Capítulo 17: Ato Final

Daniel

O que Dan me oferece agora é algo que eu teria aceitado sem hesitação se Robin estivesse aqui agora, mas agora ele está em uma cama com cabos conectado a ele para mantê-lo vivo. Eu olho nos olhos de Dan. 

-Dan, eu entendo sua preocupação e o dilema de querer proteger sua irmã. Eu também estou nesse dilema. Quero proteger aqueles que me rodeiam. - - digo com sinceridade. - É por isso que decidi me casar com Jessica e espero que você aceite. Farei o que estiver ao meu alcance para tornar este casamento o mais agradável possível para mim e Jessica, assegurando que minhas ações não prejudiquem Jessica. "Desde que Jessica também colabore", penso.

Dan me encara com uma intensidade penetrante antes de soltar um suspiro pesado.

-Não quero me arrepender novamente, Daniel. Esteja ciente de que estou disposto a fazer valer minha posição como seu irmão e fazer com que você cumpra.- Ele diz, emitindo uma ameaça velada.

Eu mantenho o olhar firme sobre ele, “melhor eu não levar a leve essa palavras de Dan”, penso.

-Dan, eu entendo sua preocupação e sua vontade de proteger sua irmã. Isso é digno de respeito, e quero que saiba que não tenho intenção de machucar Jessica de qualquer forma. Acredito que podemos fazer isso funcionar.-Respondo, mantendo meu olhar firme no dele.

Dan parece ponderar minhas palavras por um momento, sua expressão suavizando ligeiramente.

-Bem, então vamos fazer um acordo, Daniel. Eu vou dar uma chance a isso, mas vou estar observando de perto. E se você, de alguma forma, magoar minha irmã, não importa o quão bem intencionado você esteja, eu vou agir. Compreende? - Ele mantém seu tom sério, mas há uma sensação de que ele pode estar disposto a ceder, pelo menos por enquanto.-Eu assinto, sério.

- Compreendo, Dan. Espero que não cheguemos a esse ponto, e que possamos resolver qualquer problema que surja de maneira pacífica e madura.

Ele me olha.

-Eu também espero.-Ele diz e olha para seu relógio.- -Já está mais do que na hora deste casamento começar. Vamos. - Ele estende a mão, indicando o caminho, e eu o sigo. Avançamos em direção à cerimônia de casamento, mas não posso ignorar os cochichos dos convidados ao meu redor.

"Olhe para o noivo, por um momento pensei que não teria casamento, seria uma pena para a noiva."

"Isso é um escândalo."

"E o noivo chegando atrasado à própria festa de casamento? Isso não é um bom sinal, com certeza."

"Dizem que o amor é cego, mas pensei que o noivo tivesse aberto os olhos antes do maior erro da sua vida."

“Pensei que ele tivesse descoberto o passado da sua noiva, Jessi a imprevisível.”

“Pobre homem, ele deve estar sendo obrigado.”

Entendo por que Dan estava tão irritado antes. Com esses tipos de conversas, qualquer um ficaria magoado, e todos esses comentários falam mal de Jessica. Olho para Dan, que se afasta para falar com algumas senhoras que estavam falando isso.  Antes de eu ir onde ele, minha mãe segura meu braço.

-Você já fez o suficiente chegando atrasado, melhor você ir para o altar.

Ela diz severamente, claramente irritada comigo também. Não digo mais nada e vou para o "altar" onde o juiz está para assinarmos os papéis.

Enquanto caminho pelo corredor em direção ao "altar", consigo ouvir mais conversas deles, palavras cruéis e julgamentos a mim, de seta forma me sinto um pouco melhor.

"Pobre Jessica, merecia alguém melhor."

"Casamento apressado é a maneira perfeita de acabar com o seu próprio conto de fadas."

"Parece que alguém está ansioso para garantir uma herança ou um seguro de vida."

"Casamento apressado? Aposto que isso não vai durar muito tempo."

Quando finalmente chego ao altar, os murmúrios maldosos ainda ecoavam na igreja. Eu podia sentir os olhares julgadores da multidão sobre mim, sinto um nó na garganta diante desses comentários desagradáveis, mas mantenho a cabeça erguida e continuo caminhando em direção ao altar. 

Eu estava de pé no altar, meu coração acelerado à medida que esperava ansiosamente a chegada de Jessica. Apesar de todas as adversidades que estávamos enfrentando, meu desejo de tornar essa união o melhor possível para nós permanecia inabalável. Enquanto a cerimônia avançava, mantive o olhar fixo no corredor, ansioso para ver Jessica entrar e oficializar nosso compromisso.

