Por Naid
Eu temo pelo futuro dessa pequena, vivemos em um povo onde temos que viver escondidos, repletos de tradições e com propósitos a serem seguidos.
Logo de manhã, nado até a lagoa, estou sozinha, apenas Aspen está aqui. Mas ele sempre está, afinal é o dever dele. Não sei ao certo o que ele é, mas às vezes um desses espíritos aparecem e acompanham alguma de nós. As mais antigas diziam ser espíritos que simbolizam sorte, e por sermos seres espirituais conseguimos vê-los.
Aspen flutua levemente ao meu lado o tempo todo, raramente interferindo no que acontece no nosso mundo, e na minha vida. Somente eu consigo o ver.
Ele me acompanha desde que fui designada ao meu propósito. Se apresentou como um NATSU, disse-me vir de outro mundo, que tem o dever de acompanhar-me e guiar-me enquanto eu precisar, disse que possui grandes poderes e sabe sobre o meu futuro, porém ele raramente me diz nada, e quando fala algo não é concreto e nem muito longo, diz que o futuro é incerto e frágil, que mesmo com o seu dom de modelar o destino só pode interferir em último caso e com muita cautela.
Os seus cabelos são translúcidos como uma água viva, os seus olhos azuis como as águas do oceano e a sua pele branca como as areias dessa ilha que brilha à medida que o sol ilumina. Sim, ele faz jus ao que é. Um espírito de luz.
A princípio duvidei das suas intenções, pois me seguia e se vangloriava dos seus dons, até que o enfrentei, foi quando ele me disse tudo.
Disse que o seu nome verdadeiro é um segredo a ser guardado, pois, é uma das suas únicas fraquezas, o que a liga ao seu mundo, impossível ele morrer, e que os seus dons são maiores que de qualquer ser do meu mundo, exceto somente de um.
Perguntei-lhe se ele era um anjo, pois já ouvi histórias de protetores alados que protegiam os antigos terrestres. Foi quando me respondeu:
— Não, eu sou um espírito, mas não Divino.
Perguntei se era um espírito maligno. Ele respondeu-me:
— Não, eu não sou dessa categoria de espírito, a minha existência nesse mundo se resume a você, a proteger-te e moldar o seu destino. Possuo falhas, defeitos como os antigos terrestres, sou espiritual como o seu povo, porém os meus dons se sobressaem ao de ambos. — Assim que o meu dever aqui acabar, voltarei ao meu mundo e receberei uma vida nova. E não, não faço ideia de qual vai ser. Diferente dos espíritos dos mortos, eu vivo, e diferente dos espíritos divinos e malignos eu sou livre, para fazer escolhas. Eu posso materializar-me no seu mundo, posso interferir, porém, só em último caso.
Se me desviar do meu dever, eu sou levado de volta.
Após isso, fico atónita. Logo veio-me as antigas histórias do meu povo, sobre os NATSU’S, do quanto são raros, como só aparecem para alguns, dos preciosos encantos que teria quem o “possuísse” e do grandioso destino que aguarda quem eles acompanham.
— NATSU? É, posso me acostumar com esse termo!
Que? Ele ouve meus pensamentos?
— Não fique com medo, Naid, sou incapaz de lhe causar mal, estou aqui para lhe proteger.
Finalmente entendi tudo. sinto-me calma... plena... não consigo vê-lo como mal, pelo menos não mais. A sua aura é tão boa!
Aspen acompanha-me desde aquele dia, sinto como se ele fosse uma parte minha, que protege-me e guia-me.
Fico na lagoa um tempo e acho estranho as outras não terem aparecido...
Aspen diminui a altura e flutua um pouco mais baixo que o normal.
— O que foi Aspen?
— Você há de carregar consigo uma pequena, sinto a presença energética dela, forte como uma onda.
— Mas o cruzamento só tem alguns dias!
— A energia surge antes mesmo da formação. Vejo um futuro turbulento para sua pequena.
Suas palavras atingem-me como uma rajada de calor ardente.
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Atualizado até capítulo 26
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