Capítulo 5

O homem mais velho, que as acompanha, impede a jovem de aceitar minha ajuda para levantar e a trata com rispidez, o que me deixa muito irritado.

Condeno esse tipo de comportamento agressivo com mulheres.

Até a mulher mais velha intervém, e eu a lembro que, como mais velha, deveria ajudar a mais nova e não acusá-la de ser atrapalhada.

Meneio a cabeça, descontente com a cena, mas a jovem me olha por poucos instantes, e eu me sinto preso, atraído, como se aqueles olhos de mar calmo fossem um convite para um mergulho no desconhecido.

O pai sai praticamente arrastando a filha, que caminha com dificuldade por conta do pé machucado, e para minha total surpresa, ele a coloca dentro do carro que pertence a minha família.

- Najla, minha bela filha, agradeça ao jovem por ajudar sua irmã. - a mais velha diz, e posso notar a malícia em sua voz.

- Obrigada, senhor. - a moça me olha, e sorri sedutoramente, sem se importar em mostrar o rosto.

Estreito o olhar e suspiro... essa é a noiva de valor que meu pai conseguiu para mim?! Uma moça que age sedutoramente com um desconhecido?! Ah, céus!

Decido por ignorar ambas, mãe e filha, e apenas saio dali, antes que as faça passar vergonha revelando quem sou, e como futuro marido, repudiando a atitude imprópria de minha futura esposa.

Entro no aeroporto e a imagem dos olhos de mar daquela jovem me vem à mente, como uma onda suave, e que me faz sorrir sem que eu perceba.

- Oh, darling! - é impossível não reconhecer a voz de Silvia, e seu jeito esfuziante.

- Silvia! - Seguro em suas mãos, mas ela ignora e me abraça apertado. - Querida, estamos em público, aqui não é a Europa, lembra?

- Oh, sim, sim! - ela gesticula. - Senti tanto a sua falta, meu amor.

- Silvia, vim buscá-la e vou levá-la ao hotel, precisamos conversar.

Ela me olha atentamente.

- Samir, porque está usando máscara? E porque está sendo tão formal comigo, amor?

Suspiro e pego sua mala.

- Vamos até o hotel, lá conversaremos melhor, pode ser?! - ela não parece gostar muito, mas assente e saímos juntos do aeroporto.

No caminho até o hotel, recebo uma mensagem de Kafar, avisando que minha futura esposa já está a caminho de nossa casa, então eu tenho pouco tempo para resolver minha situação e me apresentar para a cerimônia.

Chego ao hotel, entro na garagem e estaciono o carro. Ajudo a Silvia a fazer o check-in e subimos para a suíte que reservei para ela.

Assim que entramos na suíte, ela logo envolve seus braços em meu pescoço, e tenta me beijar, mas eu preciso evitar e isso a faz me encarar, confusa.

- Samir, o que houve? Não sentiu saudades?

- Senti, claro que senti. - respiro fundo. - Silvia, eu pedi que viesse, porque precisava conversar pessoalmente com você.

- O que houve? Você está me assustando desse jeito. - meu olha, receosa.

- Não tem um jeito fácil de dizer isso... - eu a encaro. - Eu não posso assumir o nosso compromisso, porque em algumas horas, eu irei me casar.

Ela me olha, e não a vejo esboçar qualquer reação por alguns instantes, até que ela começa a gargalhar, o que me deixa totalmente confuso.

- Ah... Samir! Você... você quase... me convenceu... - gargalha.- Eu quase... acreditei.... amor....

- Silvia, me escute! Não é uma brincadeira, eu realmente vou me casar em poucas horas e não posso fazer nada para impedir. - falo, sério.

Ela vai parando de rir, e agora suas expressões são de incredulidade.

- Como assim, Samir? Que palhaçada é essa?! Hã?! Você me permite vir aqui, para me dar o fora?! Vai me dispensar como algo que você usou e não quer mais? Algo descartável?! - vejo raiva em seu olhar.

- Você não é descartável e eu não te usei. Mas aqui nós temos tradições e...

