7 - Foi Somente uma Noite?

Eu desmaiei rapidinho ali, sabe? O homem sabia que eu não tinha comido quase nada, mas ainda assim veio com tudo, né?

Tudo bem, eu podia ter pedido para ele ir mais devagar, então tenho culpa também, aguentei firme, mesmo sabendo que a gata aqui, estava fraquinha fraquinha…

Mas o “boy” não me deixou dormir muito, já veio me acordando e eu já estava assustada, quando ele disse que só iria me levar até a banheira.

Ele deixou a banheira preparada pra mim, estava quentinha e com bastante espuma. Ele me deixou lá com cara de boba, ainda me surpreendendo em como ele era fofo… pelo menos era fofo quando não estávamos födendo.

Aproveitei o banho e quando sai, o encontrei me esperando, a mesa estava posta com muitas opções para comer.

Eu que não comi nada porque estava apreensiva por causa do divórcio e por todo esse drama que estava acontecendo na minha vida amorosa, senti meu estômago roncar na hora.

Marco estava sentado, vestindo um roupão e assim que me viu, acenou me chamando, não resisti e sorri para e ele fui em sua direção. Ele me beijou e me puxou para seu colo, após pegou uma uva e colocou em minha boca.

Simplesmente amei! Estou adorando essa coisa de ser a mimada e não a que mima os outros.

Jantamos, recuperei minhas energias e dale segundo round, não é?

Acabei acordando de madrugada, envolvida pelos braços de Março que ainda dormia. Olhei para o rosto dele, feliz pela noite maravilhosa, porém, de repente me senti culpada.

Era estranho esse sentimento, talvez seja porque nunca trai o Alan… eu sei que a partir de agora eu quero viver tudo que tenho que viver, mas… Não dá pra mudar completamente de uma hora para outra.

Me levantei, me vesti e fui embora.

Distraidamente desci do Uber e fui até a portão e comecei a tentar ativar o reconhecimento facial, quando de repente meu braço foi puxado por alguém e jogada dentro de um carro.

Olho para o meu captor e fico possessa de raiva.

“Alan, seu maluco!  O que está fazendo? Por-porque está aqui a essa hora?”

“Eu vou te levar embora para casa…”, ele diz e liga a ignição.

Imediatamente meto a mão nas chaves, desligando e pegando a chaves para mim.

“Eu não vou! Só vou quando já tiver tirado todas suas coisas de lá e ainda vou mandar reformar para não ter nenhuma lembrança de você.”

“Então é assim que acaba tudo?”, ele diz e olha para mim com aquele olhar triste. Sinto meu coração apertar, mas resisto.

“Acabou quando resolveu me trair.”

“Você também me traiu. Transou com aquele cara, não é? Eu te perdoo e agora estamos quites, podemos recomeçar.”

Apesar de ter sentido como se tivesse o traído, sei que não foi traição. Eu fui sincera, me divorciei primeiro e só depois aceitei ficar com outro cara.

“Não tem como mais recomeçarmos, não entende? Eu tenho objetivos diferentes agora e você não está incluído neles. Eu transei sim com outro cara e foi muito bom, melhor do que com você.”

“Isso vai ter volta, Daphne.” Ele bate no volante, me deixando assustada. “Sai daqui! Sai agora!”

Ele grita e eu me assusto, rapidamente desço do carro e corro até a portaria. Aperto incessantemente o botão do sistema de identificação para ligar logo.

Graças a Deus consigo chegar ao apartamento de Caroline, em segurança. Fico relembrando a expressão de raiva que Alan fez, nunca o tinha visto assim e isso me assustou.

Ele sempre pareceu calmo e indiferente algumas vezes, nunca o vi irritado.

Então será assim as coisas, nós dois mudamos e isso é prova que tudo realmente acabou…

Pela manhã acordo cedo, hoje vou trabalhar. Já fiquei dias demais ignorando minhas responsabilidades e mundo deve estar acabando na empresa, só eu posso organizar.

“Não vai me contar como foi a noite?”, Caroline me aborda, antes de eu sair. Olho a hora e percebo que estou adiantada, por isso não preciso sair agora.

Faço um certo suspense, até que digo, “Foi incrível, amiga! Ele é tão gentil, mas na cama me virou do avesso. Eu adorei!”

Caroline deu grito e pulos de felicidade, ela me puxou pela mão e me fez sentar no sofá.

“Conta tudo! Ele é melhor que o Alan?!”

“Melhor e maior! Amiga, ele é tão safado!”

“Claro, que é! Você não disse que os irmãos são italianos? Italianos são muito safados!”

“Por que não me contou antes?”

“Queria que descobrisse sozinha!”, ela diz sorrindo, com aquela expressão sem vergonha dela, e eu dou um tapa em seu ombro.

Fofocamos mais um pouco e Caroline me diz que iria viajar por alguns dias. A vida dela é assim, viajando o tempo todo e curtindo o dinheiro do pai dela.

Ela é diferente de mim, o pai dela é quem faz o trabalho que eu faço, que é o de garantir que o dinheiro continue sempre entrando nos cofres.

Cheguei na empresa e havia uma movimentação estranha, todos me olhavam, assustados. Nunca fui uma chefe rigorosa, por isso não sei porque esse alarde todo.

Ao entrar na minha sala, vejo algo que não esperava.

“Alan! O que está fazendo aqui?! Sentado na minha mesa!”

Ele me olha com um sorriso presunçoso no rosto e diz:

“Você não aparece aqui há dias, Daphne. Enquanto está curtindo a vida por aí alguém tem que cuidar da empresa.”

