Capítulo 10

Samir

Ninguém iria me obrigar a trocar minha noiva, mas não por motivos amorosos, apenas porque já que teria que passar 6 meses ao lado de alguém, que ao menos fosse uma pessoa de boa índole e não uma cobra traiçoeira capaz de prejudicar a própria irmã.

Não nego que, assim que meus olhos encontraram aqueles belos olhos de mar, meu corpo sentiu uma inquietação momentânea, mas me recuperei rapidamente, quando me lembrei do motivo do meu atraso para a cerimônia.

Estive ocupado tentando ao máximo conter a fúria de Silvia, que apareceu nos portões da mansão de meus pais, gritando e fazendo um escândalo.

Infelizmente precisei acionar os seguranças para que a tirassem dali, já que ela exigia falar comigo, e nem depois de uma longa conversa, ela aceitou me deixar ir.

Não iria permitir que ela humilhasse a minha futura esposa, expondo a nossa relação na frente de todos.

Sei que errei muito ao me envolver com uma mulher fora de um casamento. Ainda mais por ser uma estrangeira, o que não é visto com bons olhos pela nossa cultura. Mas meus erros passados não podem respingar em minha futura esposa, e vou me certificar de que isso não a magoe de nenhuma forma.

Enfim de volta a cerimônia, meu pai olha com severidade para o senhor Omar, assim que ele insinua que há algo de errado com a escolha das noivas, sendo que foi ele quem propôs a troca, e admito que eu mesmo faria a proposta depois de ver como a jovem Najla se comportou no aeroporto.

Então, contrariando o costume de que, eu como noivo, só poderia tocar em minha noiva amanhã, na última cerimônia de casamento, eu seguro levemente a mão de minha futura zawja e a levo até meus lábios, deixando um beijo delicado e leve, porém firme.

Por Deus! O perfume dela parece penetrar em minhas narinas e invadir meus pulmões, mexendo com cada célula do meu corpo.

Uma corrente invisível parece atingir meu coração no mesmo instante em que o perfume inebriante, doce e suave emana não só de sua mão,mas parece preencher tudo ao meu redor, me privando de sentir qualquer outro perfume, senão o dela!

Meu pensamento se esvazia e aqueles olhos de mar, agora assumem um ar tempestuoso, mas que parecem me puxar em meio à um turbilhão de sensações... O que essa moça fez?!

Não consigo evitar as batidas descompassadas em meu coração, que acelera dentro do peito, além do normal.

Porque nunca senti tal sensação com Silvia? Agora até os outros perfumes parecem ser apenas um odor qualquer... meus sentidos estão aguçados de uma maneira inexplicável apenas com o toque da mão dela na minha, o perfume que me envolve, e esse olhar de mar que parece me atrair a um mergulho no desconhecido.

Me afasto lentamente, sem querer fazer tal coisa, mas por um momento esqueci que estamos em uma sala com outras pessoas, e lentamente posiciono sua mão sobre suas pernas, voltando a posiçãoinicial , e não posso evitar admirar a beleza de seus trajes, e como a cor se destaca na pele clara e que parece tão macia, como um pêssego maduro e macio... nem eu estou me reconhecendo!

- Peço perdão por minha atitude, meu pai. - digo, me recompondo. - Porém, sinto que não poderemos mais fazer a troca, já que eu imprudentemente toquei a noiva antes da terceira cerimônia, então apenas eu posso desposá-la. Não é essa a tradição?

Meu pai me olha atentamente, e quase posso ver um pequeno erguer de lábios, como um quase imperceptível sorriso, antes de ele assumir uma postura séria, me olhando com severidade.

- Samir, seu ato foi imprudente, e visto que a jovem Yamin foi abruptamente tocada por meu filho, não poderemos fazer a troca das noivas, e ela será a esposa do segundo filho mais velho da família Harmud! - sentencia, e ouvimos os protestos da Naja... digo, Najla.

- Eu não me importo! Eu não me importo que meu futuro marido tenha pegado na mão da minha irmã! O que importa um toque na mão? - grita.

- Cale-se, senhorita! - meu pai se irrita. - Omar, controle sua filha, pois ela está fazendo mais barulho que uma manada de elefantes! - vejo o senhor Omar segurar o pulso da filha, enquanto a mulher mais velha tenta acalmá-la, falando algo em seu ouvido. - Vou prosseguir com a cerimônia, e espero não ser interrompido.

Meu pai diz poucas palavras, pois esse é apenas um passo simples, apenas a assinatura dos documentos e os deveres do marido que são ditos em voz alta.

*referência assinatura do contrato.

Assinamos o contrato, e preciso dizer que o perfume de minha zawja me tirava o foco a cada instante.

Tê-la tão próximo, ombro a ombro, me fez desejar abraçá-la, e ver a forma maliciosa com que sua meia irmão e madrasta a olhavam, com inveja e fúria, me fez querer protegê-la de tudo e todos.

Quando meu pai falou em voz alta sobre o dote e entregou ao sr. Omar o cheque com o valor, eu soube que era a hora de me pronunciar.

Fiz um leve sinal para minha mãe, que entendeu e se levantou, colocando sobre a mesa meu presente.

A cada caixa aberta, podia ver as expressões de surpresa nos rostos dos presentes.

- Esse é meu presente, para que minha zawja fique ainda mais bela! Peças exclusivas de minha próspera empresa, e pretendo dar a ela muitas outras, pois a quero usando as mais belas joias e adornos que existem.

- Mas isso é... é para mim? - ouço a voz doce e calma de minha, agora, esposa. olho fixamente em seus olhinhos marejados... será que ela nunca recebeu joias? Penso, intrigado.

- Sim, minha esposa! São todos somente para você! E além disso, fiz questão de multiplicar o valor do dote pago a sua família em dez vezes, e depositar em uma conta em seu nome, como sua Meher ( é uma valor pago pelo noivo, à noiva, para que ela use da forma que desejar).

- Minha... minha Meher ? - diz, surpresa. - Mas meu pai havia dito que eu não teria direito a isso e que todos o presentes em dinheiro seriam dados a ele. - me olha, parecendo confusa.

Olho severamente para o agora, meu sogro, que parece muito bravo por ter sido desmascarado na frente de todos.

- Sua ingrata! Ainda tenta me difamar na frente de uma família tão respeitada?! Deveria ter lhe castigado mais severamente, pois vejo que as surras de chicote não bastaram! - quando ele diz tais palavras, me levanto bruscamente ao vê-lo se aproximar de minha esposa, com as faces vermelhas de raiva.

Me ponho em sua frente e o encaro com uma fúria ardendo em meu interior.

- Não ouse erguer a voz contra minha zawja!! - digo, rosnando. - De agora em diante, Yasmin é uma Harmud, e ninguém toca em nossas mulheres!

O homem fica pálido e olha assustado em sua volta, onde meus irmãos estão posicionados, prontos a defender a honra e integridade de minha Yasmin!

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