Flagra

****Ponto de vista — Dahlia****

Ele é estranho, sinceramente... sei que ele precisa de mim, mas suas ações não condizem com as palavras que ele fala. Não se importar comigo, claro, não espero por isso, mas ele age como se eu realmente fosse algo para ele.

Por algum tempo, eu cogitei a ideia de que ele gostasse de mim, mas Cassius não demonstrava isso. Era mais como se algo estivesse fluindo aos poucos, mas eu não poderia dizer que são sentimentos, já que eu não conheço também.

— Boa tarde, Dahlia! — Igor parecia para baixo.

— O que aconteceu?

— Você lembra daquela professora que eu tinha um caso?

— Como esquecer?

— Ela está me ameaçando.

— Sério?

— Ela foi demitida recentemente, por estar flertando com vários alunos. Ela quer que eu faça a minha mãe mudar de ideia, se não, ela vai contar tudo.

— Você está lascado! — Eu coloquei um pirulito na boca.

— Dahlia, é só isso que você vai dizer?

— Ué, você quer que eu faça mais o que?

— Sei lá! Me ajuda a pensar em alguma coisa, a minha mãe vai me matar se descobrir...

— Vai que ela não fique irritada demais...

— Dahlia, a minha mãe sempre me alertou para não me envolver com as minhas professoras!

— Se disse é porque tem histórico!

— Nada disso! Ela apenas queria evitar uma situação dessas, mas eu não ouvi...

— Bom, agora aguente as consequências da sua desobediência!

— Dahlia! — Ele tomou meu pirulito.

— Ei!

— Te devolvo depois que pensar em algo que preste!

— Você é tão mal! Sabe que doces me ajudam a criar coragem, preciso disso para apresentar aquele trabalho...

— Aliás, você conseguiu terminar a tempo?

— Sim, e consegui ler um pouco, o lado bom é que eu consegui tirar tudo que preciso para a apresentação.

— Você é inteligente para essas coisas, mas é triste pensar que é em vão.

— Oi? Por que em vão?

— Por que você é inteligente, mas, ao mesmo tempo, é burra!

— Igor, seu idiota!

— Calma! Eu falei brincando, mas sério, você não sabe aproveitar os seus dons...

— Para com esse blá, blá, blá... que tal se eu assustar a professora?

— Você?

— Sim, me contrate para ser sua namorada, e farei ela correr em um dia!

— Isso não vai funcionar, acha mesmo que uma namorada vai afastá-la?

— Se for uma namorada comum, não, mas se for uma mafiosa?

— Você só pode estar brincando, certo?

— Não, não mesmo! Você sabe que eu sou preparada para todos os tipos de trabalho!

— Dahlia, isso não é uma brincadeira, não estamos atuando! E da última vez, você bebeu feito louca!

— Você me pediu para te acompanhar, e não disse que queria uma namorada sofisticada, se tivesse especificado...

— Esqueça, ela nunca vai acreditar nisso!

— Igor, confie em mim, ok? Vamos conversar melhor na saída, ok? Que tal irmos à sua casa?

Então, se passaram alguns períodos, e eu comecei a apresentar o meu trabalho.

— Uau, você realmente fez isso em um dia?

— Sim! Ficou incrível, né?

— Mas... Cassius te ajudou? É sobre a empresa dele, afinal...

— Como sabe disso?

— Você foi muito específica em certos pontos.

— Oh, entendo...

Depois foi a vez de Igor apresentar o trabalho, foi sobre a empresa dos Lombardia... Pela apresentação dele, descobri muitas coisas que eu não sabia, eles possuem muitas franquias pelo mundo, e são extremamente ricos. Eles também fazem constantes doações para orfanatos da região, isso com uma enorme verba da empresa.

(Claro, não vou questionar, afinal quase todos fazem boas ações para disfarçar quem são de verdade!)

Depois que saímos da escola, eu dispensei meu motorista, dizendo que dormiria fora naquele dia. Foi o que decidi, afinal tinha um certo tempo que fiz isso, afinal, só fui lá quando a mãe dele não estava.

— Sabe, as pessoas poderiam pensar que é como levar uma namorada para casa!

— Bom, a minha mãe vai dormir fora de novo, então talvez...

— Você sabia que aquela mulher está te seguindo? Vamos usar isso para começar o plano!

— Dahlia...

— Qual é, Igor? Aceite a minha ajuda! Tenho seguranças, só preciso que ela os veja!

Eu tenho um grupo com eles, fiz para quando não pudesse entrar em contato pessoalmente. Avisei para que eles fossem mais visíveis hoje, e assim fizeram.

