as confissões.

Padre Max.

Assim que ela é levada para fora da minha sala, eu me sento na cadeira nervoso. Tento me acalmar porque qualquer contato físico já me deixa nervoso.

E quando se é padre, todo mundo quer tocar, como se buscasse a benção na minha batina, mas se tem uma coisa que me deixar mal, é esse toque toque em mim.

Isso me deixa agoniado, me faz lembrar cenas vagas do meu passado. O ser humano tem a mente podre, a mente perversa para com os outros, não somente com pessoas, mas também com os animais.

O mundo seria bem melhor se não tivesse tamanhas maldades, uns sempre tentando prejudicar o outro, subir no outro só para se acharem importantes.

Pego um copo de água e o meu remédio, tomo logo de uma vez e espero meu corpo se acalmar. Respiro fundo por várias vezes, isso sempre me acontece quando à um mínino toque de outra pessoa.

Me levanto e vou até o meu quarto, tiro minha roupa e vou tomar um banho, assim eu deixo meu corpo mais relaxado, isso que eu preciso, relaxar.

Deixo a água bater nas minhas costas e fecho meus olhos. Lembranças da minha infância bate forte na minha mente, balanço a minha cabeça para que elas saem, pois vejo poucas coisas, outras ficam em escuridão, como se eu tivesse passado por aquele momento, como se a minha vida tivesse dado um saldo, e eu já tivesse em outro lugar como teletransporte.

Apesar de não me recordar de tudo que eu passei naqueles momentos, tenho uma vaga lembrança, e sei que aconteceu mais do que eu consiga me lembrar.

É uma coisa muito estranha, mas o Padre João Paulo, me falou que quando uma coisa ruim acontece com a gente, muitas vezes nossa mente apaga, para não sofrermos mais depois.

Saio do Banheiro me enrolando na toalha, e quando eu vou pegar a camiseta, escuto um suspiro na porta.

Me viro rápido e lá está a menina, me olhando como as outras mulheres da igrejinha. Só que ela é só uma menina, não deveria ter esse sentimento de desejo ainda.

— o que está fazendo aí? — ela sobe seu olhar para o meu, e continua de boca aberta.

— eu...eu...

— você o que?

Ela molha seus lábios com a língua, e essa cena me deixa perturbado.

Me aproximo dela para fechar a porta, mas seus olhos nos meus me deixa um pouco desequilibrado.

— vai embora, eu preciso descansar.

Falo e fecho a porta na sua cara com tudo. Me encosto na parede e respiro fundo. Essa menina vai ser um problema aqui, apesar de ser só uma criança, ela tem uns traços feminino muito pecador, isso atiçaria qualquer homem que a olhe.

Vou até a minha cama e pego só o short, a noite está quente, melhor eu ir dormir sem camisa, pois se eu soar fico com a camiseta molhada, eu acabo ficando doente como da outra vez, e por não deixar ninguém me tocar, acabo passando por isso sozinho.

Me deito na cama e rápido eu apago. Mas acordo no outro dia somente de cueca, mas eu tenho certeza que coloquei o short.

Muitas vezes essas coisas me faz pensar que eu sou um sonâmbulo.

Me levanto e vejo roupas espalhadas pelo meu quarto, roupas novas minhas que não é a Batina.

A irmã Maria entra no quarto e diz que vai arrumar a bagunça.

— quem fez isso Maria?

— eu não sei senhor. — ela fala mentindo, conheço uma mentira de longe.

— sabe que é pecado mentir não é irmã?

— sim senhor, mas eu não vi o que aconteceu aqui, eu só vim chamar o senhor para tomar café e me deparei com a bagunça... Pronto, já está tudo no lugar.

Mando ela sair e vou para o banho. Me troco e saio do meu quarto para tomar café.

Vejo a menina sentada na mesa, quando ela me vê, levanta os olhos, mas depois o abaixa parecendo triste.

— bom dia — ela me dá bom dia baixinho, quase não escuto. — eu fiz alguma coisa para você?

— não, não me fez nada... — ela fala com ironia. — Já terminei, vou voltar para minha casa, talvez ser vendida para o dono do morro não seja tão ruim não é?

— isso é horrível, não se deve usar seu corpo dessa forma, isso se caracteriza como prostituição...

— e não é isso que eu sou?

— menina, podemos conversar — a irmã Maria a chama para conversar, mais eu estendo a mão a parando.

— não, você não é. Por que está falando essas coisas?

Ela olha para a irmã, e ela pede por favor para conversar com ela.

Pego a minha xícara de café, e finjo não está mais vendo ela ali, se ela é doida, eu nada posso fazer, a não ser rezar e pedir para Deus cuidar dela.

Ela se levanta e vai com a irmã Maria, e eu me levanto para ir para o confessionário, hoje a lista está grande de tantas mulheres que querem me contar suas vidas e desejos.

Me sento no banquinho e espero a primeira entrar.

— padre, me perdoe, mas eu pequei.

— como você pecou minha filha.

— dessa vez eu trair meu marido em sonhos, tive um sonho pervertido com o senhor, e penso em pedir o divórcio para que esse sonho se torne realidade.

— não faça isso minha filha, peça perdão a Deus, eu irei mandar você rezar com o terço na mão, e se arrependa desse sonho.

— não posso, ainda sinto suas mãos em mim padre, o sonho pareceu tão real, foi tão... Ah padre, eu preciso de você de novo.

Me benzo 3 vezes, Deus me livre disso.

— minha filha, esses sonhos tem que ser tirados da sua cabeça, eu sou um padre, sou um homem de Deus e jamais teríamos algum caso.

Ela começa a chorar, diz que em toda sua vida de casada nunca gozou tanto quanto gozou comigo em sonho.

Dou a penitência a ela de 50 pai nossos e 50 ave Maria por dez dias seguidos. Ela vai embora e a outra entra.

Assim sigo o meu dia, dando penitência a essas mulheres que só pensam em safadezas.

Me levanto para ir almoçar, e a menina já está na mesa, e me olha como de estivesse buscando algo em mim.