atacaria e mataria.
Não duvidava de que ela teria condições para isso, pois a partir do momento que a barreira fosse quebrada, toda aquela luz azul sairia e queimaria quem estivesse à sua volta. Seria algo muito destrutivo e poderia acabar com a alcateia. Talvez fosse melhor levar Luana para longe, assim, quando ela se transformasse, não estaria próximo deles.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 70
Comments
Tânia Principe Dos Santos
seja o que Deus quiser
2025-01-25
2
Maria Helena Macedo e Silva
se preocupa não Elias a Luana ti poupará por ter a salvo .
2024-11-03
1
Valdenice José .
ela tem que. a acabar com a alcatéia de Henrique mesmo. foi eles que destruiu a dela. . e nada justifica o mau que ele a fez passa
2024-09-17
6