— Você não tem jeito...

Eu estiquei a mão para ele.

— Vamos?

— O que...?

— Anda logo e pega a minha mão! — Falei baixo.

— Ok...

Ele pegou, e nós começamos a andar, entramos no carro dele, e fomos em direção a casa de Igor.

Verificamos que ninguém da faculdade estivesse vendo, a não ser a professora.

— Ei, você ainda tem aquele joguinho de tabuleiro?

— Você está falando do que jogamos da última vez?

— Esse mesmo!

— Eu tenho, mas não lembro onde está... tenho outro parecido, você vai gostar!

— Então pegue, vamos jogar!

Igor e eu fomos para o quarto dele, afinal sempre ficamos lá quando eu venho para a casa dele.

— Você está me roubando!

— Não, Dali, você ficou louca? Ganhei justamente! — Esse é o apelido que ele usava comigo, afinal, ele não gostava de me chamar de Lia, pois ele conhece muitas Lias.

— Gogo, pare de mentir! — E eu o chamava assim, Igor odiava, mas acabou se acostumando com o tempo.

Claro, nós só nos chamamos assim quando estamos sozinhos, afinal, na faculdade alguém pode interpretar errado.

— Dahlia, se fosse o contrário, a minha mãe jamais me deixaria ir para sua casa sozinho.

— Se você fosse mulher, e eu homem, não é?

— Isso, afinal, normalmente as pessoas não confiam em amizades.

— Sinceramente, não tem como rolar nada entre a gente!

— Nem me fala, é até estranho pensar que tem gente que acha isso de nós!

— Sem contar que você gosta de mulheres mais velhas! Ah, se a sua mãe soubesse, ela estaria implorando para que eu namorasse com você!

— Não exagera, assim parece até que gosto de pessoas da idade da minha mãe...

— Ei, você não lembra que quase começou a namorar uma senhora que era um ano mais nova que a sua mãe?

— Você disse certo, "quase"! Mas quando eu descobri a idade dela, desisti, a minha mãe jamais aceitaria.

— Ela vai enlouquecer quando saber...

— Fique quieta, por favor!

— Relaxa, você já comprou o meu silêncio!

— Pelo menos isso... aliás, Dahlia, como você pretende afastá-la de mim? Digo, nossa professora...

— Vou assusta-la! Eu aprendi umas coisinhas!

(Aquele dia que Cassius queria me matar...)

— Não sei porque vou confiar em você...

— Apenas é o certo!

— Você aprendeu em séries de tv?

— Também.

(Eu vi bastante coisas assim, então sei mais ou menos o que fazer.)

— Também?

— Igor, só relaxa, ok? Você tem bebidas aqui? Nunca mais tomei nada.

— Você sabe que a minha mãe não aceita bebidas aqui!

— Então vai comprar umas! Tem um estabelecimento por perto, não é?

— Você viu no caminho?

— Sim, vai lá!

— Vai você!

— Eu sou a convidada aqui!

— Affs, está bem. — Igor saiu atrás das bebidas.

Ele não demorou muito para voltar, trouxe uma sacola cheia.

— Vamos esconder tudo depois.

— Tudo bem.

— Você é bem fraca para bebidas.

— Eu mereço, depois de ter sofrido com aquele trabalho... já que minha experiência com vinho não foi boa, quero tentar com outras coisas.

— Certo, antes de você ficar maluca, me mostre como vai assustar ela?

Eu virei um gole da bebida.

— Urgh, é amargo, mas vou beber mesmo assim... Espera aí! — Eu me levantei, e puxei ele pela gola.

Ele tomou um susto.

— Eu só irei dizer uma vez, deixe meu homem em paz, ou vou atrás de você, nem que seja no inferno! — Eu apontei para o rosto dele.

— Caramba... mas você precisa mudar sua expressão um pouco... tipo, mais malvada!

— Espera, deixa eu beber mais um pouco!

Dessa vez, eu bebi duas bebidas seguidas, já estava andando cambaleando.

Me aproximei de Igor, e ao invés de puxar a gola dele, eu o derrubei, ficando por cima dele.

— Dahlia... vê se acorda! Você entrou no personagem errado!

— Ahn...? O que...? — A porta do quarto de Igor se abriu de repente, mas não era a mãe dele.

— Cassius? Como você...

Ele veio em minha direção, eu ainda estava por cima de Igor.

— Sinceramente, mosquinha... quando me disseram que você veio sozinha com um homem, eu pensei que você estaria apenas com um "amigo", mas o que é isso agora?

Minha mente estava um caos, mas tudo que eu pensava, era no motivo que ele procurou por mim.

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