É hoje. O caso é sério, mas no fundo eu me sinto num filme policial dos anos dois mil.
Adiantei a minha folga e liguei logo cedo para confirmar com Marcos se ele iria mesmo comigo.
- Você está bem ansiosa né? - ele perguntou com um certo deboche no seu tom voz
- Me formei para isso, resolver crimes.
Nada iria me impedir nesse caso.
Eu já havia comprado os ingressos para a apresentação e mesmo não curtindo muito ballet, eu não estava lá para assistir o espetáculo, e sim os passos singelos de Chloé.
Além de poder, dormir um pouco mais, algo que eu custo muito para fazer, pois minha mente trabalha a mil por hora vinte quatro horas por dia, eu pude reler o relato da ligação e tirar algumas perguntas que eu faria a ela.
"Olá, não posso me identificar por causa do delator que colocaria a minha vida em risco, mas saibam que entre vocês há um traidor. Uma pessoa que recebe propina de traficantes da região metropolitana e central aqui da capital para passar informações sigilosas de vocês para os bandidos, e também para não denuncia-los e muito menos prender os criminosos. Além disso, ele é um traidor tanto na profissão, tanto na vida pessoal. "
Li atentamente cada palavra que aquela jovem disse e encontrei nexos em boas partes. Por exemplo, quando recebemos uma denúncia sobre a venda de uma nova droga explicitamente na rua e quando chegamos lá não havia uma alma viva sequer no local.
Passamos um bom tempo achando que seria um trote e procuramos o denunciante, mas o diretor preferiu deixar para lá.
Eu tinha minhas dúvidas, mas agora tenho certeza que um infiltrado falou para os criminosos que nós iríamos até lá e o encarregado do tráfico se escondeu e contrabandeou as drogas para outro lugar.
Ainda bem que esse ou essa farsante estaria com os dias contados.
Obviamente que nós vamos oferecer proteção a testemunha, se caso o que ela diz for verdade, e eu, principalmente eu a protegerei com todas as minhas forças até prender o infiltrado.
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Assim que Marcos chegou com seu carro até minha casa para me buscar, fomos direto para o Teatro.
- Você está linda. - ele falou com seus olhos cravados em mim de cima a baixo.
Eu estava simples, mas mesmo assim ele gostava de me elogiar.
Eu usada apenas um vestido roxo num tecido mais leve, e até que bem simples para a ocasião. O ideal seria não chamar a atenção.
Peguei a minha bolsa onde estava os meus documentos como RG, título de eleitor e a minha carteira policial. Eu levava também algumas maquiagens simples e um caderno de anotações da polícia para anotar o que a bailarina me contaria.
Quando chegamos até lá eu só pude reparar no quão lindo e maravilhoso era aquele lugar.
Os lugares estavam bem ajeitados, havia quadros explicando sobre a arte sobre os tipos de ballet que existiam, pessoas elegantes aguardando a apresentação e o clima do ambiente era levemente escuro, focando mais no palco.
Sentei-me no meu lugar e percebi como Marcos estava com os olhos perdidos pelo salão analisando cada detalhe, mas parecia até que estava procurando algo. A arte que não era, pois, ela estava bem presente naquele local.
Todos estavam comentando entre si quando um toque profundo de piano chama atenção de todos para o palco.
De repente, as longas cortinas vermelhas se abrem com um casal abraçado bem forte aparecendo, ela com seus braços em volta do corpo do rapaz e ele parado com seus braços erguidos.
Certamente fazia parte da apresentação, então a plateia atentou-se bem.
Os dois bailarinos deslizaram as suas pernas e caminharam ao centro do palco, e lá começaram a dançar ao som de Love in the Dark de Adele e as emoções tomaram conta de ambos.
Chloé realmente além de muito bonita com um corpo esculpido, olhos esverdeado num tom esmeralda e cabelos ruivos como se uma princesa da Disney, era muito talentosa no que fazia, com um ar de orgulho e autoconfiança ela planejava cada passo de sua dança. A dor da música transmitia através daquela dança que fazia as pessoas poderem sentir a aflição do casal onde representava o fim doloroso de um relacionamento.
Nesse momento eu até esqueci que estava lá a trabalho e apenas foquei na arte e na paixão daquela dança contemporânea.
Mas, uma coisa que também prendeu minha atenção foi o bailarino que era o par de Chloé
Aquele rapaz tinha um jeito delicado de toca-la e segura-la. Ele era alto e aquela roupa preta e justa ao seu corpo destacava todos os seus detalhes que qualquer curiosa teria vontade de ver. Quando ele dançava seus cabelos aparados, pretos intensos balançavam de uma forma sensual. Ele chamava atenção de todas que estavam lá...
Menos de você, Hanna. Opa!
O seu namorado está do seu lado e você focando em outro cara?
A minha mente era minha pior inimiga, e olho para Marcos e ele parecia perplexo e também focava na bailarina suspeita.
Voltei, então, assistir à apresentação. Mas aquele rapaz tirava-me toda a atenção. Os seus olhos escuros e puxados como numa descendência asiática que brilhavam como diamantes intensamente e o seu corpo forte, não tão malhado, mas, definido que expressava todos os seus sentimentos através dessa arte francesa.
A maneira que ele levava a sua mão pelo próprio corpo deixava-me arrepiada ao ponto de ficar envergonhada comigo mesma.
Eu havia ido até lá para uma investigação com o meu namorado que estava ao meu lado e eu tinha que agir bem assim?
Quando a apresentação, que durou cerca de vinte minutos, acabou todos deram uma salva de palmas, e eu não deixei de parabenizar com as minhas mãos batendo uma sobre a outra deixando-as avermelhadas.
Eles agradeceram se erguendo, como se faz em todas as apresentações, as cortinas vermelhas fecharam-se e todos se levantaram para poder ir embora.
E eu fui colocar o meu plano em prática.
Peguei a minha bolsa preta e caminhei pelo teatro para trás das cortinas a procura de achar pela bailarina, até que um segurança alto, forte e careca nos achou meio suspeito e parou eu e Marclos.
- Com licença. O que pensam que estão fazendo? - ele barra-nos com uma cara fechada como se fosse um vilão de desenho animado.
Normalmente eu não gosto de fazer isso, mas não teria escolha. Tiro a minha identidade policial da bolsa e mostro para ele que gela na hora.
- Agente Policial do Departamento Central. - eu revelo com firmeza na minha voz que faz que ele saia da nossa frente mudando totalmente de atitude conosco.
- Mil desculpas, eu não sabia - ele tenta se justificar nervoso e assustado - Posso ajudar em algo?
- Pode sim, preciso falar com a Srta. Chloé Martins, pode nos levar até ela?
O segurança espantou-se levemente discordando.
- Acredito que vocês não conseguiram falar com ela, a Chloé vai pegar um vôo assim que sair daqui. Ela vai morar na França.
Droga!
Então teríamos que ser rápidos e encontra-la a tempo.
- Me leve até o camarim dela, agora! - ordenei.
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Atualizado até capítulo 90
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