Finalmente, a música começou a tocar, anunciando a entrada de Jessica. Ela surgiu no corredor, deslumbrante como um anjo em seu vestido de noiva, seus cabelos soltos caindo graciosamente sobre o traje. Seu rosto irradiava uma beleza e determinação que temporariamente me fez esquecer os cochichos e críticas à nossa volta.

Meu foco apenas estava en Jessica. Mas minha atenção logo foi desviada pelo som de uma garganta sendo limpada, e, ao virar meu olhar, me deparei com o pai de Jessica, que a acompanhava até o altar. Seu semblante estava fechado, denunciando claramente seu desagrado pelo meu atraso. Seus olhos gelados e lábios firmemente apertados não escondiam sua insatisfação, tornando a tensão palpável à medida que eles se aproximavam do altar.

Eu vou na direção deles, interrompendo o caminho para pedir a mão de Jessica. No entanto, o olhar gélido e os lábios apertados do pai dela não passaram despercebidos, causando um silêncio momentâneo entre os convidados. O pai de Jessica não entrega a mão dela, ele me encara e com um tom baixo, mas autoritário, diz.

-Cuide bem dela, Daniel.

Um sorriso apareceu nos lábios de Jessica, e ela manteve seu olhar fixo em seu pai, como se tivesse dificuldade em acreditar no que ele havia dito. Eu quase vacilo ao ouvir essas palavras. É um absurdo ouvir um homem que está literalmente vendendo a própria filha por interesses financeiros falar isso. A raiva borbulha dentro de mim, mas respiro fundo e mantenho minha compostura. A situação exige que eu seja melhor do que a provocação.

-Eu vou fazer o meu melhor para fazê-la feliz, senhor. - Respondo com calma, segurando o olhar do pai de Jessica com firmeza.

Ele me lançou um último olhar penetrante antes de entregar a mão de Jessica para mim e voltar ao seu lugar.

Jessica e eu seguimos em direção ao altar, mas os convidados em suas cadeiras não conseguem conter seus cochichos cruéis, que se tornam cada vez mais altos. Olho para Jessica, consciente de que ela também está ouvindo essas palavras maldosas, mas sua expressão permanece imperturbável, como se não as estivesse escutando.

"Ela merecia alguém melhor."

"Será que ele realmente a ama?"

"O noivo atrasado? Ele deve ter percebido que estava a caminho do maior erro da vida dele."

"Esse casamento parece mais um acordo do que um amor verdadeiro."

"Eles estão indo tão rápido que provavelmente já estão planejando o próximo casamento antes deste terminar."

"Bem, pelo menos eles não vão precisar gastar muito com um advogado quando isso terminar em divórcio."

"Eu me pergunto quantas pessoas eles convidaram para o divórcio depois que isso tudo der errado."

Alguns sussurravam entre si, e uma conversa em particular chamou a atenção de Jessica e a minha. Ela olhou na direção dos cochichos, com uma expressão de surpresa e incompreensão.

-"Casamento tão rápido depois do noivado? Isso é um pouco suspeito, não acha?"

-"Será que ela está grávida?"

-”Sim, olhe, ela está com uma barriguinha.”

-"Quem diria que ele se casaria tão rápido, mas a paternidade faz isso com as pessoas."

-"Ela provavelmente engravidou de propósito para garantir que ele a casasse."

-”Sim, ele deve ter percebido o golpe e desistido... mas os pais os forçaram.”

Essas palavras eram venenosas. Queria gritar, queria explicar a todos que isso não era o que parecia. No entanto, meus lábios permaneceram selados.

Olhei para Jessica, procurando em seu rosto uma reação. Mas tudo o que encontrei foi um rosto impassível, um semblante que não revelava emoção alguma.

Murmurei baixinho, buscando desesperadamente uma forma de amenizar a situação.

-Desculpe pelo meu atraso - sussurrei, esperando que ela pudesse perceber a sinceridade em minhas palavras.

Jessica olhou diretamente para frente, seu olhar fixo no altar. Um pequeno sorriso surgiu em seus lábios.

-Foi culpa do trânsito - ela respondeu com uma pitada de humor na voz, talvez sarcasmo, mas era difícil identificar.

-Sim - respondi brevemente antes de continuarmos.

Quando finalmente chegamos diante do juiz para a cerimônia, Jessica e eu paramos frente a frente, como em um casamento religioso. Como não havia crianças nas duas famílias, Vanessa, com um sorriso estampado no rosto, foi quem trouxe as alianças e parou diante de nós. Seu olhar parecia acusatório, lembrando-me da ameaça que fez no compromisso. No entanto, ao olhar para Jessica, Jessica apenas balançou a cabeça em negação para ela, e as duas trocaram palavras silenciosas. O juiz interrompeu o momento.

