Capítulo 10

Me deito na certeza de que sempre há um amanhã e eu acredito que o amanhã será melhor mesmo a minha vida e a da minha irmã ter sido marcada por uma tragédia eu tenho fé em nosso criador que ela será abençoada.

Fecho os olhos e em meios as lágrimas que teimam em cair deles eu durmo.

Sonho com meus pais, e nesse sonho estou em um lindo campo no meio de duas árvores que me parecem ser gêmeas, meus pais eram adeptos do budismo então nesse sonho eu me sento em meio as árvores e olho para o campo e suas lindas flores, e ao longe vejo meus pais se aproximando, calmante me levanto e caminho até eles.

— Meu filho que bom que eu te encontrei aqui.

— Roxana não pressione tanto o menino ele e a irmã já sofreram demais.

Olho para os meus pais e pergunto.

— O que é o sentindo da vida?

— Filho não há resposta, as próprias pessoas, é quem dão sentido a sua vida.

"Qual o sentido da minha vida perdi esse sentido quando perdi meus pais."

Meus pais sabiam que ele são meu alicerce e que quando eles se foram mesmo com a ajuda de Margarete e Arlete eu sinto como se a minha vida tivesse perdido todo o sentido.

— Filho, quero que siga em frente que dance e conquiste o mundo ao lado de sua irmã Nayara.

Ao dizer isso minha mãe se aproxima de mim e me abraça.

— Você é especial tem um grande coração uma alma que muitos seres humanos gostariam de ter uma alma pura.

— Mãe estou fraco eu não conseguirei dar o suporte emocional que a Nayara precisa.

— Está enganado Henrique você está forte.

— Roxana precisamos ir.

Minha mãe me dá um último abraço e chega a vez de meu pai falar suas últimas palavras para mim mesmo que em forma de sonho.

— Filho pratique os ensinamentos de Buda: Compreensão Correta, Aspiração Correta, Fala Correta, A Ação Correta, O Meio de Vida Correto, o Esforço Correto, a Atenção Correta e a Meditação Contemplativa — Não se esqueça da ética, da concentração e da sabedoria.

Fico pensando em como ter uma vida correta se para o mundo tenho um desvio de gênero.

— Filho você não tem desvio nenhum é apenas um ser humano que ama, e não importa qual gênero amar o amor é puro.

As lágrimas descem dos meus olhos e meu pai se aproxima:

— Henrique meu filho não chore por mais que as lágrimas mostrem que você é forte.

Meu pai se afasta de mim e afirma:

— Alcance a paz espiritual trabalhando o espírito filho — Um espírito sadio significa um corpo e mente sadios.

— Como eu alcanço isso meu pai.

— pahale ek doosare se pyaar karate hain.

"Entendi meu pai mesmo falando hindi eu devo me amar primeiro."

Meu Odara caminha sereno para o lado de minha mãe e eu os vejo desaparecer em uma imensa luz.

Quando eu acordo já é um novo dia e eu já não sinto a dor da perda. 

Eu me sinto pleno e vou cultivar a paz espiritual através da dança do Tango que eu tanto amo.

Deixo o quarto após me arrumar e encontro Arlete na sala.

— Henrique parece estar mais sereno hoje.

— Estou, sim, Arlete muito sereno.

Dormir e sonhar com meus pais me fez muito bem.

Pergunto para a Arlete onde a Margarete foi, e a minha amiga me revela que ela foi a escola de Nayara acertar as coisas para que ela fique essa semana em casa, segundo a minha amiga e parceira de dança sua mãe vai tentar trazer um portfólio de deveres para que a Nayara não se atrase muito na escola.

Eu me alegro, pois eu não saberia como lidar com essas burocracias a única coisa que sei fazer é dançar.

— Henrique logo o advogado irá ler o testamento de seus pais, como se sente a respeito?

— Sereno, Arlete, pois sei que meus pais fizeram o que é melhor para mim.

Focados em nossa conversa não percebemos a presença de Nayara na sala, só percebemos quando ela limpou sua garganta.

Me volto para ela e digo aquele bom dia gatinha que ela tanto adora.

Ela me abraça e como eu, parece estar serena.

— Maninho sonhei com nossos pais.

Nayara me conta o seu sonho e disse que nele nossos pais prometeram não nos abandonar mesmo não estando nesse plano e pediram que cuidássemos um do outro.

Sempre achei a Nayara mais forte que eu, e percebi o quanto minha pequenina era forte quando aos sete anos ela me disse que o homossexualismo não era uma doença a ser tratada com um xarope.

Eu lembro até hoje ela me disse que me amava...

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