5 - Encontro

Vou direto para o apartamento de Caroline, pegar o meu celular.

A primeira coisa que faço é olhar minha caixa de e-mail e tinham e-mails pra caramba, porém ignoro todos, não estou com cabeça para isso agora.

Ligo para o advogado da empresa e peço para resolvermos tudo logo.

Verifico minhas mensagens para ver se havia algo urgente e encontro mensagens do Alan, da minha irmã e da minha mãe. Algo que não ajuda meu humor a melhorar.

Porém, dou um leve sorriso com uma mensagem especial:

“Aqui é o Marco e você pode salvar o meu número.

Está livre essa noite? Posso te pegar às 19h?”

Olho para o nada e me sento, desanimada. Vou ter que recusar, não estou com humor para sair hoje.

“Número salvo. Não estarei livre essa noite, retorno quando conseguir uma brecha na minha agenda.”

“O quê?! Me dê isso aqui!”, Caroline diz, tomando meu celular, “Não vou deixar você mandar essa mensagem para o bonitão, Daphne! Parece até que está marcando um compromisso de negócios. Você tem que dar uma flertada.”

Ela começa a digitar, sorrindo, me deixando desconfiada.

“O que está digitando aí, Carol?!”

“Não vou deixar você ver!”

“Me dê esse celular aqui!”, a safada sai correndo com o meu celular e se tranca no banheiro.

Bato na porta, mas ela me ignora. Alguns minutos sai de lá com aquela cara de sem vergonha descarada.

Tomo o celular da mão dela e ela diz, “Agora não dá mais pra excluir, ele já respondeu!”

Engulo em seco, assustada, enquanto leio o que ela escreveu:

“Oiii! Salvei seu número e coloquei nos favoritos, se importa? Sobre o encontro, pode ser amanhã, às 21h no hotel Hilton? O restaurante de lá é ótimo e os quartos, melhores ainda.”

Fico de queixo caído com aquela mensagem apelativa que ela mandou. Eu não sou assim!

Dou um tapa naquela sem vergonha e leio a resposta de Marco:

“Não me importo de ser seu favorito. Vou colocar o seu número nos meus favoritos também! ;)”

Então está combinado, Hotel Hilton, amanhã às 21h. Prefere o jantar no restaurante ou no quarto? Ah, e não esquece de passar a localização para eu te buscar.”

“Passa a localização, Daphne!”, Caroline diz, tentando pegar meu celular novamente. Mas dessa vez sou mais rápida e escondo o aparelho.

“Não! Você está louca?!”

Me deito no sofá, olhando para o teto, pensativa.

“Não vou ter cabeça para um encontro. Amanhã bem cedo vamos oficializar o divórcio. O advogado da empresa já agilizou tudo.”

“Assim que é bom! Você vai estar oficialmente divorciada no encontro, pense por esse lado.”

Me encolho, sentindo vontade de chorar. “Ainda estou triste, Carol! Tenho que respeitar o meu tempo de superação.”

“Affs, tenho certeza que vai superar rapidinho sentando no bonitão. Vai perder essa oportunidade?”

“Vou…”, digo me encolhendo em sofrimento, “São cinco anos de casamento, Carol. Alan é um imprestável, mas fizemos planos juntos, criamos uma rotina, o sexo era bom… Porque o desgraçado teve que föder a minha irmã?! Talvez seria melhor perdoar e colocar ele na linha.”

“Você não pode dar pra trás agora, amiga. Você tem uma grande oportunidade de recomeçar e vai colocar tudo a perder? Esse Marco é tudo o que você disse?”

Aceno em positivo, as minhas primeiras impressões foram ótimas.

“Então vai nesse encontro e se não der certo, você ainda tem mais duas oportunidades. Os outros irmãos também te atraem, não é?”

Aceno em positivo novamente e Carol acaricia meus cabelos, me consolando. Ela é doida, mas só com ela me sinto à vontade para mostrar minhas inseguranças.

No dia seguinte, cedo já estava no fórum. Presentes estavam nossos advogados, eu, Alan, minha mãe e meu pai, eles compareceram para me convencer a desistir do divórcio.

Imediatamente pego os papéis e assino, estou decidida a me livrar desse casamento.

“Você tem certeza disso, Daphne? Sabe que com o divórcio a metade de todos os seus bens irão para o seu ex marido.”, diz o advogado.

Sorrio, cruzando meus braços e digo, “Não tenho nada em meu nome, até meus cartões de crédito estão em nome da empresa. Ele não vai receber nada!”

“Senhora Smith, devo avisar que você tem bens em seu nome, as ações da empresa.”