Cruzo os braços, indignada.

“Você acha mesmo que pode fazer o meu trabalho? Você que nunca trabalhou por todos esses anos!”

“Não trabalhei porque você mesma me disse que eu não precisava trabalhar, sabe que sou formado em administração de empresas.”, ele se levantou e caminhou em minha direção, parando bem na minha frente, “Não se lembra, Daphne? Não se lembra de me dizer que eu deveria só me preocupar em ficar gostoso para você?”

“Sim, eu pedi… mas você se preocupou em ficar gostoso para outras além de mim também.”, o empurro e vou para minha mesa e começo a trabalhar.

Ele continua lá parado, até que digo, “O que ainda está fazendo aqui? Se estava tentando me substituir, não conseguiu. Deveria se preocupar em cuidar da sua namorada adolescente e grávida, não preciso da sua ajuda.”

“Não vou embora. Como acionista, eu posso requerer um cargo aqui e eu quero o cargo de vice presidente.”

Fico parada o olhando, começo a gargalhar, com deboche.

“Você não sabe como funcionam as coisas. Para ser presidente, você deve ser eleito pelo corpo de acionistas, não é um trabalho CLT, querido.”

“Certo… e então, o que eu faço?”

“Va embora, já disse!”, digo rispidamente, já estou perdendo a paciência com o Alan e tenho muito trabalho para fazer.

Depois de ler e assinar uma pilha de documentos, responder um milhão de e-mails, consegui uma pausa para tomar um café. Acabei olhando meu celular e procurando alguma mensagem de Marco, porém, não havia nada.

“Será que ele ficou chateado por eu ter saído de fininho?”, penso.

Volto para minha mesa e não consigo mais me concentrar, vário pensamentos passavam pela minha cabeça.

“Será que deixei tudo rolar rápido demais? Eu deveria ter feito um “cool doce” pro boy?”

Meu Deus, falando em cool… coloco a minha mão em meu rosto, pensando que eu fui safada demais. Não deveria ter entregado tudo na primeira vez.

Respiro fundo e acabo enviando uma mensagem para Marco, se ele não não enviou, não tem problema, eu envio.

“Oi, me desculpe por ontem. Tive que sair cedo pois tinha que acordar cedo para trabalhar…”

Nossa, como eu sou cara-de-pau, que desculpa mais esfarrapada.

Penso em outra desculpa, mas não consigo. Dizer a ele que eu saí correndo porque minha consciência pesou com sensação de que havia traído o meu ex, a quem encheu minha cabeça de chifres, nem pensar.

Espero um pouco, e volto a olhar as mensagens.

Meu queixo caiu quando percebi que ele visualizou e não respondeu.

Isso é ruim, acho que perdi o boy por ser boba, ou safada… ah meu Deus…

Fecho meus olhos, arrependida…talvez mais arrependida por ter ido embora e não ter aproveitado mais. 

Respiro fundo, me acalmando e falando comigo mesma. “Daphne, você não é uma mulher de desistir fácil, vamos lá, reaja!”

“Olha, você estava tão bonitinho dormindo que não tive coragem de te acordar…”, ai, que mentirosaaa, “ Marco, não pense que quero algo sério, ok? Só queria repetir…

Minhas bochechas queimam por ter enviado a mensagem, só que quando vou apagar, ele já havia visualizado.

“Merda! Merda! Merda!”

O que ele vai pensar de mim? Que eu estou implorando por sexo?

Guardo meu celular na bolsa, pensando que é melhor eu parar, a cada mensagem que envio, tudo piora.

Acaba o dia e estou morta de cansada. Aperto o meu ombro, pensando que tudo que eu precisava agora era de uma massagem.

No estacionamento, antes de entrar no meu carro, vejo o carro do Alan pelo retrovisor. 

Respiro fundo, me perguntando se ele vai me seguir. Dou a partida e alguns quarteirões depois, o carro dele toma outra direção e me deixando aliviada.

Continuo a dirigir e os pensamentos sobre Marco me atacam. Não consigo parar de me perguntar o que ele estava pensando sobre mim e sobre aquelas mensagens.

Olho para o nada por alguns instantes e decido, eu vou pessoalmente explicar. Vou dizer que foi só uma noite e que devemos ser amigos.

Pouco tempo depois estou tocando a campainha do Flat dos irmãos.

Não precisei esperar muito, pois logo a porta foi aberta.

“Oh! Hamm, oi Theo. Eeeh, o Marco está?”

Ele fica em silêncio e apenas me olha, com um sorriso de canto. 

Prendo o ar e desvio o olhar, disfarçando que ele mexia comigo.

“Entre.”, ele diz sucintamente e com cautela, dou alguns passos a frente.

“O Marco está?”, pergunto novamente.

“Não, estou sozinho.”, ele diz, fechando a porta.

“Bem, ele vai demorar muito pra chegar?”

“Um pouco, ele e Zayn foram em um evento.”

Solto o ar, desanimada. Então foi isso, ele não me respondeu porque estava em uma festa com o irmão. Talvez estivesse até com outra mulher e eu estava atrapalhando, mandando mensagens.”

“Certo, se ele não está, então acho que vou embora…”

“Porque não fica?”, ele pergunta e me encara, Theo estava vestindo uma camisa social branca e uma calça de alfaiataria. Estar vestido não o deixava menos sedutor. Os músculos por baixo da camisa justa, dava uma certa curiosidade de ver como era sem a camisa atrapalhando.

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