Thanatos sentou na cama, se espreguiçando. Ele estava com a mesma calça. Me pergunto quando tempo dormi. Era evidente a exaustão dele.
— Você dormiu por dois dias. Quando chegamos em casa, você despertou histérica chamando por sua mãe. Marisa medicou você. Depois passou o tempo todo falando dormindo. Algo sobre um balanço e chamando por sua mãe. — Thanatos explicou — No meio de tudo isso, Ana não parou de chorar desde o hospital. Marisa examinou ela várias vezes. Tentamos leite. Tentar fazer ela dormir. Trocamos fralda. Demos banho. Tentamos fazer massagem pensando que poderia ser cólica, mas não funcionava nada. Então vou chamou o nome dela dormindo. Eu coloquei ela do seu lado, na mesma hora ela se acalmou e dormiu. Acho que ela estava sentindo falta de você, do seu cheiro.
— Desculpa, Ana. A mamãe te fez sofrer, né? — Eu me senti a pior mãe do mundo. Minha filha com dias, fiz ela chorar. Me senti tão culpada.
— Marisa disse que era normal. Você, sua voz, seu cheiro. Tudo isso funciona como o porto-seguro dela. É algo que ela confia e conhece. Deveríamos ter notado isso antes. Foi um erro meu. — Thanatos falou bocejando.
— Minha mãe morreu, né? — Perguntei. Depois de tudo, eu estava na dúvida o que era sonho, pesadelo ou realidade.
— Sim. — Thanatos confirmou deixando atrás de mim e me abraçando.
— Me pergunto como você conseguiu lidar com a morte da sua mãe. Você era tão novo. Aconteceu na sua frente. Pelo seu próprio pai. Como você conseguiu lidar com isso? Eu me sinto dormente. Caindo em um abismo escuro e frio. — Confessei.
— Fiquei dias sem falar uma palavra. Só consegui falar no enterro dela. E porque meu pai apareceu para causar problemas. Aquilo me fez levantar a cabeça. Eu estava sozinho, tinha que cuidar de Jade, que chorava sem parar e de Beatriz, que estava para nascer. Tivemos muita ajuda de Thelma também. Não sei o que seria de nós sem ela. — Thanatos explicou.
— Então é normal eu me sentir tão vazia, triste... Sem forças. — Eu não me sentia nada bem.
— Creio que seria estranho você não se sentir dessa forma, mas com o tempo, vamos nos acostumando com a ideia, a dor, a saudade. Pode demorar um pouco, mas se tornará algo suportável. — Thanatos colocou a cabeça no meu ombro.
— Me desculpa. — Falei antes de começar a chorar.
— Está tudo bem. Na alegria e na tristeza, lembra? Vamos superar juntos essa fase. — Thanatos continuava apoiando sua cabeça no meu colo, eu chorava sem parar. Chorei até Ana acordar.
— Acho que ela está com fome. — eu disse olhando para Ana. Que se acalmou assim que ouviu minha voz.
— Não acho que seja isso. Ela apenas está com saudade de você. — Thanatos explicou.
— Posso voltar a dormir? — Eu não tinha qualquer interesse em sair daquela cama.
— Sarah, hoje será o enterro da sua mãe. O funeral já começou. Tem certeza que não quer se despedir? — Thanatos perguntou me abraçando.
— Se eu disser que prefiro não ir? — Não tinha forças para levantar.
— Será a última vez que verá sua mãe. Que poderá se despedir dela. Marisa falou que seria bom para você. Assim conseguiria aceitar melhor tudo isso. — Thanatos explicou. Senti uma pitada de ciúmes. Ele estava com tanto contato com Marisa porque? Mesmo assim, eu não tinha forças nenhuma para brigar.
— Pode pedir a sua amiguinha Marisa para conseguir um calmante para mim. Como estou, tenho certeza que nada bom vai acontecer. Já quebrei coisas o suficiente. — Pedi. Mesmo sentindo um gosto amargo na boca pelo ciúmes. Thanatos gargalhou.
— Marisa é a única médica, além de você que sobe o morro sem medo. Eu não sabia como diminuir sua dor ou se nossa filha estava doente. Ela era a única opção naquele momento. — Thanatos explicou.
— Porque está se explicando tanto? Não lembro de ter pedido explicação. Eu não estou com ciúmes, tá? — Falei. Thanatos sorriu.
— Então vou lá bater um papo com ela. — Thanatos disse levantando da cama.
— Se você for, garanto que a próxima pessoa deitada nessa cama será você, mas não de uma forma divertida, pelo menos, não para você. — Ameacei.
— Não seja malvada. Não me ameace na frente da nossa filha. — Thanatos brincou. — Estava apenas brincando com você. Estava indo pegar a cadeirinha de Ana. Vamos tomar um banho, trocar de roupa e nos despedir. Tá? Tudo bem ficar mal. Deixa que estarei aqui para montar seus caquinhos e remar até que se sinta melhor. Apenas confie em mim.
— Tá. — Não queria levantar da cama, mas quero confiar nele.
Não lembro de absolutamente nada depois do banho. Tenho pequenos flash de ter chorado ao ver minha mãe no caixão. Gritei para não enterrarem ela. Tudo parecia um enorme quebra-cabeça com peças faltando. A única coisa que não mudava, era a presença de Thanatos segurando minha mão.
— Sarah, você precisa levantar. Faz mais de uma semana que você não levanta dessa cama. Vem. Vamos tomar um banho de sol com nossa filha. — Thanatos sugeriu.
— Não quero sair. Me deixa quieta. Vão vocês. Quando Ana estiver com fome você trás ela. — Respondi me virando.
— Thanatos! Você precisa vir comigo. — Gavião entrou com tudo no quarto ofegante.
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Atualizado até capítulo 120
Comments
Edna anjos
Sarah a dor é muito grande. mais o ente querido não vai voltar mais .
tem que reagir .tem gente que depende de você ..
Mais um triste capítulo. 😭😭😭
triste e maravilhoso.
PARABÉNS Autora Querida
OBRIGADA pelos capítulos de hoje 🌻🌻🌻
2023-05-07
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