Luana estava em um lugar desconhecido, em seus sonhos. Depois que foi deixada dormindo na caverna, algo dentro dela, como uma porta, se abriu e a luz azul saiu. Envolveu toda a caverna e arredores e não era uma luz, simplesmente, eram as almas dos lobos, mortos pelo ataque do Alfa Túlio, que não liberou-as para subir e permaneceram na terra.
Quando um lobisomem morre, seu corpo físico volta ao pó, mas seu lobo sobe para seu criador. Quando não ocorre a cerimônia certa de desenlace, ele fica preso à terra e ela definha.
Por isso a xamã fez o feitiço que enviou todas as almas para a filhote, que era a única sobrevivente naquele momento. Eram as almas de toda a Alcateia dos Cinzas e somavam uma legião de cem. Eles teriam que combater o mal que se insurgiu na terra, combatendo o Alfa Túlio e seus quatro pelotões treinados, que eram de 200 guerreiros.
Só depois de restaurarem a terra, a própria Luana os libertaria para irem para sua morada no céu.
As almas levaram Luana, flutuando, ainda desacordada, para o antigo local de sua verdadeira Alcateia. Envolveram o local com magia, reconstruindo a antiga aldeia do pó e das cinzas. Entraram com ela onde era a antiga casa do Alfa e deitaram-na na cama do quarto principal.
Depois, formaram uma barreira de energia, protegendo o lugar de qualquer intruso que quisesse entrar. A xamã passou horas recitando um mantra, trazendo do pó da terra, os corpos dos guerreiros, que receberam suas almas de volta, parecendo vivos novamente, mas era temporário.
A xamã ficou tão esgotada com tudo o que precisou fazer, que voltou para sua cabana e se ocultou por lá, deitando e hibernando, para se recuperar.
Os ressuscitados, cuidaram da Alcateia e fizeram-na funcionar como antigamente. Prepararam tudo para quando a Alfa acordasse, iniciasse todo o trabalho para retomada de sua terra e os vingasse de seus algozes.
Amanheceu, o sol já estava na metade da manhã e Elias corria, atravessando a floresta até chegar à terra da Alcateia dos Cinzas. Quando chegou à fronteira, parou e estendeu a mão, sentindo a barreira e então, pediu com educação:
— Olá! Meu nome é Elias e fui eu que salvei a Alfa de vocês e estou aqui humildemente, pedindo para entrar e poder conversar com ela. Ela precisa que alguém lhe explique tudo que está acontecendo e estou aqui para isso, para ajudar.
Uma voz cavernosa e irreal, se fez ouvir:
— Conhecemos você, Elias, sabemos que foi o pai da nossa Alfa e cuidou dela muito bem. Somos-lhe muito gratos e esperamos sua fidelidade. Entre e auxilie nossa Alfa.
Elias notou, quando uma fresta se abriu na energia, era perfeitamente visível, como se tivessem erguido dois lados do tecido de uma tenda. Ele passou e logo a barreira se fechou atrás dele. Olhou tudo, surpreso, por ver a Alcateia toda restaurada novamente. Será que aquilo tudo era real ou seria apenas uma miragem?
Seguiu andando, até ser indicado por um macho que estendeu a mão, para que ele fosse à casa do Alfa. A porta estava aberta e haviam servos dentro da casa limpando-a. Subiu as escadas e foi direto ao quarto do Alfa, indicado por uma fêmea.
Abriu a porta e viu que Luana ainda estava deitada e dormia agitada. Foi até ela, abaixou-se ao lado da cama e acariciando seus cabelos, chamou-a baixinho, como fazia em casa.
— Filha, filha, acorda…
Ela se mexeu, pois enquanto dormia, sonhava com a Alcateia, seus pais verdadeiros e tudo que aconteceu. Soltou um grito e acordou, vendo Elias ao seu lado.
— Você me salvou! Papai, foi tudo tão horrivel! Eu teria morrido se você não tivesse me levado.
— Como você sabe disso?
— Eu vi em meus sonhos. É verdade, não é?
— Sim, querida, a descriminação do Alfa Túlio, provocou toda essa desgraça e destruição.
— Agora eu entendo, todos aqueles preparativos para a guerra contra o inimigo, era apenas para destruir aqueles que ele desprezava.
— Sim, querida. Mas que tal você levantar e se arrumar, precisa comer.
Só então, Luana olhou à sua volta e viu que estava em um quarto estranho. Lembrou o que havia acontecido no dia anterior, que se transfou e encontrou o seu companheiro.
— Onde estou, papai? Esta não é a casa do Rique.
— Não, querida, não é. Você está na antiga Aldeia dos cinzas, sua verdadeira casa.
Ela queria saber mais sobre esta história, mas seu pai apontou para o banheiro e ela, levantou-se, rapidamente, percebendo que ainda estava nua, cobriu-se com o lençol, correu para fazer sua higiene e vestir-se.
Ao sair do banheiro, percebeu que estava em um closet e haviam diversas vestimentas e calçados para ela. Vestiu-se, penteou os cabelos e olhando-se no espelho de corpo inteiro, viu que estava bem diferente. Não era mais uma menina, era uma mulher e seus cabelos estavam mais compridos e eram loiros, quase brancos.
— Estou tão diferente.
— “ É porque agora somos nós, querida.”
— Ah?
— “ Sou Lua, sua loba. “
— É muito bom falar com você Lua, nunca mais ficarei sozinha.
— “ É, mas olhe o seu ombro e o seu braço.”
Luana olhou o seu ombro e viu que havia a marca da mordida do Alfa e em seu braço, a tatuagem de dois lobos entrelaçados, um branco e um preto.
— Estamos acasaladas, Lua!
— “ Sim e não podemos ficar muito distantes de nosso companheiro.”
— Não posso fazer nada quanto a isso, foi ele que se afastou de mim.
— “ A história não é bem essa, acho melhor você descer e ouvir seu pai contar o que aconteceu. “
Luana aceitou a sugestão e desceu, pois em sua mente, o pensamento que vinha era: se seu pai estava aqui, porque o Alfa não estava?
Desceu e viu que haviam servos na casa e todos eles pararam, um ao lado do outro, para a cumprimentar.
— Seja bem vinda, Alfa Luana, somos teus servos e prometemos te servir e proteger.
Luana franziu a testa com aquele comprimento, e vendo seu pai, agradeceu a todos e seguiu até ele para tentar entender o que estava acontecendo.
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Atualizado até capítulo 70
Comments
Maria Helena Macedo e Silva
até meus quatro anos tinha cabelos brancos, meu avô me chamava de "minha princesa velhinha" fui crescendo e como morei em diversos Estados o cabelo foi escurecendo de acordo com a água local. hoje aos 55 anos ele estar loiro escuro quase castanho opaco.
2024-11-03
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Tânia Principe Dos Santos
k tudo corra bem e se resolva
2025-01-25
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Tânia Principe Dos Santos
Túlio é um narcisista e egoísta. Não pensa que dizimando as alcateias quebra vários laços de companheiros. se Luara tivesse sido morta, Henrique não teria companheira e o mesmo acontecia com a alcateia vermelha pois Dimas ficaria sem a sua. Túlio tem que morrer e Henrique deve governar, respeitando todas as alcateias
2025-01-25
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