Capítulo 16

Encaro a mulher a minha frente, que pela aparência não passa de uma menina mulher, bela como o nascer do sol, e delicada como a pétala de uma rosa, mas em seus olhos a tristeza transborda...

Meu coração poucas vezes experimentou sentimentos tão intensos quanto agora. Sinto uma profunda compaixão por ela, mas preciso ser cauteloso com tais sentimentos, pois já me enganei uma vez.

Seguro seu queixo delicado e olho em seus olhos.

- Esposa, não deixe que esse temor tire seu sorriso. - digo, sério. - Tão certo como o sol nasce todas as manhãs e se põe a tardinha, assim será a minha promessa de que eu não a devolverei àqueles que tanto a fizeram sofrer. - a vejo respirar profundamente. - Confesso que meus pensamentos em relação à esse casamento não eram os melhores, pois assim como você, eu não o desejei, mas por hora peço que aproveite toda a alegria das celebrações de nosso casamento, e não permita que as armações de quem tentou lhe magoar tenham sucesso.- ela me olha, surpresa.

- Como sabe?

- Eu apenas sei. - afirmo. - Mas acredite em mim, quando digo que, a partir do momento que aceitei nossa união, coloquei em meu coração a decisão de permanecer fiel durante o tempo em que permanecermos casados. Então, eu vou te explicar tudo após a nossa segunda cerimônia do dia, mas peço que se alegre e não deixe que ninguém tire seu sorriso. Pode faze isso?

- É uma promessa que não me devolverá a minha família de origem? E que não serei a esposa traída e humilhada? - pergunta, apreensiva.

- Sim, é uma promessa! - afirmo.

Ela respira fundo novamente, e então me dá um leve sorriso.

- Então confiarei em suas palavras, senhor meu marido.

- Assim está melhor. - acaricio sua mão. - Preciso ir agora, só queria tranquilizar seu coração. Nos vemos daqui a pouco, na próxima cerimônia. Tenho certeza que estará radiante, minha bela zawja! - ela sorri timidamente. - Tem um sorriso lindo, sabia?

- Obrigada, senhor meu marido... O senhor também é muito... - morde o lábio inferior, e isso me faz desejar beijá-los, mas me contenho. - Bonito. - desvia o olhar e isso me faz sorrir discretamente... tão bela e corada em sua timidez.

- E minha bela esposa fica ainda mais linda assim, com as faces coradas pela timidez. - levanto minha mão e acaricio seu rosto levemente, e a vejo corar violentamente mais, o que me deixa satisfeito.

- Meu filho! - ouço a voz repreensiva de minha mãe e sorrio de lado... eu sabia que ela me repreeenderia. - Você disse uma ou duas palavras, menino! - diz baixo e vejo minha esposa sorrir discretamente.

- Feliz?! - questiono e ela me olha, surpresa. - Fui repreendido para lhe arrancar um sorriso, minha bela, então faça valer a pena meu sacrifício. - ela sorri mais ainda e fica ainda mais corada. - Vou me trocar. - beijo sua mão e aspiro o perfume delicioso que só ela tem.

Me ponho de pé, com minha mãe ao meu lado, a fim de garantir que não farei mais nada de errado.

Faço uma leve reverência à minha doce Yasmin, e ao me virar, posso ver as expressões de raiva e inveja em Najla e suas duas companheiras cobras.

Agradeço mentalmente por ter me livrado dessa moça, ou colocaria outra serpente dentro da casa de meus pais. Já nos basta ter que lidar com Samira!

Saio do pátio e, sempre que passo, posso ouvir os cochichos e suspiros de algumas moças e até mulheres um pouco mais velhas, mas hoje não me importo, pois a que realmente me interessa já está prometida à mim!

《••••》

- Nunca pensei que viveria para celebrar um casamento seu, mas você me surpreendeu, meu filho. - meu pai toca meu ombro. - Estou orgulhoso por ter aceitado minha decisão, e confesso que estou grato também. Você verá que ter uma esposa não é uma punição, e sim uma benção.

- Obrigada meu pai. Sei que só queria o melhor para mim com esse arranjo de casamento. - solto o ar com força. - Mas insisto em dizer, que o Sr. Omar deveria ser privado de receber o dote, como punição por todas as agressões, físicas e psicológicas, que cometeu contra a falecida esposa e contra a própria filha. Sinceramente fico feliz em ter desposado Yasmin ao invés de Najla, pois eu não teria paz com uma moça perversa como a filha mais velha do Sr. Omar. Seria como ter uma versão da senhora Ursula dividindo a mesma cama e o que é pior, estaria alimentando uma serpente ardilosa para talvez me picar no futuro.

Meu pai sorri levemente, o que é raro de se ver, mas hoje ele parece estranhamente feliz.

- Meu filho, não sabe como o meu coração se alegra em ouvi-lo dizer tais palavras. Sinto que será um marido que honra e protege sua esposa. - ele suspira, pensativo. - Sua mãe me relatou algumas coisas que aconteceram com Zípora, a mãe de sua esposa. Omar foi realmente um péssimo marido para aquela pobre mulher, e envenenado por Ursula e por Najla, ele maltratou a própria filha. Acredita que a pobre Yasmin nem sequer concluiu os estudos? - meneia a cabeça. - Peço que tenha paciência com essa moça, meu filho. Ela não foi criada segundo nossos costumes e tradições, então pode ser que demore um pouco para se adaptar. Pedi a sua mãe que a ensine tudo o que for preciso, mas isso só poderá acontecer quando voltarem da lua de mel.

- Pode ficar tranquilo, meu pai. Eu serei paciente. - respiro fundo. - E quanto ao sr. Omar? - questiono.

- Pelas nossas leis, o dote deve ser pago, não há o que fazer quanto a isso. - nós dois bufamos. - Porém, vou me certificar de que ele não consiga se reerguer com esse dinheiro. Tenho meios de deixá-lo em situação de pobreza, e assim eu farei. - diz,firme. - Sua mãe era uma grande amiga da falecida esposa de Omar, e ela sofreu muito quando a amiga morreu, e mais ainda agora, pois descobriu que a pobre Yasmin sofria maus tratos, e até agressões físicas quando mais jovem.

Saber tais coisas me deixa muito irritado.

- Meu pai, faça-o pagar por tanto sofrimento que causou, e se precisar de minha ajuda, terei prazer em participar.

Meu pai novamente suspira.

- Não se preocupe, meu filho. Eu mesmo cuidarei disso. Conheço Omar há muitos anos. Ele costumava ser um homem bom e justo, que amava sua falecida esposa, mas bastou que Ursula entrasse em sua vida, que seu juízo foi atirado ao vento, e ele se tornou ambicioso, ardiloso e malvado, assim como Ursula sempre foi. Me dói ver que um homem que um dia chamei de amigo tenha se tornado um ser detestável, capaz de vender e maltratar a própria filha. Mas sou um Sheik, e agirei como tal, fazendo justiça! Omar sofrerá as consequências por suas maldades, e será do meu jeito.

Assinto levemente, pois se bem conheço o Sheik Yousef Harmud, eu não gostaria de estar na pele do sr. Omar...

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Comments

Ligia Barbosa

Ligia Barbosa

Parabéns Autora, vc sempre surpreendendo com sua belas estórias. Interessante a narrativa fiel a cultura em que se passa a estória, muito bom

2023-10-21

330

Maria Aparecida

Maria Aparecida

gostando é pouco estou amando

2024-05-10

0

Sueli Parajara Bento

Sueli Parajara Bento

parabéns autora

2024-05-09

0

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