No caminho até a delegacia no meu carro, o meu celular toca sendo nada mais nada menos que o meu pai.
- Oi pai.
- O que aconteceu? Como assim você foi assaltada? - ele enche-me de perguntas.
Coloco as minhas duas mãos sobre o volante relaxando ao máximo para não surtar e desabafar todos os meus problemas no meu pai.
- Está tudo bem, pai. Relaxa.
- Vai para minha casa, seu irmão Robert está lá. - sugeriu ele preocupado
Mas não.
Olha a minha cara de quem precisa ser protegida pelo meu irmão bombeiro!
Eu reviro olhos achando engraçado isso.
- Está tudo bem, pai. Sou uma agente policial e não preciso que um bombeiro me defenda.
- E Marcos? Onde ele estava numa hora dessa? - ele perguntou indignado.
- Marcos está trabalhando, ele não é meu segurança.
- Ele sabe disso já?
Ai chega.
Essa conversa (barra) interrogatório estava me cansando já.
- Cheguei na delegacia, tenho que desligar - disse eu faltando ainda um quilômetro e meio para chegar até lá.
E desliguei.
Assim que a viatura que eu acompanhava a caminho da delegacia chegou ao destino, destravei o meu cinto, abri a porta, sai e a fechei. Caminhei observando os olhos de Andrew perdidos e assustados percorrer por todos os lados como se ele estivesse com um certo tipo de receio.
Fui até ele e coloquei a mão no seu ombro para acalma-lo. Talvez ele fosse tão certinho e tranquilo na sua vida, que isso era tudo muito novo para o jovem rapaz.
- Sr. Kang, fique tranquilo.
- Acho que já vi muitos policiais e fui em muitas delegacias hoje - ironizou ele tentando ficar mais calmo.
Eu sorri e balancei a cabeça.
- Vai ficar tudo bem, abra queixo, contate um bom advogado e a promotoria cuidará do resto. - sugeri num tom árduo.
Ele assenti e acompanhados de alguns policiais, entramos na esquadra de polícia.
Prestamos depoimento e Andrew abriu um boletim de ocorrência e em seguida saímos para poder ir embora.
Andrew não tinha nenhum carro, moto ou outro tipo de meio de transporte.
Ele tentava chamar por um motorista de aplicativo, mas todos recusava.
Talvez pelo fato de já ser quase uma hora da manhã, todos tinham receio.
Eu penso bem se devo ou não oferecer carona ao jovem desamparado. Eu nem o conhecia direito.
Chego como quem não quer nada e pensativa me aproximo.
- Quer que eu te deixe em alguma estação? - perguntei torcendo para ele falar que não precisava
Fala que não, fala que não...
- Eu aceito. Obrigado - falou ele já correndo para entrar no carro.
Droga!
Hanna, você não pode reclamar, foi você que ofereceu!
Abro um sorriso forçado e entro no carro, travo o cinto de segurança, como uma balinha de energético para aguentar a viagem e sigo o meu trajeto.
Com as minhas mãos no volante eu manobrava o carro a cinquenta quilômetros por hora. As janelas estavam abertas e o vento dançava por dentro do veículo.
O silêncio reinava e o único barulho emitido era do motor do carro.
- Muito obrigado pela carona, senhora - agradeceu ele de repente quebrando aquele som harmônico.
Eu sorrio sem desfocar as minhas vistas da estrada.
- Não tem de que. O senhor é meu querido.
Ele olhou-me com uma cara, uma cara!
- querido ?
Foi hilária a reação dele, e realmente ele seria minha chance de desvendar esses crimes.
- Sim, sei que você vai me ajudar a descobrir quem matou a sua namorada
- Ela não era minha namorada.
- A sua amiga, então.
- Sim, Chloé queria namorar alguém com posses, e embora eu não passe necessidades eu não cumpria as expectativas dela. - revelou.
Diminuindo um pouco a velocidade para ganhar mais tempo de fazer as perguntas a ele, eu prossigo.
- Acredita que ela possa ter se envolvido com alguém com poder?
- Ela tinha vários pretendentes babacas aos seus pés. - falou ele meio angustiado.
- Talvez ela tenha se envolvido com alguém que queria ela somente para ele. - supus
- Como eu disse na delegacia, ela parecia tensa essa última semana. Eu estava tão tenso lá que não consegui falar tudo.
Então tem mais?
Agora num ambiente mais calmo, talvez ele falaria tudo que ele sabia.
- Pode me falar?
- Ela estava mais estressada essa semana, como se estivesse com raiva de alguém.
Raiva? Mas de quem?
- Quem você acredita que possa ter causado isso nela? - perguntei a olhar para ele pelo retrovisor.
- Sinceramente eu não sei. Provavelmente Sabrina possa saber.
É verdade!
Fiquei com tanta raiva pelo fato de ter sido "afastada" do caso, que nem procurei por Sabrina.
Quanto mais rápido fossemos atrás dela, mais rápido conseguiríamos as informações.
- Você sabe onde ela mora?
- Mais ou menos. Me lembro o caminho, má não sei o nome da rua.
Suspiro alto demonstrando preocupação.
- Amanhã consegue me acompanhar até lá?
Ele me olha desconfiado.
- Mas a senhora não foi afastada do caso?
- Esse caso é muito importante. Eu acredito que a pessoa infiltrada estará no meio dele, e assim vai se safar.
Eu tinha quase certeza que o diretor era o corrupto entre nós. E sabia que se ele ficasse no caso, ele desmancharia todas as provas contra ele.
Andrew continuava me olhando como se não confiasse muito.
- Sr. Kang. - Eu paro o carro e olho para ele - Confia em mim. - Digo encarando ele no fundo da alma.
Ele vira o rosto pensativo e chateado.
- Tudo bem, eu confio na senhora.
Só não pulei para comemorar porque tinha uma posse para manter, então apenas balancei levemente a cabeça agradecida.
- Fico grata por sua ajuda - falei tentando esconder o sorrisinho que queria esclarecer no meu rosto.
- Por que a senhora tenta ajudar tanto eles se no final a senhora pode se prejudicar? - ele perguntou-me descaradamente inconformado.
- Não é o sobre eles, é sobre a nossa sociedade que sofre com isso.
- Mas a senhora sabe que não vai acabar com isso, né?
Eu balanço a cabeça.
- Eu sei.
Volto a minha atenção para o carro, voltando a conduzir ele.
- Mas o pouco que conseguirmos capturar já é um avanço importante para o departamento.
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Atualizado até capítulo 90
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