Capítulo 14

Samir

Sentado no jardim, encaro atentamente a janela do quarto de minha zawja.

Seu perfume ainda permanece em minha mão, e parece estar sendo gravado em minha mente. Seu olhar... ah, aqueles olhos de mar!

Não são olhos de mar por terem a cor das águas do oceano, mas pelo que transmitem. Os olhos de Yasmin são como o mar, as vezes uma calmaria que te faz suspirar e querer descansar, as vezes o mar revolto que parece te puxar e engolir de uma só vez!

E eu me sinto atraído pelo olhar de minha Yamin em qualquer que seja seu momento, do calmo ao intenso, os olhos dela me atraíram desde aquele momento no aeroporto.

Aquele olhar de mar calmo, convidativo a um mergulho tranquilo no desconhecido, onde eu me senti preso.

E o perfume... cheiro novamente minha mão, e sorrio com esse gesto. Seria louco me imaginar fazendo tal coisa há horas atrás, mas cá estou eu, inquieto, ancioso para ver aqueles olhos mais uma vez.

- Parece que temos um noivo ancioso. - ouço a voz de meu irmão, Harmed. - O sol já se pôs e você continua aí, admirando a janela. - ele sorri.

- É normal estar ancioso por algo que, no inicio, eu não desejei, irmão?!

Harmed é dois anos mais jovem do que eu, mas assim como Kafar, é muito sábio.

- Se sua pergunta se refere à sua esposa, a resposta é sim, é normal. Notei a forma como a defendeu durante a cerimônia de assinatura do contrato, aliás todos os presentes notaram. - ele sorri discretamente. - De certo que sua jovem esposa se sentiu muito feliz por ser tão bem protegida por seu marido.

Meneio a cabeça e sorrio.

- Agi por impulso, confesso...- respiro fundo. - Mas se preciso fosse, agiria novamente da mesma forma. Sabe, Harmed... assim que estive lado a lado com minha zawja senti uma vontade de protegê-la e cuidar dela. E seu perfume parece estar sendo gravado em minha mente... isso é possível com apenas um toque de mãos e alguns olhares? - questiono, confuso.

- Tanto é possível que eu vivi isso com minha Hanya! - sorri, e vejo o olhar apaixonado de meu irmão. - Minha esposa fez morada em meu coração logo no primeiro olhar. Mas meu coração estava vazio, já no seu caso, há alguém que o tomou, não é mesmo? - me olha, preocupado.

- Sinceramente... - esfrego o rosto com as mãos, e novamente aquele perfume inebriante me faz fechar os olhos e imaginar minha Yasmin. - Eu já não posso garantir que Silvia esteja totalmente em meu coração, Harmed. Ela teve atitudes condenáveis, disse coisas horríveis sobre nosso povo, nossa cultura e até contra nossa família. - me sinto triste.

- E veio até nossos portões para armar um escândalo, não foi? - ele suspira.

- Como sabe disso? Eu mesmo lidei com a situação enquanto todos estavam na sala. - fico intrigado.

- O chefe da segurança veio falar conosco sobre o ocorrido. - bufo, irritado. - Samir, não se exalte. Sabe que é uma ordem de nosso pai que qualquer incidente seja relatado aos filhos. - apenas assinto. - Mas o que essa moça, a Silvia, fez não é realmente o que me preocupa...

- Como assim? - pergunto, confuso.

- O chefe da segurança esperou que Amin saísse e me confidenciou que viu Samira mexendo na sala da segurança, e ele acha que ela, de alguma forma, pegou as imagens entre você e essa moça. Então, por favor meu irmão, me diga que não fez nada inapropriado. - me olha atentamente.

- Eu não, somente conversei com ela e... Ah! Como sou idiota! - reclamo.

- O que fez, Samir? - ele me encara, com reprovação.

- No momento em que ia sair, ela me beijou. - meu irmão meneia a cabeça.

- Samir, onde está seu juízo, meu irmão? Jogou ao vento?! - me repreende.

- Mas fui pego de surpresa, Harmed. Só que logo eu a afastei e mandei que os seguranças a levassem dali.

- Mas conhecendo Samira, nós sabemos que ela pode usar isso para semear discórdia e desconfiança no coração de sua esposa, meu irmão. - Harmed toca meu ombro. - Não adianta dizer nada a Amin, pois ele sempre é cegado pelas palavras doces e o veneno de sua esposa parecem ter-lhe tapado os ouvidos e atirado seu juízo ao vento. Então você terá que resolver este assunto, sondar e descobrir sozinho se nossa cunhada realmente fez algo para envenenar sua esposa contra você.

- Mas como vou fazer isso? Não posso ir até ela, é contra os costumes... - penso, aflito. - A não ser que, eu peça a nosso pai a permissão para vê-la amanhã ao final da segunda cerimônia, ou consiga uma forma de vê-la após o jantar hoje.

- Bom, falar com ela após o jantar é arriscado...

- Mas não me custa tentar. - digo, animado. - Não posso deixar que um mal entendido aflija o coração de minha esposa, irmão.

Ele sorri e suspira, depois meneia a cabeça e sai andando, mas se vira levemente e me encara.

- Incrível como você ainda não percebeu que essa estrangeira nunca fez morada em seu coração.

- Porque diz isso? - franzo a testa.

- Pergunte a si mesmo, Samir... em toda essa situação, com quem você realmente se preocupou? Com a estrangeira que quis atrapalhar seu casamento, ou com a jovem que está lá em cima, naquele quarto onde você está a horas observando a janela? Se souber a resposta, vai saber quem está fazendo morada em seu coração!

Ele sai em direção à casa e eu volto a observa a janela... Me levanto e caminho apressado. Preciso da permissão de meu pai!

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Comments

Solange Araujo

Solange Araujo

meu Deus autora, cara vc não é desse mundo que história maravilhosa, sempre quis saber como era casar com um cheik

2023-10-15

381

Celia Araújoo

Celia Araújoo

nossa essa história tá maravilhosa, que continue assim , parabéns autora

2024-04-16

0

Sonia Cassiano Ribeiro

Sonia Cassiano Ribeiro

Tbm tô apaixonada pela estória...Queria que a Yasmin contasse pra sogra o que as 🐍🐍🐍 fizeram com ela.

2024-04-15

0

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