Capítulo 13: Por trás dos bastidores

Daniel

Depois de dançar com Jessica, levei meu pai para um canto mais discreto do corredor e, com olhos fixos nos dele, quase gritei com raiva.

-Eu fiz o que você queria. Agora me diz onde Robin está?

Ele me encarou com frieza e, sem demonstrar qualquer remorso, respondeu.

-Vou te dizer onde ele está depois do seu casamento.

Aquelas palavras me atingiram como um soco no estômago, e minha indignação cresceu.

-Que tipo de pai esconde o seu irmão do seu irmão mais velho, para fazer com que ele faça o que ele quer?

Ele me olha com frieza e responde com uma tranquilidade que só intensifica mais minha frustração.

-Um pai que quer o melhor para os seus filhos.

A resposta dele só aumentou minha frustração, alimentando minha raiva. No entanto, eu sabia que não ganharia nada discutindo com ele, “isso não me levaria a lugar nenhum”, pensei,Lutando para manter a calma, respirei fundo e prefiro responder com o pouco de controle que tinha.

-Está bem, pai. Vamos fazer esse casamento do jeito que você quer. Mas, assim que a cerimônia acabar, você me dirá onde está o Robin, ou eu mesmo vou encontrá-lo e destruir tudo que você está construindo.-Digo olhando ele com raiva e com tom de ameaça.-E não pense que vou esquecer o que você fez hoje, pai.

Ele me repreendeu com firmeza, destacando o peso de nossas palavras.

-Está bem, mas não deixe que esse atraso vire um hábito. Se eu não tivesse usado a situação com o Robin como pressão, você provavelmente não teria vindo para a festa - ele me repreende.

-Sim, eu nunca teria aparecido nessa farsa se você não tivesse movido Robin do hospital e o mantido escondido até mesmo da minha mãe. O que você está fazendo, pai? - Eu disse com raiva, frustração e tristeza, lutando para entender as razões por trás de suas ações.

Meu pai, no entanto, permaneceu firme em sua posição, orgulhoso de sua determinação em manter o controle sobre a família e a empresa.

-Tudo o que for preciso para que esta família e empresa avancem, escuta bem Daniel, qualquer coisa. - Ele disse.

A tensão no corredor era evidente. Minhas mãos estavam cerradas em punhos, e eu lutava para conter minha raiva diante das palavras que saíam da boca dele. Era como estar preso em um jogo de xadrez, onde meu pai movia as peças de forma implacável, e eu me via obrigado a seguir suas regras distorcidas.

-Cada hora que passo nesta festa mais meu ódio por você cresce. Você acha mesmo que um casamento baseado em chantagens e manipulações vai garantir o futuro da família? - Minhas palavras saíam como uma acusação, carregadas de amargura e incredulidade.

Ele me olhou com seus olhos frios, e percebi que era como falar com uma parede. Não havia compaixão, nem mesmo um lampejo de arrependimento. A convicção em seus atos era perturbadora.

-Você não compreende a magnitude das responsabilidades que carrega, Daniel. Às vezes, é necessário fazer sacrifícios dolorosos para alcançar nossos objetivos maiores - ele retrucou, como se estivesse me ensinando uma lição.

-E desde quando sacrificamos nossa própria família em nome do sucesso nos negócios? Robin é seu filho, sua carne e sangue. Você o ama? - Minha voz tremia de raiva contida.

-Eu sempre faço o que é melhor para a família e para a empresa. Às vezes, as escolhas podem parecer duras, mas é a visão a longo prazo que importa - ele argumentou, suas palavras carregadas de racionalização.

Aquelas palavras perfuraram meu coração. Eu lutava para entender como alguém poderia ser tão desprovido de compaixão, tão centrado em seus próprios interesses. Eu já tinha visto meu pai tomar decisões difíceis no mundo dos negócios, mas isso era um novo nível de crueldade.

-A sua visão a longo prazo está cegando você, pai. Você está disposto a sacrificar o amor, a confiança e o vínculo familiar em troca do que? Sucesso nos negócios? Poder? - Minhas perguntas eram mais retóricas do que esperançosas de obter uma resposta sensata.

Ele permaneceu em silêncio por um momento, como se ponderasse minhas palavras. Mas logo sua expressão endureceu novamente.

-Nossos legados não são construídos com sentimentos, Daniel. São feitos com decisões e ações que moldam o futuro - ele disse, suas palavras soando como uma justificativa vazia.

Eu sabia que não poderia mudar a mente dele ali. Meu pai estava imerso em sua própria visão distorcida do que era certo. O casamento com Jessica era agora uma parte desse jogo, um jogo que eu estava determinado a vencer para salvar Jennifer e meu irmão.

