Por Acaso O Morro Se Transformou Em Meu Lar

De volta ao morro

Passei apenas um dia no hospital, mas pareceram anos para mim. Descobri que Marisa havia subido o morro com uma ambulância, retardou o meu parto e me medicou. Quando eu estava estabilizada, ela fez uma cesária de emergência, para evitar outra crise. Mais sorte que juízo da minha parte.

— Ansiosa para chegar em casa? — Thanatos me perguntou enquanto me colocava no carro.

—Nunca pensei que diria isso, mas estou ansiosa para voltar para o morro. Saudade da minha cama. Aliás, pensei que Jade viria no hospital. Aconteceu alguma coisa? Ela estava tão ansiosa com o nascimento da sobrinha. Perguntando quando o bebê nascia todo dia — perguntei curiosa pela ausência de Jade, que me fez companhia quase que a gravidez inteira a pedido do irmão. Quase ganhei uma babá.

— Não sei exatamente, mas acho que ela e Gavião não andam muito bem. Jade disse que ficaria com Beatriz hoje para eu vir aqui te buscar, me mandou mensagem, nem me ligou, o que é estranho por si só . Já o Gavião, ligou dizendo que eu não precisava me preocupar, ele tomaria conta do morro por alguns dias, que eu tirassem o auxílio paternidade. Nunca vi um negócio desse no morro. Não faço a mínima ideia do que está acontecendo entre eles dois, mas algo é certo, eles estão se evitando. — Thanatos explicou colocando Ana na cadeirinha.

— Ela estava praticamente morando com ele já tem algum tempo. Sempre que eu ligava para Jade, estava na casa dele, quando não estava na nossa, claro. Jade passava passava praticamente o dia inteiro comigo, mas pior que não comentou nada sobre brigas. Parecia bem feliz até. Bem estilo conto de fadas. — Fiquei preocupada. Será que estava acontecendo algo grave que ela decidiu esconder para não me preocupar por conta da gravidez?

— Não se preocupe com eles dois. Ambos são grandinhos, também é normal ter briga em uma relação. Se conseguirem superar, ficarão ainda mais forte. Se não conseguirem, fizeram seu melhor e tentaram. Não adianta chorar pelo leite derramado. — Thanatos disse ao entrar no carro, colocando o cinto de segurança.

— Mas a gente nunca briga. E estamos muito bem, eu acho. — Nem lembro de ter brigado alguma vez na vida com Thanatos. Além disso, durante os últimos meses ele me tratou como uma rainha. Um verdadeiro conto de fadas, só não esperava que meu príncipe fosse o próprio dono do morro.

— Ah! Eu sou perfeito. O gavião não é. — Thanatos brincou ligando o carro.

— Juro. Você não pegou a fila da humildade. Certeza. — Brinquei. Gosto desse humor peculiar dele ou pelo menos, no começo, estranhei um pouco, depois acabei gostando, mas isso, ele nunca vai saber.

O caminho inteiro até o morro conversamos besteiras. Ele me atualizava de todas as fofocas e B.O das últimas horas. Nossa filha dormia com tranquilidade, nem parecia que havia passado a noite toda chorando. Estou feliz de voltar para casa. Fiquei um pouco assustada com o retorno, no hospital eu tinha toda uma equipe médica, se Ana precisasse de algo. Além do Thanatos, que não saiu um minuto do meu lado. Ficamos juntos no hospital todo tempo. E foi muito bom ter o apoio dele. Toda vez que tentei colocar Ana para mamar, me sentia nervosa. Para dar banho, me tremi toda. Ficava o tempo inteiro pensando que iria derrubar ela. Já Thanatos, deu banho com muita facilidade. Eu tinha tanto para aprender como mãe ainda. Tudo era muito mais difícil do que eu imaginei. E o mais difícil, era fazer Ana dormir.

— Droga! Eu esqueci. — Thanatos disse quando estávamos subindo o morro. Olhei para Thanatos confusa, mas logo iria descobrir o que ele realmente havia esquecido.