- Tradições?! Que coisa mais ridícula! - se irrita. - Você é um homem poderoso, rico e influente, não precisa se submeter a essas Tradições idiotas e absurdas de um povo arcaico!

- Silvia, eu entendo que esteja magoada, mas é a minha cultura, o meu país, e eu devo honrar a minha família e as Tradições.

- Que se dane a sua família! - ela joga um vaso na parede, fora de si. - Eu esperei por você! Eu fiquei a sua disposição! Eu me dispus a esperar e agora? Agora você escolhe outra?! E ainda me conta isso na minha cara?! Ah,Samir Harmud, você não é o homem que imaginei, você é um fraco! - ela grita.

Eu a encaro, tentando me conter pois sei que ela está nervosa e tem motivos para isso.

- Silvia, entendo seu descontrole, mas modere suas palavras... - digo, em tom de aviso.

- Ou o quê? Fale Samir!

- Você está muito alterada, não podemos conversar desse jeito. - meneio a cabeça, olhando os cacos do vaso pelo chão. - Eu preciso ir agora.

- Precisa ir? - ela me olha, com lágrimas nos olhos. - Samir... você disse que ficaríamos juntos. Eu passei os últimos meses à sua espera, sonhando com o nosso futuro...

- Silvia, eu nunca firmei um compromisso entre nós, exatamente por saber que seria difícil, e eu disse que só faria isso quando encontrasse uma solução, mas não encontrei. - respiro fundo.

- Um homem adulto, independente, que não consegue tomar as rédeas da própria vida?! Que tipo de homem é você, Samir?

Eu a encaro, sério.

- Do tipo que respeita a família, as tradições e costumes nos quais fui criado. E se você não consegue entender isso, eu acredito que seja melhor mesmo por um ponto final em algo que, a bem da verdade, nem começou realmente.

Ela me olha, e sinto sua raiva e decepção.

- Não começou?! E todas as noites de amor que tivemos? E todas as promessas que fizemos? Samir... Eu te amo. - diz, se aproximando e me beijando.

Não nego, ela mexe comigo, e não é a toa que imaginei construir uma vida ao seu lado. Mas não posso ir contra o que me foi imposto e envergonhar a minha família.

Então seguro em seus braços e a afasto, mesmo entristecido por vê-la chorar, tão frágil.

- Eu realmente sinto muito, Silvia. - fecho os olhos e os abro lentamente. - Eu vou tentar me livrar desse acordo, mas isso vai demorar no mínimo 6 meses. - ela me olha, esperançosa. - Mas não quero prendê-la com falsas esperanças, então acredite, mesmo com uma dor profunda em meu peito, isso é um adeus!

- Não, Samir! Por favor.... eu posso esperar... pense em nós.... eu posso ser sua segunda esposa, você disse uma vez que...

- Não, Silvia! - digo, firme. - Não posso submetê-la a isso! - passo as mãos pelos cabelos, e meu telefone toca, mas já imagino que seja o meu pai. - Eu realmente preciso ir.

- Eu não vou desistir de você tão facilmente, Samir. - ela me olha, enxugando as lágrimas. - Não esperei tanto tempo para perdê-lo dessa maneira tão absurda! Me escolha... por favor, escolha a nós... - suplica.

- Eu não posso... Sinto muito!

Saio do quarto, sem olhar para trás e ouço algo se quebrar contra a porta, me fazendo fechar os olhos e dar um longo e pesado suspiro.

- Eu não posso, Silvia... meu destino já foi traçado!

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Comments

Berê

Berê

Que ridícula, será que ela desconhecia que ele era uma pessoa ligada às tradições, à cultura do seu povo e respeitava à família?

2023-11-03

259

Sueli Parajara Bento

Sueli Parajara Bento

essa é oportunista

2024-05-09

0

Márcia Jungken

Márcia Jungken

mas que ignorante essa Silvia, já deu para perceber que ela está com o Samir pelo dinheiro e status dele

2024-04-08

0

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