Isadora.
Pior do que quase ser levada pelo traficante, é ouvir o padre gritando comigo daquela forma, como se eu fosse a culpada do traficante querer me levar.
Vou direto para o meu quarto, não quero ver ninguém. E como da outra vez, coloco a cadeira para ele não entrar.
Estou com raiva do Max e estou raiva do padre, mesmo que ele tenha feito isso para eu ficar segura, não precisava falar comigo de tal forma.
Mesmo fantasiada de Maria Chiquinha, eu me deito na cama, retirando somente o chapéu.
Fecho meus olhos e acabo dormindo. Acordo de madrugada com a boca seca, me levanto para ir beber água. Mas quando eu posso pela porta do quarto do padre, escuto um gemido de dor.
Abro a porta de vagar, e o vejo todo encolhido e coberto, resmungando de dor. Nesse calor que está só pode está doente.
Me aproximo lentamente dele, ele está tremendo de frio.
— padre, o senhor está bem?
Ele só responde com mais resmungos, coloco a minha mão em sua testa, ele puxa a cabeça para trás.
— eu preciso ver como está padre.
— saia daqui...
— me deixe ver, eu não vou te machucar, você tem que confiar em mim.
— eu não confio em ninguém, vai embora eu me viro sozinho.
Mesmo com ele e sua teimosia, coloco a mão em sua testa... Ele está queimando de febre.
— viu padre, te toquei e você não morreu, mas o senhor está com febre, precisa ir tomar um banho, eu vou chamar a irmã Maria.
— Não... Fica... Fica aqui comigo.— ele fala trêmulo, e vendo ele assim tão debilitado, não tem como eu negar.
— tá bom eu fico, mas você precisa tomar um banho morno para abaixar essa temperatura.
Retiro de vagar o cobertor de cima dele, ele está todo engolindo coitado.
Pego na mão dele, e o ajudo a de levantar. Vou até o banheiro e ligo o chuveiro, deixando na temperatura morna, mais para frio.
Volto para o quarto e ajudo ele a tirar a camiseta e a calça, digo para ele ficar de cueca, e ele concente.
Estou tocando nele como padre, e nem posso acreditar. Acho que a coisa está muito feia mesmo.
Coloco ele embaixo da água, e digo que vou separa a roupa dele. Um pouco relutante para que eu não o deixe sozinho, ele me permite ir.
Desço as escadas, procurando alguma dipirona para dar para ele. Encontro em uma cesta de medicamentos.
Subo com o remédio, deixo em cima da mesinha, pego a toalha e vou ajudar ele. Quando eu entro no banheiros, ele está sentando no chão, todo encolhido com frio.
Desligo a água e o cubro com a toalha.
— porque está fazendo isso?
— porque sei que faria o mesmo comigo.
— não faria, eu mandaria a Irmã Maria fazer.
Sorrio com a sua sinceridade. Ele me pede para sair do quarto, para ele tirar a cueca molhada e se trocar.
Assim eu faço, fico um bom tempo ali, e depois retorno. Pego o remédio e faço ele se deitar.
Quando eu vou sair, ele segura na minha mão e pede para eu ficar, que ele ainda não está bem.
Me sento na beirada da cama, de vagar, levo a minha mão até o seu cabelo. Ele não recua, não pede para eu parar, então eu continuo acariciando seus cabelos molhados.
Aos pouco ele começa a soar, e a parar de tremer.
Vou até o outro lado da cama e me deito ao seu lado, continuo a fazer carinho em sua cabeça, e ele se vira, ficando de frente para mim.
Seus olhos encontram com os meus, e um misto de sentimentos percorre pelo meu corpo.
Seus olhos são doces, totalmente diferentes dos olhos do Max, neles tem um brilho especial.
Seus olhos descem para os meus lábios,e depois voltam a fitas meus olhos.
Se eu achava pecado desejar o Max no corpo do padre, imagina se apaixonar pelo padre sendo padre?
Céus, essa história vai me enlouquecer, como se precisasse de um motivo para isso. Já sou doida de nascença.
Mas as coisas só vem piorando com essa mistura de padre e Max. Será que algum dia um deles irá ficar e o outro irá embora?
Duas pessoas tomando conta de um corpo só, dois seres totalmente diferentes habitando o mesmos espaço. Coisa surreal que só acredita quem vê e vive com isso.
Aos poucos seus olhos se fecham, e eu nem percebo a hora que eu adormeci também.
Desperto primeiro que ele, e nossos rostos estão muito próximos um do outro, ele se mexe e eu fecho meus olhos novamente.
— Isadora, ei garota acorda.
Ele só me chama, sem me tocar, continuo de olhos fechados até sua mão tocar meu rosto suavemente, em um carinho bom.
Abro os meus olhos e encontro com os dele que está me olhando fixamente para os meus.
— como o senhor está Padre?
— Minha garganta está doendo um pouco, mas estou bem melhor do que eu estava ontem, Muito obrigado por cuidar de mim.
Dou um sorriso leve para ele e me levanto, ele diz que vai no posto e pergunta se eu posso ir com ele, digo que sim que vou me trocar e sairemos.
Faça a minha higiene, e troco de roupa, quando eu estou saindo da porta do meu quarto vejo a irmã Maria passando no corredor.
Ela me pergunta se eu dormi bem, digo como foi a minha madrugada cuidando do padre ela fica de boca aberta sem acreditar que o padre deixou que eu o tocasse.
Nessa hora ele sai da porta do quarto dele bate os olhos em mim, e na irmã Maria. Ele estende a mão me chamando.
Deixando a irmã de boca aberta, sigo até ele e juntos vamos até o postinho do morro.
— quero agradecer mais uma vez por ter passado a noite cuidando de mim, eu não digo que faria o mesmo com você pois eu não a tocaria, mas o seu toque me fez bem, senti o carinho que você estava transmitindo nele muito obrigado mesmo Isadora.
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Atualizado até capítulo 94
Comments
Eliana Regina da Silva
Ele está se apaixonado!!
2025-01-28
0
Ivanilde T. Serra
kkkkkk se você está enlouquecendo imagina eu lendo essa confusão toda.
2024-12-19
1
Amanda
É padre não vai ter jeito não, vai ter que deixar a batina
2024-11-19
3