As lágrimas caiam abundante, eram produzidas pela grande tristeza que em alguns momentos, acometia Luana. Ela não sabia de onde vinha, mas doía no seu âmago e ela se escondia para ninguém ver. Gemidos invadiam sua mente e ela tampou os ouvidos com as mãos, como se pudesse, com esse gesto, deixar de escutar.
Tinha uma multidão dentro de si, apesar de ainda ser tão pequena, mas estava sozinha. Por quê?
Depois de desabafar mágoas que não eram suas, saiu da caverna que descobriu existir perto da cachoeira e seguiu andando, se encontrando com seu pai.
— Oi, papai.
— Te procurei em todo canto, Luana!
— Desculpe, papai.
— Eu entendo, filha. Monte em mim, vamos a um lugar.
Elias sabia ou pensava que sabia, porque sua filha estava escondida. Henrique era muito persistente e vivia estar à procura dela, não pararia enquanto não descobrisse o que tinha dentro de Luana que a fazia irradiar aquela luz azul.
Ele queria, realmente, descobrir o que tinha de especial nela e por isso se transformou em seu lobo, ela subiu nele e eles correram pela floresta em direção à casa da bruxa. Depois de duas horas, chegaram a uma Choupana no meio da floresta de outro território e uma velha, carcomida pelo tempo, estava parada à porta, esperando, com um sobretudo na mão.
Luana desceu e Elias voltou a forma humana, vestindo o sobretudo que pegou da velha.
— Sejam bem-vindos, como vai nossa pequena Luana?
Elias achou estranho aquela recepção, mas antes que perguntasse, Luana Se adiantou:
— A senhora me conhece?
— Não, minha pequena, mas conheço todos os que estão em você.
Elias e Luana ouviram o que a velha falou e ficaram preocupados, Como assim, todos os que moram em Luana?
— Entrem, venham, devem estar com fome.
Ela abriu a porta e os dois passaram, ficando mais surpresos ainda com o que viam. Da porta para dentro, o ambiente era completamente diferente, era uma casa luxuosa, apesar de pequena, toda mobiliada finamente e elegante. Uma mesa estava posta no centro da sala, com diversos tipos de iguarias deliciosas, que encantaram o olhar de Luana e salivaram sua boca.
A velha fechou a porta e Elias olhou para ela, no intuito de perguntar, o que era tudo aquilo e não encontrou mais a velha, em seu lugar, estava uma linda mulher de longos cabelos prateados e vestes limpas e brancas.
— Uau! Quem é você?
— Sou a xamã Mira, da alcateia dos Green, dizimada pelo seu Alfa Túlio. Acompanhei você desde que pegou a nossa pequena Luana, ela tem um papel muito importante na vida e espero que você não atrapalhe, ou terei que sumir com você.
— Eu sei o que fiz, mas se não fizesse, Luana teria morrido. Agora, ela corre risco, pois anda emanando de seu interior, uma luz azul que queima e o filho do Alfa está muito interessado em descobrir o que é e a tem maltratado muito, por isso.
— Eu senti, por isso, sabia que viriam. Será necessário fazer uma contenção, não é hora ainda deles se manifestarem, virá o tempo em que todos saberão o que aconteceu e um povo novo surgirá, trazendo paz a todas as Alcateias restantes.
— Por amor a Luana, eu manterei isso em segredo, mas é melhor que você não fale mais nada, não quero que ela saiba. Faça o que tiver que fazer, para minha filha não sofrer mais.
— Está bem, mas quando estiver madura e sua loba sair, saiba que ela virá e começará a grande batalha.
— Não tem como evitar isto?
— Talvez, caso ela encontre o companheiro e o amor dela por ele, for maior do que o amor dela pelas almas de sua verdadeira Alcateia,que morreram, pode ser que ela opte por ele e não cumpra sua sina.
— Estou cansado de escutar essa história macabra, faça logo o que tenho que fazer para que eu possa levá-la para casa e minha esposa não fique preocupada.
Eles estavam falando baixinho, perto da porta, enquanto Luana andava pelo local e por mais que o local parecesse aconchegante e não fosse tão grande, ela andava, andava e andava e se distanciava, sem ouvir o que eles diziam.
Assim, a xamã fez o que tinha que fazer, selando as almas que moravam dentro do corpo da pequena Luana, colocando um termo em seu aniversário de 16 anos. Quando isto acontecesse, elas sairão e reivindicarão o que era seu, só assim, vingados e poderão partir daquela terra.
Luana fez tudo o que a xamã mandou, mesmo não sabendo do que se tratava, achou que poderia melhorar sua vida, sem aquele pequeno Alfa tratando como ninguém ou como saco de pancada. Quando terminou, ela sentiu que aquele peso de tantas vozes em sua cabeça, havia sumido e estava se sentindo leve, desejosa de aprender.
— Você está bem, filha?
— Sim, me sinto ótima, na verdade, acho que nunca me senti tão bem.
— Então vamos para casa, tentar chegar antes da hora do jantar. Sua mãe deve estar preocupada.
— Pai, quando voltarmos, será que eu poderia ter aulas com o tio do Rique, Dimas parece ser um bom professor e eu gostaria de aprender mais?
— Falarei com ele, talvez escolheremos um horário diferente, em que Henrique não interfira e você poderá ter suas aulas, sim. Sobre o que você quer aprender?
— Sobre as Alcateias.
— Está bem — ele se transformou e ela subiu sobre corpo peludo, segurou firme e ele correu e correu e correu e chegaram em casa antes do jantar, como ele previu, levando um segredo que guardaria a sete chaves, dentro de si.
*
Logo chegou a festa da Lua Cheia, no aniversário de Henrique. Ele estava ansioso, mas seu lobo estava mais e arranhava por dentro dele, querendo sair.
Havia uma sensação estranha no ar, uma espectativa que ninguém sabia o que era, até que o som dos ossos de Henrique se quebrando, foi ouvido e seu imenso e terrivel lobo Alfa saiu. Todos o admiraram e mais ainda, quando se transformou em lobisomem e a primeira coisa que fez foi correr até a fêmea escondida e ergue-la pelo pescoço
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Atualizado até capítulo 70
Comments
Tânia Principe Dos Santos
que tudo corra bem
2025-01-25
1
Rosangela Tadaisky
de fato!!
2024-08-12
4
Star
Pelo Amor de Deus ...alguém poderia pfvr fazer alguma coisa ...pensa num menino chato não é possível
2024-08-01
7