Capítulo 6: Desespero e Arrependimento: O Acidente

Capítulo 6: Desespero e Arrependimento: O Acidente

Daniel

Já se passaram dois dias desde que não falo com o Robin. Ele não responde a nenhuma das minhas mensagens ou ligações, ele ainda deve estar chateado com o que aconteceu da última vez. Mesmo que eu queira falar com ele para consertar tudo, se ele não estiver disposto a falar, só me resta esperar que seu humor melhore. Ele nunca tinha ficado tanto tempo sem contato, mesmo que seja apenas para fazer uma de suas piadas bobas, algo que não mudou mesmo quando eu estava no exterior.

-Daniel!

Escuto Jennifer gritar da sala, fico alerta e vou correndo achando que ela precisa da minha ajuda.

-O que aconteceu? Você está bem?

Olho pela sala achando que alguém invadiu a casa, ou ela possa ter se machucado com algo, mas nada. Jennifer está pálida e me olha com tristeza do sofá.

-Daniel... - Jennifer tentou dizer enquanto estava sentada no sofá, com uma expressão surpresa e chocada enquanto olhava as notícias de fofocas na TV. Eu ignorei a TV e fui até onde ela estava.

Aproximei-me dela, notando sua expressão de surpresa e choque, e percebi que ela estava tão abatida que mal conseguia falar. Sem entender completamente o motivo, vou para à cozinha para buscar um copo de água com açúcar para ajudá-la.

-Se acalme e me diga o que aconteceu - eu disse, olhando para ela e acariciando sua cabeça na esperança de que isso a acalmasse.

Jennifer não pegou o copo de água e continuou me olhando com olhos assustados. Ela tomou fôlego e então soltou uma bomba.

-Daniel... Robin teve um… um… acidente de carro.

Deixei o copo de água cair das minhas mãos pelo que ela disse e, num gesto instintivo, segurei Jennifer pelos ombros, com força.

-O que você está dizendo, Jennifer? Não brinque com essas coisas! - Eu gritei com ela, incapaz de acreditar que meu irmão tinha sofrido um acidente. Jennifer parecia assustada com minha reação, então eu a solto e tento me acalmar. -Nāo fale esse tipo de coisas de…

-Daniel, olha. - Ela me interrompe e aponta para a televisão, onde as notícias exibiam o estado do carro de Robin, uma Ferrari azul, com a legenda dizendo: "Os filhos das famílias Statham e Morrison sofreram um acidente nesta sexta-feira enquanto estavam a caminho de uma montanha." O apresentador informou que o local e o estado de saúde dos envolvidos eram mantidos em sigilo, mas devido ao estado do carro, presumia-se que eles estavam gravemente feridos. Vi as imagens do carro esportivo de Robin, totalmente destroçado à beira de um penhasco, consumido pelo impacto e pelo fogo, mal o reconhecendo se não fosse por um desenho personalizado em seu veículo.

Tudo pareceu desacelerar para mim. Não consegui ouvir mais nada do que Jennifer falava. Robin estava no hospital, e eu não tinha ideia de seu estado, talvez com ferimentos leves ou possivelmente lutando entre a vida e a morte. Levantei-me abruptamente, peguei minha carteira e meu celular que estavam na mesa ao lado da porta e saí correndo em direção ao hospital que minha família financiava. Tinha certeza de que o haviam levado para lá, ignorando os gritos de Jennifer. Corri até a avenida principal, mas não consegui encontrar um táxi. O desespero começou a me consumir, e continuei correndo pela avenida até finalmente conseguir parar um táxi. Entrei no veículo e quase gritei ao motorista que me levasse ao hospital.

As preocupações e pensamentos enchem minha mente enquanto estava no táxi. Durante todo o longo caminho até o hospital, desejo que Robin esteja bem, que esse terrível acidente tenha sido apenas um susto e que meu irmão esteja em perfeito estado. Sinto uma mistura de raiva e impotência por não ter estado presente nos últimos dias e não ter falado com ele e por meu orgulho ter me impedido de ligar para minha mãe para saber mais sobre Robin. "Ele está bem", tento me convencer, e só consigo esperar que ele esteja seguro. Chegando ao hospital, pago o motorista e corro para dentro, em busca de notícias sobre o estado de Robin.

