15 - Amigos são para Essas Coisas

Vou te falar a verdade, estou puta da vida.

O que está escrito na notícia é um monte de mentiras e bobagens. É simplesmente Alan dizendo que eu era manipuladora e abusiva com ele. Que eu não deixei ele trabalhar e crescer profissionalmente, que sempre que ele me dizia que desejava se especializar, eu fazia chantagem emocional e ainda batia nele.

Eu nunca bati naquele desgraçado, mas agora começo a pensar que ele merece uma surra! Ai que vontade de arranhar aquela cara de pau dele todinha.

E tem mais, ele diz que eu enlouqueci depois que ele pediu o divórcio, pois se apaixonou pela minha irmã e queria se casar com ela, pois ela era doce e carinhosa com ele, que ela era o verdadeiro amor da sua vida.

“Desgraçado! Teve coragem de falar um monte de merda sobre mim, mas não teve de dizer que minha irmã está grávida, não é? Covarde!”

Tinha um monte de merda escrita, mas a coisa que me deixou possessa é eles dizerem que fiquei louca! Eu não estou maluca, são eles que enlouqueceram.

“Ah, isso vai ter volta! Não sei como, mas não vai ficar assim!”

Por fim, o idiota disse que está reformulando a empresa, que as minhas políticas velhas e ultrapassadas serão mudadas, que a equipe será trocada e em breve, a empresa oferecerá preços melhores, pois eu, Daphne, pensava somente nos lucros, mas ele, Alan, pensa mais em oferecer preços acessíveis aos consumidores.

“Idiota! Ele não entende nada de manter um negócio sustentável. Grrr… daqui a pouco essa empresa estará falida!”

Claro que com essa fala, a matéria termina dizendo que Alan conseguiu acalmar os investidores e se tornou muito popular entre os consumidores, pois todos estão aguardando a grande queda nos preços que ele prometeu.

Por fim, diz que a “Global Financial”, ainda não manisfestou se pretende voltar a investir na empresa, mas que Alan está muito otimista que conseguirá recuperar a parceria.

Fiquei com muita raiva, além de tudo que me fizeram, me difamaram para todos!

Eu sei que precisavam dar uma justificativa aos parceiros de negócios para não perdê-los, mas inventar todas aquelas mentiras, foi golpe baixo.

Imediatamente escrevo um e-mail para o site de notícias, eles não podem ter a irresponsabilidade de publicar notícias falsas. Pelo menos tem que me dar a chance de dizer a minha versão dos fatos.

Assim que envio o e-mail, imediatamente recebo uma resposta de que não estão interessados no momento em marcar uma entrevista comigo.

Que raiva! É óbvio que o Alan pagou eles para não me deixarem dizer a verdade.

Passei o dia todo com raiva, no dia seguinte, mais calma, resolvi ir ao mercado aqui da rua para comprar algumas coisas. Percebi que as pessoas estavam me reconhecendo, apontando para mim e cochichando.

Isso fez a minha raiva voltar.

Comprei um monte de salgadinhos e sorvete, vesti um pijama e fiquei assistindo TV o dia todo. Minha vida está uma merda.

Meu celular vibra, limpo o canto da minha boca e olho a identificação.

Era uma mensagem de um número novo.

Abri e estava escrito:

“Oi Daphne, olha o que eu fiz?”

Em baixo tinha uma foto de um copo cheio de um líquido verde.

“Agora, toda vez que faço esse suco me lembro de você. Com certeza essa lembrança faz a bebida ficar mais gostosa.”

Fico paralisada por alguns instantes, com certeza essa mensagem era do Theo… Aquele era o suco saudável, integral e sem açúcar dele. Nada a ver comigo, não é? Aperto a gordurinha localizada da minha barriga, desanimada.

Resolvo ignorar o Theo, mas acabo jogando fora o sorvete e os salgadinhos que sobraram. Eu sou o suco saudável dele, não posso ficar comendo essas coisas.

“Daphne! Daphne!”, Caroline aparece do nada e me abraça. Acho que estava tão chateada que não ouvi a porta se abrir. “Larguei tudo em Malibu e vim correndo depois que vi o que o Alan disse. Como assim eles te tiraram da empresa?”

Solto o ar, desanimada e digo, “Pois é, eles me tiraram, colocaram o Alan no meu lugar e ainda inventaram um monte de mentiras sobre mim. Minha carreira está acabada!”

“Ah, não fica assim, Daphne! Pense pelo lado bom, longe da empresa agora poderá se divertir como as pessoas normais fazem.”

“Me divertir? Me divertir fazendo o quê? Tá tudo uma droga, Carol, eu saio nas rua e as pessoas ficam me apontando, me chamando de maluca.”

“E você lá se importa com o que as pessoas pensam? Vai lá, chama o bonitão do Marco pra sair. Dá pra ele a noite toda que essa depressão passa.”

“Não posso…”

“Ué? Porque não pode?”

“Eu transei com os irmãos dele.”

Carol ficou parada por alguns instantes, acho que essa revelação foi demais até para ela.

“Espera? É sério isso?”

“É ué? Acho que essa situação toda me deixou doida mesmo! Eu despiroquei e em menos de 24 horas transei com três homens.”

“Ao mesmo tempo?”

“Não! Foi em momentos diferentes, mas ainda assim foi uma loucura!”

“Daphne, Daphne… você não despirocou não, você empirocou amiga! Três pirocas? Por que está triste?! Eu estaria pulando de felicidade! Hahaha!”

Ela começa a rir da minha cara, o que eu podia esperar? Caroline é uma sem-vergonha.

“Isso não tem graça, Caroline! Isso só piora as coisas, conheci três caras atraentes e dei um jeito de perder os três.”

“Teve briga? Eles descobriram tudo?”

“Não! Na verdade o Marco me chamou pra sair novamente e o Theo disse que eu sou gostosa… eles não devem ter descoberto ainda, mas quando descobrirem…”

“Deixa de ser boba, Daphne, fica com os três! Eu tinha uma amiga que tinha três namorados, um nos Estados Unidos, um na Austrália e um na Coreia. Nenhum deles sabiam um do outro e a safada a cada semana tinha um pinto diferente.”

“Mas isso não é traição?”

“É mas… ah, ela se divertia...”

“Esqueceu como meu casamento acabou, Carol? Como pode pedir para eu fazer a mesma coisa que o Alan fez comigo?”

“Mas você só vai namorar os três, não é casamento…”

“Para de falar abobrinha!”

“Tá! Mas eu não vou te deixar na depre não, vamos aproveitar que agora está livre e vamos nos divertir a bessa!”

Caroline com a aquele jeito esprivitado, me empurrou para o banheiro, me obrigando a me arrumar. Naquele mesmo dia, fomos ao shopping e ela me obrigou a comprar roupas novas.

No fim foi divertido, compramos roupas menos formais, umas lingeries transparentes e pequenas, ela me disse que agora que eu sou solteira, tenho que aproveitar.

Fomos ao cinema e terminamos o dia indo a um bar beber.

Eu me diverti tanto que até esqueci meu drama.

No dia seguinte, Caroline me acordou cedo.

“Vamos Daphne! Acorde, nós temos um evento para ir hoje! Vamos assistir a final do campeonato de corrida de automobilismo. Eu não entendo nada como funciona essa coisa, só sei que vai estar cheio de homens gatos para gente paquerar!”

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