Paraliso em meu lugar… não tinha contado com isso. Recebo muito mais em meu cargo de alto escalão, do que os dividendos das ações, porém, elas ainda são importantes para mim.

“Certo… Eu pago o valor de mercado pelas ações, estamos combinados?”

Alan fica pensativo e após alguns momentos, diz, “O valor de mercado das ações é interessante, mas não vou aceitar!”

“Eu dobro o valor!”

“Não! Eu quero as ações. Ou você desiste do divórcio e nos reconciliamos ou perde metade das suas ações.”

Que raiva desse cara!

“Ok! Eu quero continuar com o divórcio! Depois você vai se arrepender e eu vou oferecer um valor menor pelas ações!”

Cruzo meus braços, com raiva. Estou determinada a me divorciar, mesmo que perca a metade das ações sou a única que pode comandar a empresa e existem maneiras de pressionar ele a me vender as ações de volta futuramente.

Assinamos os papéis e saio satisfeita, estou tão feliz que pensei que deveria comemorar. Por isso, mudo de ideia e envio uma mensagem para Marco confirmando o jantar.

Peço para nos encontrarmos no hotel, pois não quero dividir com ele meu drama de divórcio, explicando porque estou hospedada na casa de uma amiga.

A noite, às 21h chego ao restaurante do Hilton e Marco já estava lá me esperando, lindo vestindo um terno sob medida. Seus cabelos estavam penteados para trás e quando cheguei perto, percebi que estava usando um perfume com um cheiro muito gostoso. Já imagino que essa noite vai ser perfeita.

Nos sentamos e pedimos um vinho tinto saboroso.

Perguntei a ele o que fazia e ele foi um pouco breve, dizendo que tinha alguns negócios. Ele me jogou a pergunta e também fui breve, dizendo que administrava a empresa da minha família.

Eu o entendo, ainda estamos nos conhecendo e ficar falando sobre trabalho não é legal.

Conversamos um pouco sobre família e sobre o que gostamos. A conversa estava muito divertida, até que resolvo ir ao banheiro para conferir minha maquiagem.

Quando saí, fui abordada por Alan, que me empurrou contra a parede.

“O que está fazendo aqui jantando com outro cara? Acabamos de nos divorciar e você já está com outro? Essa não é a Daphne com quem me casei!”

“Pois é, eu era bobona. Agora, essa Daphne aqui tem pressa pra ser feliz! Saia da minha frente, Alan.”

Ele me empurra novamente, me prendendo contra a parede.

“Daphne, será que não entende o que aconteceu? Você ficou um mês em Nova York, caramba! Eu sinto falta de sexo e sua irmã ficava me visitando todos os dias e me provocando, eu não resisti.”

“Já conversamos sobre isso, Alan! Eu não vou voltar para você, me deixe ir embora!”

“Cuidado, Daphne, não sou tão burro quanto pensa. Se você não quiser voltar por bem, vou dar um jeito de voltar por mal.”

“Cale essa boca! Eu não tenho medo de você!

“Está tudo bem aqui?”, ouço a voz de Marco, nos surpreendendo enquanto nos olhava.

“Ela é minha esposa, não se meta! Estamos nos resolvendo.”

“Você não parece confortável, Daphne. Está tudo bem aqui?”, Marco repete a pergunta, se referindo somente a mim e ignorando Alan.

Nesse momento de distração, empurro Alan e consigo me libertar. Corro para Marco e digo. “Não dê confiança a ele, é um maluco!”

Marco não se move e ele e Alan se encaram por alguns instantes até que consigo o tirar de lá.

Voltamos para nossa mesa e Alan se senta em uma mesa próxima e fica o tempo todo nos vigiando, acabando com meu encontro perfeito.

Respiro fundo, desconfortável, e digo para Marco.

“Acho melhor remarcar o encontro. Não vai dar para continuar com o meu ex marido aqui, nos vigiando.”

Marco faz um momento de silêncio e diz, “Ainda temos a opção de ir jantar no quarto. Você aceitaria? Já reservei uma suíte, só por precaução, pois tinha me dito que os quartos daqui são ótimos.”

Fico vermelha na hora e engulo em seco, pensando, “Maldita Caroline!”

“Eu realmente não queria que essa noite terminasse tão cedo.”, ele completa e me atrevo a encarar seu olhar, ele estava sério e ao mesmo tempo sedutor. Sua boca se abre levemente e aos poucos o canto de seus lábios se enrugam em um sorriso.

Instintivamente coloco a ponta de meu dedo na boca e mordo levemente.

“Na verdade, não conheço bem os quartos daqui, mas aceito ir conhecer com você.”, respondo, já me sentindo queimar por dentro.

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