Entro no hospital e me dirijo à recepção. Minha mente está a mil por hora com preocupações enquanto corro para pedir informações sobre Robin. A recepcionista me encara, percebendo minha aflição.

-Eu preciso saber sobre o estado de Robin Statham. Ele sofreu um acidente de carro! - Minha voz sai gritando e desesperada, mas a recepcionista fica calma e me olha com receio. A recepcionista digita algo no computador e, após um breve momento, olha para mim com uma expressão séria.

-Não posso dar essa informação para ninguém.

Com a voz trêmula e o desespero tomando conta de mim, eu grito em resposta ao que ela diz.

-Eu sou seu irmão! - Grito desesperado.

Ela me olha com receio, eu a encaro com raiva, mas ela percebe o desespero em meu rosto e tom de voz, mas responde com seriedade e a voz um pouco trêmula.

-O senhor Statham disse que não devemos fornecer essa informação a ninguém e que não devemos permitir que ninguém entre, mesmo que afirmem ser familiares.

Absorvo suas palavras com um sorriso de impotência, deixando a raiva se apoderar de mim. "Meu próprio pai que está me impedindo de ver meu irmão". Penso,mas não pretendo discutir mais. Vou rapidamente para a porta que leva aos quartos. Embora eu conheça bem este hospital, não faço ideia de em qual dos mais de mil quartos VIPs Robin pode estar. Decido verificar quarto por quarto, completamente fora de controle, enquanto continuo buscando freneticamente por Robin.

Desesperado, começo a ir de porta em porta pelo hospital, em busca de qualquer sinal do meu irmão. Ignoro as tentativas da equipe de segurança de me conter, mas percebo que não conseguirei passar sem lutar com os seguranças para ver mais quartos. "Preciso saber como meu irmão esta", pensava, com o coração acelerado.

Estava prestes a me desesperar ainda mais quando vi um grupo de seguranças se aproximando para me bloquear. Eles me cercaram e tentaram me convencer a me acalmar, mas eu não escutava nada. A única coisa que ocupava minha mente era a necessidade urgente de encontrar Robin e saber como ele está.

Lutava com todas as minhas forças, tentando passar pelos seguranças que me impediam de avançar. Minha mente estava em um turbilhão de preocupação e desespero. Tudo o que importava era encontrar meu irmão, Robin. Cada segundo parecia uma eternidade enquanto eu persistia, determinado a chegar até ele, custasse o que custasse.

-Saiam da frente, eu só preciso ver meu irmão! - Grito com a voz embargada.

Os seguranças tentavam me conter com firmeza, mas eu estava disposto a qualquer coisa para chegar até Robin, rodeado pelos seguranças. Minha respiração estava rápida e irregular, meu rosto estava vermelho de raiva e frustração. Eu gritava o nome do meu irmão, ignorando completamente a lógica e a razão. A cena no hospital era de caos, enfermeiras corriam de um lado para o outro, médicos passavam apressados, e pacientes olhavam preocupados. Tudo isso era apenas um borrão em minha visão, só tinha uma coisa em mente, " encontrar Robin".

Começo a medir forças com os seguranças. Assim foi por um momento de intensa luta com os seguranças para me deixarem passar, até que eles me seguraram com força pelos braços e tentavam me levar para fora do hospital. Eu lutava com eles para me soltarem, mas a voz de uma mulher firme e autoritária intervenho.

-Soltem-no agora!

Os seguranças, inicialmente surpresos com a aparição da mulher, ficaram momentaneamente atordoados. Seus olhares se voltaram para ela, e por um instante, o caos pareceu se congelar. Eu segui os olhares dos seguranças até a mulher, era uma mulher de cabelos longos e cacheados nas pontas, de um tom de marrom escuro que caía até suas costas. Seu rosto tinha um formato oval, com olhos de um azul intenso, quase hipnotizante, que pareciam refletir a tranquilidade do céu. Suas maçãs do rosto eram delicadamente esculpidas, e ela tinha um queixo suave. Seus lábios eram cheios e sensuais, acrescentando um toque de sensualidade à sua beleza natural. Ela estava vestida com calças jeans e uma camisa, destacando seu busto sobressalente. Esta mulher era verdadeiramente uma combinação de beleza e charme, com seus olhos azuis claros sendo o elemento mais marcante, embora parecessem cansados.

