Contrato De Colaboração (Aliança De Interesses - I)

Contrato De Colaboração (Aliança De Interesses - I)

Prólogo

"Faça isso pela empresa e pela família, querida." Essas palavras ecoavam na cabeça de Jessica enquanto olhava para sua mãe. Decidiram jogar toda a responsabilidade em cima dela, mesmo que ela não tivesse nenhuma responsabilidade pelo que aconteceu. " Apenas por fazer parte dessa família", pensa. Há alguns minutos atrás, a mãe de Jessica a chamou para conversar na sala com seu pai. Já tinha achado estranho ter uma conversa de família nesse momento em que a empresa estava tendo problemas, mas chamá-la para mandar ela se casar com Daniel, o filho de um sócio e amigo do seu pai, já era demais.

Jessica queria protestar, dizer que nunca iria se casar com ele sem sentir nada por ele e por ele ser um idiota, mas o pai dela tinha ensinado que a calma era a melhor arma para ganhar. Apenas os tolos gritam e choram, como diz o ditado, o tolo grita, o sábio permanece calado. Ela olha para sua mãe, que depois de cuspir essa bomba, permanece com uma cara de tristeza e remorso. Jessica vira a cabeça e olha para o seu pai, que estava do seu outro lado, sentado na poltrona. Ele a olhava sem dizer nada. A mãe estava sentada junto com ela no sofá e segurava a mão dela para dar força para ela, ou era o que Jessica pensava, e voltou para olhar para a mãe, soltou-se do seu agarre, apoiou o cotovelo no sofá e deixou a cabeça descansar aí para pensar o que deveria fazer. Depois de pensar por um tempo, olha para o pai.

-Não tem outra forma?

O pai olha para ela e dá um sorriso de orgulho. A filha dele poderia ser tudo o que os outros falavam, mas tonta e impulsiva ela nunca foi. Calcular a perda e o ganho foi uma coisa que ele a tinha ensinado desde pequena. O único erro dela era que ela tinha nascido mulher. Para uma família patriarcal, isso era o pior que poderia acontecer, se ela fosse a segunda filha não teria tanto problema mas Jéssica era a primeira filha dessa família.

-Não há outra opção. Tivemos que estabelecer uma "joint venture" por tempo indeterminado ou até que ambas as partes estejam de acordo para encerrar o acordo. Depois do desfalque no último projeto, mesmo com a fusão, não é possível manter todas as nossas propriedades. Teremos que vender a maioria delas e algumas ações para Felipe Statham, e assim ele terá mais influência em nossa empresa. E eu não vou deixar minha empresa para ele. Portanto, você se casará com Daniel. Eu teria casado seu irmão, mas a família Statham não tem filhas, e seu casamento já estava acordado verbalmente desde que você tinha 5 anos e ele 8.

Jessica dá um sorriso, ainda com a cabeça apoiada na mão, pensando em quão ganancioso seu pai era ao ponto de querer controlar a empresa do seu amigo e sócio através dela.

-Eu avisei que esse projeto daria errado e levaria a empresa a números vermelhos. No entanto, você escolheu ouvir os velhos gananciosos da Assembleia de acionistas, que, supostamente, eram seus amigos. Você também não ajudou quando viu a quantia em dinheiro que iria ganhar, seus olhos gananciosos brilharam... -O senhor Morrison olhava furioso para ela e bateu a mão na poltrona em sinal de fúria, mas Jessica continuou a falar. -No final, você acabou ficando sem nada e fazendo o papel de tolo, literalmente vendendo a empresa que meu avô fundou por quase nada, apenas para manter a companhia de pé e sustentar o estilo de vida luxuoso que você tem.

-Jessica Morrison, você irá se casar, não importa o que você diga ou faça!

O pai de Jessica diz e grita com ela. Jessi não expressa nada, levanta sua cabeça da sua mão e pega a xícara de chá, dá um gole e deixa a xícara no lugar.

-Nunca disse que não iria me casar, apenas quero deixar claro que essa situação é pela forma como você se deixou controlar pela Assembleia Geral de Acionistas e pela sua ganância.

-Jessica, não fale dessa forma do seu pai.

A mãe de Jessica fala severamente, mas Jessica a ignora e continua falando.

-Vou me casar, mas não será de graça. Se é um casamento arranjado "para salvar a empresa e a família", eu deveria ganhar algo, não é verdade, pai?

Quando Jessica diz as mesmas palavras que sua mãe disse a ela há algum tempo, ela olha para Margaret, sua mãe, que fica chocada com suas palavras e abaixa a cabeça. O pai a olha, já sabendo que ela poderia pedir isso. Ele tenta acalmar seu temperamento depois do que ela disse, mas percebe que sua filha tinha razão em jogar a culpa na Assembleia Geral de Acionistas. No entanto, ele daria um jeito naqueles abutres depois que Jessi se casasse com Daniel.