-Por enquanto, vou seguir suas regras nesse tabuleiro. Mas saiba que isso não acabou. Quando tiver a chance, vou acabar com suas manipulações. Não importa quão alto você grite "família" e "empresa", isso não justifica o que você está fazendo - eu disse, minha voz firme apesar da raiva e da dor.

Ele me encarou por um momento antes de se afastar, desaparecendo entre os convidados da festa. Era difícil aceitar que ele estava disposto a usar meu irmão como uma moeda de troca para alcançar seus objetivos pessoais. Contudo, também era evidente que meu pai estava disposto a qualquer coisa para manter o controle sobre mim e a empresa.

A cerimônia de compromisso continuou, embora a tensão entre mim e meu pai ainda estivesse presente. Enquanto eu  trocava anéis com Jessica, eu não podia deixar de me perguntar como havíamos chegado a esse ponto. Meu casamento com Jessica que foi imposto, o pai de Jennifer que está se recuperando no hospital e o sorriso de Jennifer ao dizer que todas as dividas estavam pagas e ela estava segura.

Conforme os convidados aplaudiam e comemoravam nossa união, eu mantinha uma expressão neutra, incapaz de compartilhar a alegria deles. Meu pai, por outro lado, parecia satisfeito consigo mesmo, como se tivesse conseguido o que queria. Parei ali, vendo todo esse teatro, pensando em como vim parar nessa maldita festa.

Flashback

Eu estava no escritório, olhando para a vista da cidade lá fora, tentando me concentrar em meus deveres como executivo da empresa Statham. O telefone começou a tocar, quebrando o silêncio, e eu atendi com um suspiro.

-Daniel, o que você está fazendo que não está aqui? Se você não vier agora mesmo, vai se arrepender, - disse a voz de meu pai do outro lado da linha. Sua voz era fria e calculista, como sempre.

-Eu nunca concordei com essa maldita festa de compromisso e já estou arrependido, não há mais nada para me arrepender.- disse frustrado.

-Você se lembra de Robin, seu irmão mais novo, não é?

-Que tipo de pergunta é essa? Claro que me lembro, - respondi, minha mente imediatamente se enchendo de preocupação com meu irmão que estava no hospital após o acidente.

-Bom, você sabe onde ele está agora, - continuou meu pai, e eu podia ouvir um sorriso frio em sua voz. -Desde que você voltou do seu momento rebelde, eu pensei que não haveria forma de controlar você, mas poderia encontrar uma forma e a única resposta que encontrei foi Robin.

Eu estava começando a entender o que meu pai estava insinuando, e meu coração afundou.

-O que você fez, pai?

-Eu apenas tomei algumas medidas para garantir o futuro da empresa e da família, - ele respondeu, como se fosse a coisa mais natural do mundo. -Agora, ouça com atenção, Daniel. Você fará exatamente o que eu disser, ou você nunca mais verá  Robin, seu querido irmão. Ele está em minhas mãos, agora.

As palavras de meu pai caíram como um peso sobre meus ombros. Eu sabia que ele era capaz de fazer qualquer coisa para alcançar seus objetivos, mas ameaçar Robin, seu próprio filho, era um novo nível de crueldade.

-Então, você está me dizendo que ameaça a segurança e o bem-estar de Robin para garantir que eu vá para a festa de compromisso? Tudo isso por uma festa?, - perguntei, minha voz de reprovação e raiva.

-Sim, Hoje à noite, na festa de compromisso, você trocará alianças com Jessica, - ele ordenou. - E você manterá as aparências, não importa o que aconteça. Isso é o que eu quero.

-Como sei se o que você está dizendo é verdade? Robin deve estar no hospital e isto deve ser outra das suas mentiras.

Ele solta um suspiro barulhento e continua.

-Você tem algum tempo para confirmar se o que eu digo é verdade ou é mentira. Depois de confirmar e melhor aparecer aqui na festa. As pessoas já estão comentando, - ele disse furioso e desligou o telefone.

Liguei para minha mãe para confirmar.

-Olá, Daniel, Onde você está as pessoas estão…- ela atendeu com voz alarmada, mas eu a corto.

-Mãe, preciso saber uma coisa, - comecei, minha voz mais séria do que eu pretendia. - Robin ainda está no hospital?

Houve uma breve pausa antes de ela responder, claramente surpresa com minha pergunta.

-Sim, claro que está. Por que você pergunta?

Respirei fundo, aliviado por sua resposta.