No entanto, a mulher não hesitou nem por um segundo e voltou a gritar com voz autoritária.

-Mandei soltá-lo agora!

Com um último olhar intimidante, a mulher conseguiu que os seguranças me liberassem. Eu me sentia tonto e desorientado. Olhei para a mulher e esses olhos me pareciam conhecidos. A encarei por alguns minutos quando ela passou na minha frente.

— Jessica? — disse quando ela passou na minha frente. Ela me ignorou e foi com os seguranças, começando a conversar com eles. Ela disse algo que os surpreendeu, mas eu não consegui ouvir, e eles olharam na minha direção, provavelmente porque ela disse quem eu era.

"Jessica?" pensei enquanto ainda a observava. "Esses olhos e essa cor de cabelo devem ser da Jéssica." No entanto, como ela me ignorou quando passou, ainda tenho minhas dúvidas. Depois que os seguranças foram embora, ela virou para mim e me olhou fixamente, aproximando-se de mim e disse.

-Daniel, vamos. Vou te levar até onde Robin está. Ele precisa de você agora.

Seus olhos azuis intensos, que antes pareciam hipnotizantes, agora transmitiam uma mistura de compaixão e alegria. Fico tentado para perguntar se ela era Jéssica mas olhando ela mais de perto posso ver que é ela mesmo. No entanto, o que ela me disse dissipou minhas dúvidas e me fez voltar ao foco em Robin eu passo na frente para entrar na ala onde Robin possivelmente está, mas parei por um momento já que não sabia o caminho ela passa na minha frente e me mostrava o caminho. A segui de perto, ansioso para finalmente estar ao lado de meu irmão, graças à intervenção de Jessica naquele momento. No entanto, não pude deixar de me perguntar por que ela estava ali. Pela aparência dela, era visível que não dormia há dias e estava cansada. No entanto, não fiz perguntas e continuei seguindo-a.

Quando chegamos a um corredor, pude ver meu pai e minha mãe, também com uma aparência cansada, falando com o Dr. Richards, que era o médico da família. Corri até ele antes que minha família pudesse me ver ou me deter.

Me dirigi a ele, com uma voz embargada e cheia de ansiedade.

-Doutor, como Robin está?

O médico, após uma rápida troca de olhares com meu pai, voltou sua atenção para mim, olhou para mim com expressão séria, e o peso da notícia que ele tinha para compartilhar estava claro em seu rosto. Ele falou com voz calma, mas grave.

-Daniel, seu irmão Robin está na UTI neste momento. Ele sofreu ferimentos graves no acidente de carro, e nossa equipe médica está fazendo o possível para estabilizá-lo e iniciar o tratamento. A situação é muito delicada, e não vou mentir, estas 72 horas são cruciais, ele está lutando pela vida.

Aquelas palavras caíram sobre mim como um golpe. Meu coração parecia desacelerar diante da gravidade da situação. Olhei para trás, vendo o rosto preocupado de minha família e a expressão de compaixão de Jessica.

A notícia devastadora de que Robin estava na UTI e enfrentava uma situação crítica caiu como uma avalanche sobre mim. Minhas pernas fraquejaram, e dei alguns passos para trás até bater na parede do corredor. Passando as mãos pelo rosto, senti-me esmagado pelo peso da realidade. "Onde eu estava enquanto meu irmão tinha esse acidente? Onde eu estava enquanto ele lutava pela vida em uma maldita sala de cirurgia?" Era a pergunta que martelava em minha mente.

A raiva e a culpa inundaram meu ser. Embora eu soubesse que não era minha culpa, sentia como se fosse. Eu estava em casa com Jennifer enquanto meu irmão lutava pela vida, e num gesto impulsivo, comecei a socar a parede com punhos cerrados. Cada soco era uma expressão de minha frustração, impotência e desespero. Meu pai e o Dr. Richards tentaram me deter, mas eu estava fora de controle, lutando para me soltar.

Minha mãe estava chorando, e o olhar de preocupação de Jessica não passou despercebido. Ela se aproximou com delicadeza, tentando me acalmar. Suas palavras eram sérias e firmes.