-Podem começar com seus votos.

Não era uma cerimônia religiosa, mas meu pai insistiu que deveríamos fazer votos. A expressão de Jessica deixava claro que ela também não estava satisfeita com essa parte.

-Pode começar com suas palavras de amor, Daniel - Vanessa me instigou, e assim comecei.

Seguro a mão de Jessica e tento encontrar as palavras certas, mas elas parecem vazias e sem sentido para mim.

-Prometo amar-te, honrar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença.

Que promessa estou fazendo? Um compromisso baseado em mentiras e vazios? Prometo amá-la, honrá-la e cuidar dela, mas sinto que estou traindo a todos, inclusive a mim mesmo. Disse enquanto deslizava a aliança em seu dedo. Evitei a tradicional promessa de "até que a morte nos separe" porque, para mim, esta era apenas o início do fim do nosso casamento. Jessica pegou a aliança e prosseguiu.

-Prometo honrar e respeitar-te, como honrei e respeitei a decisão de realizar este casamento. -Ela diz com um sorriso claramente dizendo que ela não iria fazer isso mas ela continua.-Também prometo tentar manter a calma quando você se atrasar 30 minutos para um jantar, um filme ou, bem, o próprio casamento. Será um desafio, mas estou me preparando.-Ela diz suspirando e dando, um sorriso que iluminou seu rosto e fez todo mundo relaxar.- Prometo que, quando você se atrasar, vou culpar o trânsito, o clima ou qualquer outra desculpa criativa para poupar-te da culpa. Afinal, suas desculpas criativas sempre valem a pena esperar.

Jessica colocou a aliança no meu dedo, e por um momento, o mundo ao nosso redor pareceu desaparecer. Fui pego de surpresa por suas palavras e gesto. Assim como eu, os convidados também ficaram surpresos com sua ousadia e senso de humor. Foi Vanessa quem quebrou o silêncio com uma gargalhada genuína, e os convidados a seguiram, uma onda de risos contidos começou a se espalhar entre os convidados. Alguns olhares de surpresa e divertimento eram direcionados a nós, enquanto outros pareciam estar se divertindo com a singularidade dos nossos votos. Eu mesmo, embora atônito com suas palavras, não pude conter um leve sorriso. Aquilo era a Jessica, autêntica e cheia de surpresas, “Jessica a  imprevisível ". com uma frase ela mudou completamente a atmosfera do casamento.

Quando ela deslizou a aliança em meu dedo, a sala estava repleta de uma atmosfera mais leve e descontraída. Vanessa volta para seu lugar de dama dando uma piscada  para Jessica ainda rindo. O juiz, por sua vez, esboçou um discreto sorriso antes de retomar a cerimônia com compostura.

-Está bem, está bem. -ele disse, organizando as notas em sua prancheta.-Vamos prosseguir. Agora, Daniel Statham e Jessica Morrison, por favor assinem aqui, e a partir deste momento, serão legalmente marido e mulher.

Fui o primeiro a assinar a ata de casamento, seguido por Jessica.

-A partir de agora, são marido e mulher perante a lei. Podem se beijar.

Jessica e eu nos aproximamos, mas estava repleto de dúvidas e eu não queria fazer isso, era uma traição a Jennifer. No entanto, senti a pressão dos olhares curiosos de todos ao nosso redor, aguardando o momento do beijo, e o olhar de Jessica que não expressava nada.

Com um suspiro resignado, inclinei-me em direção a Jessica, e nossos lábios se encontraram em um beijo que parecia selar um compromisso inexorável. Tentei interromper o beijo após alguns segundos, mas Jessica segurou-me pelo pescoço, aprofundando o calor do momento. Arrastado por essa intensidade, eu também me deixei levar, até que, no fim, foi ela quem pôs um fim ao beijo. Fiquei atônito, encarando-a perplexo, enquanto os aplausos dos convidados rompiam o silêncio tenso. Jessica começou a caminhar em direção à porta do jardim para entrar em casa, e eu a segui, ainda confuso e sem entender completamente o que acabara de ocorrer. Será que ela fez isso apenas para evitar que os convidados comentassem?

À medida que percorremos o corredor como marido e mulher, minha confusão persistia, tentando compreender se o gesto de Jessica tinha sido apenas para aplacar possíveis fofocas dos convidados. Contudo, nesse turbilhão de pensamentos, meus olhos se encontraram com os de Jennifer, que estava ali, silenciosa, observando a cena.