- Nada, apenas me certificando. Obrigado, mãe.-Digo e desligo antes que ela comece com as suas perguntas ou ínsita para ir a festa.

Depois da conversa com minha mãe eu fiquei calmo, mas ainda não estava completamente convencido, então peguei meu casaco e fui dirigindo para o hospital onde Robin estava.

Ao entrar no quarto de Robin, meu coração deu um salto. O quarto estava vazio. As suspeitas que eu tinha começaram a tomar forma, e eu sabia que algo estava terrivelmente errado. Eu peguei meu celular e disquei o número de meu pai, não dando a ele tempo para dizer alô antes de perguntar furioso.

-Onde está Robin? O que você fez com ele?

A resposta de meu pai foi direta e impiedosa:

-Você já confirmou minhas palavras, Daniel? Se já é hora de você vir imediatamente para a festa de compromisso.

-Pai, você realmente acha que isso vai me fazer ir para a festa?

Houve um silêncio do outro lado da linha antes que meu pai finalmente falar, sua voz fria e calculista.

-Você tem apenas uma escolha, Daniel. Vem para a festa de compromisso agora, como prometeu, ou vou garantir que você nunca veja Robin novamente.

Ele desligou o telefone sem esperar por minha resposta, e eu fiquei ali, segurando o celular com raiva e frustração. Era evidente que meu pai estava decidido a manter Robin longe, não importando o que eu tentasse.

Com um suspiro pesado, eu me preparei mentalmente para ir me trocar e ir a festa de compromisso.

Fim do Flashback

-Daniel.-Jessica me tira dos meus pensamentos, eu olho para ela, acho que ela percebeu meu humor por que ela para com seus sarcasmos desde que voltei do corredor, ela se aproxima de mim e diz baixinho.-Vamos acabar com este circo e ir embora.

Eu a olho um pouco confuso, mas balanço a cabeça em afirmação

-Sim, você está certa - concordei, sussurrando para que só ela pudesse ouvir. Ela me olha séria 

-Como faremos….

Ela é interrompida pela mulher que estava causando uma sena antes de eu chegar.

-Vocês realmente dançam bem, e parecem um casal dos sonhos!- Ela elogiou, apontando para nós dois. - Mas acredito que a dança anterior teria sido mais confortável se uma certa pessoa parasse de pisar no pé da outra. Mas, ao que parece, a outra merecia isso de qualquer forma, então não opino nada mais.

-Concordo com você, Vanessa. - Eu disse, concordando com o comentário dela.

Eu olho para elas e vejo que são boas amigas,  já que estavam se divertindo à minha custa.

-Eu também concordo, exceto pela parte de merecer.-olho para ela e percebo que ela esta muito bem para alguém que passou mal.- Você era a mulher que não estava se sentindo bem quando cheguei, certo? - Perguntei, tentando esclarecer a situação.

Essa mulher olha para Jessica como se conversassem sem se falar, quando por fim acabam de conversar com os olhos a mulher me responde.

-Sou Vanessa  de…-Um homem a interrompe.

-Meu amor e hora de irmos ou não chegaremos a tempo para avião.

O homem segura ela da cintura ela dá um sorriso e balança a cabeça afirmando, pela forma como ele fala deve ser o marido dela ela olha agora para Jessica e diz.

-Vim aqui me despedir, tenho que ir agora, mas se precisar de qualquer coisa, me chame, Jessica. - Ela dirigiu o olhar para mim. - Você roubou a minha futura cunhada, então é melhor tratá-la muito bem, ou nos veremos de novo, e não será nada agradável.

A maneira como ela me olhou parecia séria e até ameaçadora. No entanto, Jessica interrompeu a ameaça da sua amiga.

-Antes de vocês irem, poderiam nos ajudar a fugir deste circo? - Ela sugeriu, e Vanessa pareceu entender a situação. No entanto, o marido de Vanessa a interrompeu com irritação.

-Vocês vão fazer aquela maldita cena de novo? - Ele disse com raiva, olhando para Vanessa e depois para Jessica, quase emanando uma aura de perigo, meu sexto sentido diz que esse homem é perigoso. Instintivamente, eu trouxe Jessica mais perto de mim. 

Ato que não passa despercebido por Vanessa que me dá um sorriso e fala com o seu marido.

-Fer, eu fiz isso porque quis, e você me deve esse susto pelo que aconteceu da última vez. - Ela disse com um sorriso que parecia acalmar seu marido, e ele soltou um suspiro.

-Tenho uma forma melhor de eles saírem dessa festa sem precisar assustar ninguém. - Ele disse, segurando o rosto da esposa e depois olhou para Jessica e para mim.