-Daniel, sei que é difícil, mas precisa se manter forte agora. Seu irmão não gostaria de vê-lo dessa forma. Bater na parede não vai ajudá-lo.

Suas palavras penetraram minha raiva, mas não entendi suas razões. Eu queria encontrar um culpado para esse acidente e, no meio da raiva, o único culpado que passou pela minha cabeça foi meu pai, que não me avisou do estado de Robin e me deixou longe dele enquanto ele lutava pela vida. Eu me solto dele e do Dr. Richards e encaro meu pai com raiva.

-Por que você não me disse do estado do meu irmão? - Eu cuspi essas palavras com raiva e gritos.

Meu pai primeiro me olha confuso pela situação que causei, mas depois vejo seu rosto se transformar em raiva.

-Porque você deixou de ser parte desta família ao sair de casa, você não tem porque estar aqui, então vai embora!

Minha raiva estava no limite, e minhas emoções transbordaram em um grito furioso. Os olhares chocados de minha família e de Jessica mostravam a intensidade do meu descontentamento. Eu estava desesperado, furioso e magoado.

-Eu deixei de ser o seu filho, mas Robin é meu irmão! Você não tinha direito a fazer isto! - Gritei com uma intensidade que ecoou pelo corredor, assustando a todos ao meu redor.

A tensão na sala de espera atingiu o ponto mais alto. Minha mãe chorava silenciosamente, meu pai estava visivelmente abalado, mas endurecido em sua decisão, e o médico parecia desconfortável com a situação. Jessica, apesar da surpresa, manteve sua postura calma. Meu pai estava prestes a responder, mas Jessica interveio com calma, tentando amenizar a situação.

-Por favor, todos nós estamos preocupados com Robin agora. Este não é o momento para conflitos familiares. Este tipo de situação não ajuda ninguém, principalmente Robin.

Estou tão cheio de raiva que direciono minha fúria para Jessica. Fico na frente dela, encarando-a, e ela continua firme, me olhando com seriedade.

-"Conflitos familiares" - Eu zombo dela com raiva. - Ninguém aqui quer sua preocupação falsa! - Grito amargurado. - Tudo isso começou por sua culpa!

Minhas palavras são cheias de amargura, e minha voz ecoa pelo corredor, carregada de ressentimento. Ela me olha seriamente e fecha os olhos por um momento, como se tentasse controlar suas próprias emoções. Não sei exatamente o que quero que Jessica diga, mas antes que ela possa responder, o pai dela e a mãe dela vêm em nossa direção, visivelmente aliviados.

-Jessi, Dam abriu os olhos!

A mãe de Jessica grita, e ela rapidamente abre os olhos, expressando alegria. Ela me ignora e corre para seus pais, se perdendo no corredor, me dando as costas. Estou perturbado. "Dam", o que ele está fazendo no hospital? Antes que eu possa ponderar sobre isso, o Dr. Richards me tira dos meus pensamentos, colocando a mão no meu ombro.

-Daniel, você foi injusto com ela. Há algumas horas, ela estava na mesma situação que você, desesperada e inconsolável. O irmão dela estava no carro de trás quando aconteceu o acidente de Robin.

As palavras do médico me atingem como um soco no estômago. Eu estava tão imerso em minha própria dor e raiva que não havia considerado o que Jessica e sua família também estavam passando. Seguro minha cabeça, arrependido pela minha atitude.

-O Dr. Richards, eu... Eu não sabia...

O médico assente com compreensão.

-Eu entendo, Daniel. A situação é muito estressante para todos nós, mas você não precisava descontar em Jessica ou em seu pai.

O médico se afasta, deixando-me com um peso de culpa e arrependimento. Minhas pernas fraquejam, e finalmente cedo, sentando-me em uma das cadeiras na sala de espera. Sinto-me impotente e devastado por minha atitude em relação a Jessica e preocupado com o estado de saúde de Robin.

Meu desespero e raiva havia sido temporariamente substituído por uma sensação de impotência e ansiedade enquanto aguardava notícias sobre o estado de saúde de Robin. Cada minuto que passava parecia uma eternidade, e desejo desesperadamente que ele sobreviva.

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Rosa Beheregaray Fagundes

Rosa Beheregaray Fagundes

torcendo pela recuperação dos acidentados

2024-04-08

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