Capítulo 08

...Me virei na cama, abri os olhos e observei que o sol já estava bastante alto. A minha cabeça doía como o inferno. Senti o estômago revirar; meu corpo doía também, como se tivesse passado um caminhão de toneladas por cima de mim. O cheiro maravilhoso de perfume masculino estava impregnado no quarto todo. Pulei da cama de sobressalto e olhei ao redor! Eu não estava em meu quarto. Mas em qual quarto eu estava? Passei as mãos pela minha cabeça, que insistia em doer ainda mais pelo espanto....

...Olhei para o meu corpo, eu estava vestida apenas com uma camisa social masculina, as minhas roupas estavam jogadas sobre o sofá. Engoli em seco....

...Será que eu saí com um estranho? E bebi tanto a ponto de me entregar e vir parar na cama dele?...

...— Ai meu Deus, será que traí o Montanari? Agora sim, ele vai me matar. — fiquei apavorada, sem saber o que fazer....

...Olhei em cima do criado mudo, havia uma caixinha transparente, na qual se guardavam remédios. Havia uma jarra com água e um copo. Caminhei rapidamente até ela, enchi o copo com a água, olhei os remédios e tomei um para dor de cabeça....

...— O que eu faço? Puta merda, o que eu fiz? Eu fiz besteira. — comecei a andar para lá e cá no quarto, como se eu fosse uma doida da cabeça, e eu estava mesmo. Estava doida com essa situação toda....

...Fui para o banheiro tomar um banho, lavei bem meu corpo, lavei os cabelos e escovei os dentes com uma escova nova que estava embalada ainda. Não me importei de pegar e tirar da embalagem para usar. Não sei de quem era, e nem para quem era, só sei que usei. Me sentei na tampa do vaso. Fiz de tudo que pude para me verificar. Eu não estava sentindo dor na região e da minha forma, comprovei que minha pureza estava intacta. Soltei a respiração que eu estava prendendo e agradeci a Deus mentalmente por não ter feito besteira....

...Eu ainda estava no banheiro quando escutei alguém fechar a porta do quarto. Terminei, me enrolei na toalha e fui para o quarto. Quando eu cheguei, a pessoa não estava mais ali. Supostamente teria entrado sem fazer barulho e saiu fechando a porta, foi o momento que eu escutei. Olhei para a cama e havia uma sacola de presente em cima da mesma. Eu abri e dentro tinha um vestido florido muito bonito, uma rasteirinha e um conjunto de lingerie na cor azul marinho....

...Sem mais delongas, peguei tudo e me vesti. Ajeitei os cabelos na frente do grande espelho de parede que havia no closet e saí dali. Caminhei pelo corredor, desci a enorme escada e já na sala, pude reconhecer onde eu estava, e foi aí que me acalmei. Porque sei que eu estava em casa....

...Fui para a cozinha, todas as mulheres da mansão estavam trabalhando a todo vapor, cada uma fazia uma coisa diferente das outras. Eu só peguei um pouco de suco e tomei. Após, saí dali para a varanda. Eu me senti entediada. Aqui, não tem nada para fazer, você só come, e dorme. Come, e dorme, e assim sucessivamente. Pensei que a vida de casada era mais animada....

...Eu estava em meus pensamentos quando escutei alguém me dar um "Bom dia", atrás de mim. Me virei abruptamente para olhá-lo....

...— Oi Montanari, bom dia. — falei. — Não sabia que estava em casa. — continuei....

...— E por que não? — ele me analisa, com as mãos enfiadas no bolso da calça social, que ficava perfeito nele, marcava muito bem, sua coxa musculosa....

...— Porque a casa parecia vazia. — falei sentindo seu olhar me queimar....

...— Essa casa tem muitos compartimentos, e quando você pensar que não tem ninguém, sempre tem. Porque sempre estou por aí, de olho em tudo. — disse. — Dormiu bem? — Ele perguntou....

...— Sim. — confirmei sentindo sua mão tocar a minha. Montanari me trouxe pra dentro, e apontou o sofá para que eu pudesse sentar, e quando fiz, ele também sentou no outro....

...— Fico feliz. — disse se servindo com um uísque, que estava sobre a mesa de centro....

...Montanari tinha um jeito de olhar, que eu não conseguia decifrar. Eu só sentia arrepio. O meu corpo parecia queimar, eu sentia a adrenalina na barriga. Ele me encarava, como se soubesse de alguma coisa a mais sobre mim. Não sei! É um mistério....

...— Você não se lembra do que aconteceu ontem. Não é? Sua festa de aniversário foi bem agitada....

...— N- Não lembro. — segurei minhas mãos na outra. Eu estava com medo, de ter feito algo que ele fosse me castigar, porque era sempre assim. Ele me perguntava e depois me castigava....

...— Hum, vou te contar esposinha amada. — disse, tomando todo o líquido do copo, e depois enche novamente o copo, e me olha com um sorriso sínico nos lábios. — Mas primeiro eu preciso saber se você já tomou café....

...— Não, só um suco mesmo. — respondi engolindo o seco, que formou-se na garganta....

...— Vamos tomar café, e eu te conto. — Montanari levantou-se, tomou o uísque, e deixou o copo seco em cima da mesa....

...Sem querer, tropecei no canto do sofá. Eu pensei que eu ia cair no chão e quebrar a cara. Mas não, eu caí nos braços de Montanari. Ele me encostou na parede, que fazia divisa da sala para o hall. Seus lábios estavam próximos aos meus, meu corpo tremia por senti-lo tão próximo....

...— Por favor, não faça isso, Ethan. — supliquei. Minhas mãos estavam espalmadas, em seu peitoral largo....

...— Não fazer o quê? Isso? — disse possuindo meus lábios, como um lobo faminto. Suas mãos apertaram meus cabelos na nuca....

...Me recuperei e lhe afastei para longe, o empurrando....

...— Por enquanto, eu vou parar. Não porque você me pediu, e sim porque eu quis parar. Já te falei, que você é minha, Senhora Montanari. E com você, eu faço o que eu quiser, minha Ragazza. — disse ajeitando os botões de seu paletó. — Vamos tomar nosso café, como um belo casal que somos. — disse, deixando um beijo em meus lábios, em seguida me mostrou uma piscadela de olho....

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