4 - Divórcio

Assim que cheguei a sala de estar, para minha surpresa a todos estavam lá, como se tivessem adivinhado que eu estava chegando.

“Daphne! Que roupas são essas?! Onde passou a noite?”, minha mãe se levanta, surpresa e eu analiso novamente minhas roupas, não entendendo o motivo para o alarde.

“O que foi? Não vejo nada demais, é um short e uma camiseta. A maioria das pessoas se vestem assim no dia a dia.”

“A maioria dos jovens! Você já tem trinta anos e não é adequado se vestir como sua irmã!”

“Me visto como eu quiser e falando na minha irmã, tenho algo para conversar com vocês.”

Olho para Vivian, que se encolhe, fazendo sua expressão de garota boba e coitadinha.

Ela abaixa a cabeça e esfrega os dedos, em sua pose de garota tímida e delicada, dizendo:

“Daphne, somos irmãs… por favor, me ouça. Foi um engano o que viu…

“Sei bem o que vi, Vivian!”, digo a interrompendo, “ Não adianta fazer o seu teatro de garota inocente! Não tem como desmentir que ontem estava de quatro na minha cama, gemendo como uma vadia, dando para o meu marido!”

Cruzo meus braços, sentindo a raiva tomar conta. Juro que ainda não desisti da minha vontade de matar aqueles dois.

“Daphne, você anda trabalhando muito. Alan me explicou tudo o que aconteceu e não vi nada demais. Ele estava fazendo uma massagem na sua irmã, sabe que ela está no time de futebol da escola e sofre muito com dores musculares.”

Começo a gargalhar, não estou acreditando que minha própria mãe vem me dizendo essa besteira. 

“Porque você está defendendo a porra do Alan??! Ele não é da família e é um traidor.”, digo apontando para o Alan, que também estava lá, fazendo uma cara de coitado, “Está história é ridícula, mãe!”

Minha mãe respira fundo e após diz, “Eu disse que ela não iria acreditar nessa história! Porque me fizeram dizer isso.”

Finalmente ela se levanta, impaciente e diz, “Daphne, você não pode se divorciar. Tem que cuidar da sua irmã porque ela está grávida e ela não pode ter um filho com dezessete anos. Eu iria esperar você se acalmar para te contar isso, mas você tem que assumir essa criança e proteger a sua irmã. Esse bebê quando nascer, vai ser seu filho com o Alan.”

“Ham?”, estou sem palavras. Primeiro em descobrir que minha irmã está grávida, portanto, não foi a primeira vez que eles transaram. Segundo, em descobrir que minha própria mãe está pouco se fodendo para os meus sentimentos, ela só quer proteger a filha mais nova e inconsequente dela.

“Daphne, eu errei, mas isso não quer dizer que não te amo.”, o idiota no Alan vem em minha direção, com um olhar apelativo, “ Me perdoe e vamos recomeçar. Vamos ter um bebê e isso vai ser muito legal.”

“Hahaha! Eu vou ter um bebê? Se vira, meu filho! É você que vai ter! E digo mais, não vou ter pena. Vou cortar sim a mesada da Vivian e você Alan, está fodido com o divórcio. Terão que trabalhar pra comprar o leite e a fralda do filho de vocês! Já chega de colocar todas as responsabilidades nas costas da “Daphne”, ela está cansada de cuidar de todo mundo e agora só vai cuidar dela mesma!”

“Daphne!”, minha mãe grita, “Olhe bem pra você, uma mulher velha com infantilidade. Homens são assim, eles não resistem a um rabo de saia. Ridículo você querer terminar só por causa de uma traiçãozinha. E Vivian, é uma adolescente e adolescentes fazem merda, deveria saber disso! Você está sendo ridícula! Nós vamos deixar você com o seu marido para conversarem e se resolverem.”

Eles saem de imediato, me deixando a sós com o Alan. 

Continuo com meus braços cruzados, olhando para ele que vem novamente em minha direção.

“Amor, não faz isso com a gente. Eu vou sofrer muito se me deixar. Aquilo com sua irmã não foi nada, ela não chega aos pés de você.”

Ele faz aquele olhar de bonzinho, que antigamente me derretia. Tomando coragem, Alan pega em minha mão e beija.

“Me perdoe, por favor. Eu juro que não vai acontecer novamente. Eu te amo e sei que me ama. Você ficou um mês longe, não está morrendo de saudades?", Alan me abraça e enterra o rosto em meu pescoço, me beijando bem na minha área sensível, embaixo da minha orelha. 

O idiota sabe como me manipular, mas dessa vez não vai dar certo não.

“Fique longe de mim!”, o empurro e me afasto dele.

“Nosso casamento acabou, Alan.” Uma lágrima rola de meus olhos, não sou de ferro e uma separação dói, “Eu só pedi uma coisa nesses cinco anos de casamento, que você fosse fiel a mim. Era só isso.”

Me sento e as lágrimas não param de rolar. A decepção é uma dor filha da puta.

“ Você nunca me fez uma massagem nos pés, nunca cozinhou pra mim ou se preocupou se eu estava doente… E ainda assim eu te amei, te dei tudo que me pediu e me contentei com receber pouco. Eu não quero mais me contentar com pouco, partir de agora eu só vou me relacionar com alguém que pode me dar tudo que mereço e…”

Enxugo minhas lágrimas, me recuperando, “Eu sou uma mulher que merece muito, Alan! Mereço muito mesmo! Eu quero o divórcio!”

“Daphne, não faz isso!”, Alan se ajoelha aos meus pés, desesperado, “Eu prometo que se me der uma chance, vai ser diferente. Eu vou cuidar de você! Olha, não precisa mais trabalhar, vou trabalhar no seu lugar. Vou fazer massagem em você, vou cozinhar… faço tudo o que me pedir.”

“Humpf…” bufo e ignoro os apelos dele, sou uma mulher de decisão e já tomei a minha.

“O meu advogado vai te procurar....”

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