Capítulo 7. Fatos

A medida que Elias caminhava pela floresta, lembrava do fatídico dia em que pegou aquela criança no meio das chamas e trouxe para casa ponto não podia contar a ninguém quem era e também não compreendiam o que acontecia com ela toda aquela força negativa, podia realmente causar um caos, mas pior seria se houvesse um falatório, pois causaria uma comoção e possível morte da pequena antes mesmo que soubessem o que é.

Era uma criança tão inocente quando ele a pegou, tinha acabado de nascer e era filhote de lobos. Sempre se preocupou em quando ela se transformasse, pois poderia ser um lobo cinza e todos saberiam que ela não era dali. 

Mas agora, a situação ficou pior, pois ela tinha algo em si muito especial, como disse o Alfa Túlio quando a reconheceu e não parecia ser bom. Encontrou-a na beira do rio e sentou ao seu lado para conversar.

— Oi, você está bem?

— Oi, pai. Vocêe viu?

— Sim, querida. Vem cá.

Luana se jogou nos braços do pai. Havia se acalmado olhando o fluxo das águas no rio.

— Por quê eu sou assim, pai?

— Só a deusa pode dizer, eu não sei. Talvez, um dia, você vá fazer grandes feitos.

— Acho que sou doente, pai. — disse ela, iniciando um choro lento.

— Por quê você acha isso?

— Ouço vozes ma minha cabeça…

— Todos nós, lobisomens, ouvimos. É o nossa parte lobo.

— Não, não  é a minha lona, ela está dormindo, são outros,muitos outros e eles gritam: Vingança, vingança, o tempo todo.

— O tempo todo?

— Sim e eu não contei para o Rique, mas quando foco com raiva, são eles que querem sair e matar.

Elias ficou estarrecido em saber de tal coisa. Nunca poderia imaginar algo assim, quando salvou aquela bela criança. Ela parecia carregar em si, a alma de sua Alcateia morta. O que acontecerá, caso ela descubra o que aconteceu com eles?

— O que você faz para parar de ouvi-los?

— Mando calar a boca, mas a raiva deles, fica dentro de mim.

— Mas você fica tão tranquila, nunca deixa transparecer…

— Só o idiota do Rique, consegue fazer eu perder o controle.

— Ele te perturba muito, não é?

— Sim, mas não ligo, só quando me envergonha na frente dos outros. Sabe, pai, eu sinto quando as pessoas são más, mas o Rique não é, não entendo porque ele fez aquelas coisas comigo.

— Você parece tão madura para sia idade. O Tique quer tirar isso de dentro de você, mas acho que não deve, é perigoso. Vou procurar o sabio e a feiticeira, para ver se sabem de alguma coisa. Por enquanto, não se aproxime do pequeno Alfa.

— Obrigada, papai.

— Minha doce Luana, foi a deusa quem me deu você e foi a melhor coisa que aconteceu para mim e sua mãe. Vou sempre te defender. Vamos para casa.

Eles se levantaram e de mãos dadas foram para casa, onde Natália os espetava com o café na mesa.

Henrique havia seguido Elias e ouviu a conversa, com sua audição lupina e ficou tão impressionado quanto Elias. Também queria saber o que acontecia com a menina. Por quê parecia haver tantos lobos dentro dela?

Correu para casa, para chegar na hora do café, ainda era cedo, pois o treino foi bem rápido. Chegou e sentou-se à mesa, com seus pais e tio.

— Bom dia.

— Estava treinando, filho?

— Sim.

— Por quê sinto o cheiro de Luana, em você? — perguntou sua mãe, preocupada.

Ele olhou sério para sua mãe, decidindo se contava ou não, que a estava treinando.

— Estava treinando ela.

— Como assim? Você não a machucou, não é?

— Ela que quase me machucou. Treino ela há muito tempo e ela consegue se defender muito bem sozinha.

— Como assim? Você sempre a atacou…

— Pai, você mesmo disse que ela é especial, eu só faço despertar isso nela.

Dimas olhou para o sobrinho, pedindo com o olhar, que ele se aquietasse, para seu pai não desconfiar.

— Bem, parece que eu tinha razão, já que você consegue treinar ela. — disse o Alfa.

— Não a machuque mais, Henry. — pediu a mãe.

— Tudo bem, mãe. — terminou de comer e foi com o tio pata a biblioteca.

Ao chegarem lá, foram para um canto entre as prateleiras, para conversarem sem ninguém ouvir. A biblioteca era bem grande e eles sempre se isolavam para conversar.

— O que te incomoda naquela lobinha, filho.

— Ela tem algo ruim dentro dela e não falo de seus sentimentos, falo de algo que mora nela.

— Você diz como nossos lobos?

— Não exatamente, parecem muitos espíritos, mas não podem se transformar. Já ouviu falar de algo assim?

— Não,mas sei que existem muitos feitiços de possessão. Só não entendo como isso poderia acontecer com uma filhote nascida e crescida com tanta proteção.

— Ouvi Elias dizer que procuraria informações, inclusive com a feiticeira.

— Sinal de que nem ele entende. Fique atento e quando ele souber, questione-o. Agora vamos a aula de hoje: laço de companheiros.

— Ainda vou fazer 15 anos, tio. Não acha cedo para isso.

— Daqui a um pouco mais de um ano, você deixará seu lobo sair e você sentirá as necessidades e sentimentos dele, então saberá o quão importante é uma companheira.

Dimas pegou alguns livros e começou a explicar para seu sobrinho:

“ As fêmeas têm a estrutura mais delicada do que os machos, porém, também são muito fortes. Elas são as responsáveis por gerar nossa descendência e manter a Alcateia em harmonia. 

Um lobisomem encontra sua companheira destinada, pelo odor que ela exala, da mesma forma, acontece com ela. Existe o laço criado pela deusa, que indica o melhor par para cada um e também a combinação dos feromônios, por isso o cheiro. 

Esse laço é soberano na vida de um lobisomem e não deve ser quebrado. Caso aconteça, a dor é muito forte e os dois irão definhar até morrer, podem durar alguns anos, mas não sentirão prazer ou terão filhotes com outro parceiro. “

— Mas como podemos encontrá-los? Tem muitos lobos solitários na Alcateia.

— Sim e por isso, não gosto da matança que seu pai faz, pode estar matando a descendência de lobos que não encontraram suas companheiras, por que foram mortas.

— É um caso a se pensar…

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