Ali, entre os convidados, seu rosto pálido e os olhos carregados de tristeza me surpreendem. Fico atordoado ao vê-la ali, sem entender como conseguiu entrar na cerimônia. Paro de andar por um momento, ignorando Jessica, que puxa minha mão para me fazer continuar. Minha mente é uma confusão de emoções conflitantes.

Jessica me puxa com mais força, e finalmente continuo andando, deixando Jennifer para trás.

-Daniel, sua perna está machucada?-, sussurra Jessica.

-Não, não é nada. Estou bem- respondo, tentando manter uma fachada de normalidade enquanto seguimos em direção à saída.

Os olhares dos convidados, curiosos e parabenizando-nos, apenas aumentam minha confusão interior. Ao mesmo tempo, sinto um aperto no peito ao pensar em Jennifer, que agora está ali, entre todos aqueles que celebram nosso casamento.

Antes de chegarmos ao salão de festas, apenas estávamos eu Jessica indo nos trocar para ir ao salão, sinto uma urgência avassaladora de encontrar Jennifer e garantir que ela esteja bem, e que ela vá embora não quero que alguém a machuque.

-Jessica, eu vou falar com meu pai. Então pode ir se trocar e te vejo na porta do jardim para irmos  ao salão juntos

Digo e ela concorda e sobe as escadas com sua amiga Vanessa, diz de costas para mim.

-Claro, vá em frente. Não demore muito.

Eu procuro por Jennifer por toda a casa e entre os convidados mas não a encontro até que em um canto tranquilo, longe dos convidados ela estava, e sua expressão é de raiva e mágoa.

-O que você está fazendo aqui, Jennifer? Você não deveria estar em casa, segura?

Ela me olha com fúria.

-Segura? Em casa? - ela respondeu, sua raiva transparecendo claramente. - Você queria que eu estivesse em casa e não visse você beijando ela, e por isso?

-Jennifer, eu só queria ter certeza de que você estava bem - comecei, tentando explicar minha presença na cerimônia. - Eu não queria que nada de ruim acontecesse, por isso é melhor voltar para casa.

-Eu não sou uma criança, Daniel. Posso cuidar de mim mesma. E eu não vou embora daqui até que você me ouça.

Suspiro profundamente, sabendo que não posso ignorá-la.

-Então fale, Jennifer. O que você quer?

Ela me encara com intensidade.

-Quero que você saia dessa festa agora, Daniel. Eu achei que suportaria a dor deste casamento, porque parte disso foi culpa da minha família, mas ver você e ela se beijando quebrou meu coração em mil pedaços, Você não deveria estar aqui, celebrando um casamento que não quer. 

Eu a olho com tristeza, sabendo que ela está certa, mas também consciente das consequências de deixar a festa. Eu suspiro e passo a mão pelo cabelo, frustrado.

-Jennifer, eu entendo o que você está dizendo, e parte de mim concorda com você. Mas eu tenho responsabilidades e compromissos que não posso simplesmente abandonar, eu disse que uma vez que concordasse com este casamento  não poderia dar para trás. Eu prometi a Jessica que faria isso, e eu tenho que cumprir minha palavra.

Jennifer fecha os punhos de frustração.

-Você está escolhendo cumprir sua palavra a alguém que mal conhece em vez de seguir o que seu coração diz. Isso é uma loucura, Daniel.

Nossa discussão está ficando mais intensa, e estou começando a perder a paciência.

-Jennifer, eu te amo, mas você não entende a complexidade de toda essa situação. Eu não posso ir embora agora e você sabe disso.

Ela me olha com olhos cheios de lágrimas, sua voz trêmula me olha fixamente. Parecia que ela estava prestes a expressar algo, mas ao me encarar, desviou o olhar ligeiramente, e ela se acalma .

-Eu te amo, Daniel, mas sei que não podemos mudar as coisas agora. Vou sair da festa, te dando espaço para fazer o que precisa fazer.

Beijo sua testa, agradecido pela sua compreensão, eu a abraço com carinho, tentando acalmá-la.

-Não desista de nós, Jennifer. Assim que puder, encontrarei uma maneira de ficarmos juntos, sem mentiras, sem jogos.

Ela assente e se afasta, deixando-me com um coração pesado e uma sensação de solidão. Ao me virar para ir ao encontro de Jessica, percebo um homem também se afastando em direção à festa. "Ele está muito longe para ter ouvido ou visto algo," penso, tentando dissipar a preocupação. Deixo de pensar nisso e, com o ânimo bastante abalado, mistura de raiva e impotência, sigo em direção a Jessica.

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