-Você receberá uma pensão de 100.000 a cada mês da empresa, uma casa depois que você se casar. Será a casa que você tanto queria, a antiga casa que era dos Loren, 20 por cento das ações da empresa e 10 da empresa geral dos seus sogros, mas isso depois que se casar.

Jessica pega a xícara de chá e bebe calmamente enquanto escuta o seu pai falar. Ela para de beber e olha para o pai com um sorriso.

-Gostei muito disso, mas quero colocar mais duas coisas.

O pai de Jessica olha para ela sério e pega um charuto que estava na mesa ao lado dele. Ele corta o charuto e começa a fumar, depois olha para Jessica.

-O que você quer colocar a mais?

-Primeiro, eu quero ter um cargo de gerente na sucursal. Sabe, meu diploma de engenharia mecatrônica e MBI estão pegando poeira na gaveta... -Quando Jessica fala sobre o cargo, o senhor Alexandre fica com cara de desagrado, mas Jessica não se importa e continua. -Segundo, quero que você, meu querido pai, minha mãe e meu irmão virem meus gênios da lâmpada e me deem um desejo. Já que eu estou me casando para salvar a empresa e a família, não deveriam me pagar de alguma forma, não é, pai?

-Nenhuma das coisas que você está pedindo é suficientemente racional. Primeiro, você nunca trabalhou como gerente e não tem experiência empresarial. Além disso, o seu pedido de lhe concedermos um desejo está fora de lugar. -Ele acaba de dizer e coloca o charuto de volta na boca calmamente.

-Primeiro, o que está fora de lugar é me pedir para me casar sem que eu tenha algum benefício próprio ou que eu seja responsável pelas decisões erradas que vocês tomaram. E segundo, pai, você é o CEO da empresa e meu futuro sogro é o presidente da outra empresa. Um pouco de nepotismo nunca matou ninguém, não é? Ou você não consegue me contratar na filial por não ter influência suficiente?

Jessica diz o último usando como chacota e desafiando-o, o senhor Morrison deixa de lado o seu charuto e coloca a mão no queixo. Depois de alguns segundos de silêncio, ele responde.

-Concordo com o cargo de gerente, mas é o máximo que vou fazer. Lembre-se de que você faz parte desta família, é sua obrigação fazer isso, por todos os anos em que te alimentei e te dei teto.

Jessica deu uma risada na cara do seu pai. Será que todos os pais usam esse tipo de desculpa para mandar fazer tudo o que querem? Mas o pai dela estava muito enganado se pensava que usando isso iria convencê-la a ceder. Jessica, depois de dar uma longa risada, fica séria e com cara de raiva, olhando para o seu pai.

-Me alimentando e me dando teto? Não me faça rir. Quem fez tudo isso por mim foi o dinheiro do meu avô e minha mãe. Se dependesse de você, eu morreria de fome, já que nem sabe fazer um sanduíche. Além disso, você não fez nada mais do que sua obrigação, já que, se você não fizesse isso, iria para a prisão.-Jessica diz isso calmamente, vendo seu pai ficar bravo com cada palavra que saía da boca dela. -Não entendo por que você diz isso agora, a menos que... pai, está com medo de mim?- Jessica diz isso tirando sarro do seu pai e, para acabar com chave de ouro, diz. -Não acredito que o grande Alexandre Morrison tenha medo da filha. Não se preocupe, não vou pedir para ser a CEO da empresa ou para você se vestir de palhaço.

Ela diz isso e dá um sorriso encarando o seu pai.

-Pare com as suas brincadeiras. Mesmo sem esse seu maldito pedido, você irá se casar!

-Pai, lembre-se de que, se eu não quiser, eu não vou. Nem Deus nem suas ameaças vão me fazer assinar o registro de casamento ou ir ao maldito cartório. Você sabe que, quando não quero, não há poder humano que me obrigue a fazer algo que não desejo. Lembra da festa de Ano Novo da empresa?

Pai e filha se encaravam, cada um esperando o outro ceder, mas essa luta não iria a lugar nenhum, pois ambos eram tão teimosos a ponto de preferirem permanecer ali para sempre a admitir sua 'derrota'. Jessica herdara do pai a determinação de não ceder em nada e de não aceitar um 'não' como resposta, o intelecto do avô e a beleza da mãe. A senhora Margaret sabia que essa situação não levaria a lugar nenhum se ela não interviesse. Ela não queria perder sua filha e destruir sua família.

-Parem, vocês dois! Filha, sei que você não quer se casar, e sou a primeira a te pedir desculpa por isso. Então, vou te conceder o desejo que quiser, e sei que seu irmão vai fazer o mesmo, já que ele não esteve de acordo com isso desde o início.- Depois de dizer essas palavras, a senhora Margaret olha para o seu marido. -Meu amor, nossa filha nunca te pediu nada e sempre fez o que podia para não nos dar trabalho. E todas as vezes que agiu rebelde, fomos beneficiados. Então, pense no pedido da nossa filha como o último antes de fazer sua vida e sair de casa.

