Capítulo 2

Enquanto isso, no Brasil…

Yasmin

- Pai, porque eu preciso me submeter a isso? A Nadja quem deveria se casar, afinal, ela é a mais velha. O senhor disse que me permitiria estudar ...

- Cale-se, Yasmin! - meu pai brada. - Não questione as minhas ordens, apenas obedeça!

- Não posso apenas obedecer, papai! Eu sou uma moça jovem ainda, não tenho idade para o casamento.- quase imploro.

- Você já completou 20 anos, está passando da idade de se casar e dar filhos ao seu futuro marido! E esse casamento me trará benefícios.

- Benefícios?! - me irrito. - Eu não vou ser usada como moeda de troca para livrá-los das dívidas em que se enfiaram com seus gastos impensados!

No mesmo instante, sinto o meu pai agarrar o meu pulso com força, sacudindo o meu corpo e me arrastando até o quarto onde fiquei presa durante anos, saindo apenas para fazer as tarefas da casa, desde que a minha mãe faleceu.

- Não! Não me tranque, papai! Por favor! - suplico.

- Deixe ela pensar, Omar! - ouço a voz da minha madrasta, Ursula. - Ela te desafiou, então merece ficar algumas horas pensando em suas ações e rebeldia.

- Não, eu peço desculpas! Não me deixe aqui, é escuro! - choro.

- Pois vai pensar duas vezes antes de desafiar a autoridade do seu pai, querida enteada. - ela dá um sorriso sádico e me empurra, trancando a porta.

Logo as luzes do quarto se apagam, e eu me encolho sobre a cama, cobrindo a cabeça com um pano.

Eu tenho medo do escuro desde muito pequena, e desde que a minha mãe, que era a primeira esposa, faleceu... ah, mãezinha!

Tantas coisas eu tenho sofrido desde que a minha mãe se foi, tantas noites trancada no escuro, com medo, com fome... será que um dia isso terá fim?

《••••》

Acabo adormecendo, e nem sei quanto tempo se passa, mas sinto o meu corpo ser sacudido e acordo assustada.

- Acorda, bela adormecida. - ouço a voz da Najla, minha irmã mais velha. - Nós precisamos tomar café, então ande logo e vá preparar!

Suspiro, cansada e me levanto. Olho para a janela e vejo que o dia já amanheceu, então sei que, mais uma vez adormeci sem jantar.

- Estamos esperando o desjejum, então não demore! Tenho que ir para a faculdade e papai ainda precisa me deixar lá, antes de ir para a loja.

Ela sai, batendo a porta do meu pequeno quarto. Suspiro novamente e vou até a pequena escrivaninha, onde tenho uma foto da minha mãe, uma das poucas lembranças que a Ursula não tirou de mim.

Olho a foto e fecho os meus olhos, me lembrando do perfume dela, do carinho que sempre me dava, do sabor da Baklava que fazia para mim...

Minha mãe era feliz, pelo menos ela me dizia que sim, mas demorou muito para engravidar, então meu pai se casou com a Ursula, pois na época moravam no nosso país de origem, e a cultura de lá permite que o homem tenha mais de uma esposa.

Mesmo sendo a primeira esposa, minha mãe não tinha filhos, já Ursula, engravidou meses após o casamento, então teve mais regalias e mais atenção do meu pai.

Quando Najla nasceu, minha mãe dizia que ficou triste, pois meu pai se alegrava com Ursula e sua filha, mas não seguia o que as leis mandam, e não tratava as duas esposas igualmente.

E quando Najla fez 5 anos de idade, minha mãe engravidou. E o que era para ser motivo de alegria, virou motivo de brigas constantes, pois Ursula tinha ciúmes e sempre inventava motivos para que meu pai brigasse com a minha mãe.

Mas minha mãe nunca me contou nada disso, pelo contrário, ela sempre me disse que meu pai era um homem bom, mas que era muito ocupado, por isso vinha pouco à nossa ala na casa.

Quando eu ainda era pequena, nos mudamos para o Brasil, e aqui passamos a morar num sobrado, onde eu e minha mãe morávamos nos fundos, ao lado do depósito da loja, e Ursula e Najla moravam na parte de cima, onde tinha mais luz do sol e não era tão úmido quanto a parte onde nós morávamos.

Minha mãe foi adoecendo, pouco a pouco, dia a dia, e quando o meu pai se atentou ao estado de saúde dela, já era tarde.

Minha mãe faleceu quando eu tinha 8 anos de idade, e eu me vi sozinha, pois meu pai não me amava, nunca sequer teve carinho por mim.

E eu, que sempre fui tão amada e protegida pela minha mãe, me vi obrigada a servir como criada da casa, em troca de um lugar para dormir e de um prato de comida.

Não temos familiares no Brasil, e quando eles raramente nos visitam, eu tenho que fingir ser a filha amada, mas na verdade sou a rejeitada desta casa!

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Comments

Maria Ivone Amaral

Maria Ivone Amaral

tem sempre uma madrasta má junto com a filha e um pai idiota e cego e uma filha pra maltratar

2023-10-20

314

Naira Lima

Naira Lima

é linda mesmo 🥰

2024-05-11

0

Lúcia Sousa

Lúcia Sousa

povo ruim

2024-05-08

0

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