-Não precisamos de mais confusão. Se você tem uma maneira de sairmos daqui discretamente, ficaremos muito gratos -respondi, aliviado por evitarmos qualquer confronto desnecessário com meu pai ou com os pais de Jessica. O importante era sair dali sem chamar atenção. Depois eu cuido dos gritos do meu pai por sair cedo da festa.

Vanessa assentiu com um sorriso, e o marido dela parecia ter se acalmado. Ele provavelmente entendeu a situação complicada em que estávamos e estava disposto a ajudar. A forma que Vanessa disse para ele também pode ter ajudado.

-Sigam-nos. Conhecemos uma saída mais discreta que não chamará a atenção, vocês estão fugindo dos seus pais, não estão? Vanessa vai distraí-los enquanto eu mostro a saída. - disse ele, começando a nos guiar por um caminho alternativo enquanto Vanessa ia em direção aos nossos pais.

Jessica e eu seguimos o marido de Vanessa, agradecidos por sua ajuda. Enquanto caminhávamos pelos corredores da festa, tentamos ignorar os olhares curiosos dos convidados e manter uma expressão neutra. A última coisa que precisávamos era atrair mais atenção.

Após alguns minutos de caminhada discreta,  fomos a uma porta lateral que dava para o exterior do local da festa. Estávamos fora do alcance da música alta e das risadas dos convidados.

-Espero que isso ajude vocês a escaparem daqui sem muitos problemas. Boa sorte com tudo - disse o marido de Vanessa, estendendo a mão para cumprimentar Jessica e depois a mim.

-Agradecemos muito pela sua ajuda, Fernando. Vocês foram os nossos salvadores - disse Jessica, com gratidão sincera em seus olhos.

-Sim, obrigado. Não esqueceremos a gentileza de vocês - acrescentei, apertando a mão de Fernando com firmeza.

Vanessa chegou atrás de nós com um sorriso e acenou. Ela se despediu de Jessica com um abraço e me deu um adeus seco e curto, repetindo sua ameaça antes de ir. Em seguida, eles partiram em direção à saída da frente, desaparecendo pela porta.

Após nos despedirmos de Vanessa e Fernando, Jessica e eu nos encontramos em um local mais tranquilo, afastados da agitação da festa. Estávamos aliviados por termos conseguido escapar sem chamar muita atenção. Em meio ao silêncio, sou eu quem começa a falar quebrando o silêncio.

-Sua amiga é intimidante.

-Sim, ela pode ser. Eu diria que ela é um amor, mas estaria mentindo, então, tome cuidado.

Eu a olho e ela me  também me olhou e sorriu, deixando claro que aquilo era uma ameaça

-Ainda está chateada pelo meu atraso?

-Na verdade, eu nunca estive chateada. Fiquei apenas confusa, e acabei reagindo dessa forma, porque se  era para você chegar atrasado, porque vir?era mais facil você não ter vindo, mas chegou tarde e isso mudou muito os meus planos, mas entendo.

Suas palavras me irritaram. Eu não queria estar naquela festa em primeiro lugar, e estava chateado pelo fato de meu pai ter escondido Robin. Mas, ao mesmo tempo, Jessica estava claramente preocupada com seus próprios planos.

-Você... você é gananciosa, descarada e egoísta. Parece se importar mais com o que te beneficia do que com as possíveis consequências dos seus atos para os outros.

Ela me encara com raiva, mas pensa um pouco e tenta se controlar.

-Eu apenas faço o que é necessário para manter aqueles que amo em segurança, e se isso afeta alguém, lástima. Mas não vou deixar de fazer o que preciso apenas por isso.-Suas palavras me atingiram em cheio, e percebi que ela tinha razão. No entanto, antes que eu pudesse responder. Ela fala.-E você, que é ganancioso querendo que todos sejam felizes, incluindo você mesmo. Isso também é ganância, entenda que ganância não se limita apenas ao dinheiro.

Essas foram suas últimas palavras antes de se virar e sair andando. Fiquei ali, sem saber o que fazer ou pensar, pelo que parece com toda esta confusão Robin e Jennifer, eu acabei esquecendo que Jessica também está nesta situação forçada como eu e começo a lamentar a minha escolha de me casar, alguém sempre sai machucado em tudo isto, eu realmente sou ganancioso querendo que todos estejam bem?

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Comments

Rosa Beheregaray Fagundes

Rosa Beheregaray Fagundes

esperando as coisas entre eles se resolver

2024-04-08

0

Rosa Beheregaray Fagundes

Rosa Beheregaray Fagundes

torcendo pra que as coisas entre eles se acalmem

2024-04-08

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