O senhor Morrison olha para sua linda esposa, que nunca tinha se envolvido em nenhuma discussão que ele tinha com seus filhos. Agora, ela se envolvia não para impedir o casamento, mas sim para chegar a um acordo entre eles. As palavras da sua esposa o faziam pensar que ela não estava errada e que depois do casamento, sua filha iria embora de casa e não seria mais uma dor de cabeça. Mas era difícil dar o braço a torcer. Se ele recuasse, não o faria sozinho, sua filha também perderia algo.

-Está bem, eu vou te conceder um desejo, assim como sua mãe e seu irmão, mas pode esquecer da mensalidade e a casa dos Loren, você concorda?

Jessica olha para o pai, começa a pensar e confirma com a cabeça.

-Concordo, mas eu quero tudo isso por escrito em um contrato feito pelo advogado e assinado por toda a família.

O pai dá uma gargalhada. Ele realmente tinha uma filha inteligente, é realmente uma pena que ela tenha nascido mulher. Se ao menos seu irmão mais novo fosse pelo menos metade do que ela é.

-O que? Você não confia na sua família?

O senhor Morrison diz para provocar a sua filha, a qual calmamente pega o seu chá, dá um último gole e olha para ele.

-"Se tudo for registrado e esclarecido em um documento ou neste caso contrato, garantimos que ninguém descumpra o que foi dito". Foi o que meu pai e avó me ensinaram, apenas estou praticando o que me foi ensinado, mesmo sabendo que meu pai jamais quebraria sua palavra, não é?

-Você está certa, minha filha. Acho que seu futuro marido estará orgulhoso de ter uma esposa que aprende rápido e é inteligente.-O senhor Morrison diz com um sorriso.- O contrato estará pronto depois que você se casar.

Jessica olha para o pai com cara séria.

-Claro que não, eu quero o contrato para amanhã ou antes do casamento. Se você deseja especificar no contrato que não vou receber nada se não me casar, será melhor do que esperar pelo bendito casamento, o que acha, pai?

-Você tem um ponto. Ligarei para o advogado agora para fazermos o contrato, e amanhã iremos assinar para levá-lo ao cartório para confirmar sua legitimidade. E, é claro, você terá o original. Alguma outra coisa, filha?

Jessica ficou satisfeita com o acordo. Não tinha mais o que dizer. Mesmo que ela não quisesse, teria que se casar. Seu pai não era o homem dos sonhos, mas, se não fosse por sua ganância e por ele pensar que ela era fraca por ser mulher, ele seria o melhor pai do mundo. Até esse momento, ele nunca a tinha ameaçado ou falado rudemente.

Jessica não queria que sua mãe, pai e irmão perdessem o prestígio e passassem por dificuldades. Ela amava sua família, principalmente seu irmão, que sempre esteve ao seu lado. No entanto, não iria perdoar seu pai facilmente por tê-la colocado nessa situação.

-Me deseje parabéns pelo casamento e pelo meu futuro marido, que me odeia, e também pela infelicidade pelo resto da minha vida.

E foi o último que ela disse antes de se levantar e sair. Antes de partir, ela viu sua mãe quase chorando e seu pai em choque com o que ela disse. Claro, ela sempre age racionalmente, mas precisava dizer algo que os machucasse tanto quanto ela estava. Seu coração estava apertado. Ela queria chorar, mas não o faria. Não daria o gostinho de vê-la sofrer, para quem? nem mesmo ela sabia.

Quando saiu de casa, entrou no carro e partiu sem saber para onde ir, mas não queria ficar ali. O único lugar que veio à mente dela foi ir beber e esquecer de tudo. Depois de tudo isso, ela merecia beber e esquecer que o homem com quem iria se casar não a amava e possivelmente pensava que ela era gananciosa. A última vez que ela tinha visto Daniel foi quando tinha 8 anos e ele, 11. Foi quando ele veio para sua casa. Ele era uma pessoa legal, mas o que a fez odiá-lo ou sentir raiva dele foi ele ter incomodado seu irmão mais novo, fazendo Dan chorar, e isso ela nunca perdoaria. Por isso, ela bateu nele. Depois disso, ele nunca mais voltou à casa e ela sempre o evitará, o último que ficou sabendo era que ele foi para os Estados Unidos estudar e que tinha voltado alguns anos atrás, mas nunca se encontraram desde então.

Jessica sobe no carro e vai dirigindo para o bar, acelerando para sentir o ar no rosto. Cada acelerada é um grito silencioso de revolta contra o futuro marido. 'Marido, não me faça rir', ela murmura enquanto pisa mais fundo no acelerador.

"joint venture" (ou empreendimento conjunto) é uma colaboração empresarial em que duas ou mais empresas trabalham juntas temporariamente para alcançar um objetivo compartilhado, combinando recursos e conhecimento, mantendo suas identidades legais separadas. Isso pode envolver compartilhamento de capital, produção, pesquisa, marketing ou exportação/importação, e os detalhes são geralmente definidos em contratos específicos. É uma forma de compartilhar riscos e recompensas para atingir objetivos que podem ser difíceis de alcançar individualmente.

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