Conhecendo Thanatos, ele não iria falar nada se eu não fizesse o que me pediu. Então o fiz. Deitei com a cabeça em seu colo. Meu marido acariciava meus cabelos com cuidado e muito carinho. Me sentia até relaxada com seu toque.
— Sarah, quem ligou para mim ontem a noite foi seu pai. Tive que voar de última hora para lá. Ele me pediu ajuda. Não estava conseguindo lidar com nada. — Thanatos explicava como se tivesse escolhendo as palavras. Eu estava ainda mais confusa do que antes.
— Ele está tendo dificuldade de cuidar da mamãe? Eu falei para ele colocar uma cuidadora, mas ele não me ouviu. Disse que queria passar cada segundo ao lado da minha mãe. Até usou os votos como argumento, na saúde e na tristeza, que.. — Me dei conta. Thanatos estava de preto. O pai pedindo ajuda para ele. Não podia ser outra coisa. Sentei de vez na cama, já chorando.
— Sarah, sua mãe.. — Thanatos falava com a voz travada.
— Não! Não! Eu não quero ouvir. — Gritei colocando as mãos nos meus ouvidos. Eu só podia estar sonhando, não fazia sentido. Jade havia me drogado, estou em um sono pesado. É isso. Tudo é apenas um pesadelo.
— Sarah, você precisa me ouvir. — Thanatos me olhava preocupado.
— Eu disse que não. Não quero te ouvir. Vá embora. Saia daqui. — Gritei. Ana acordou chorando. Fui em direção ao berço, mas Thanatos me segurou.
— Jade! Jade! — Thanatos gritou. A irmã entrou na mesma hora correndo. Pegou Ana do berço e saiu do quarto
— Você enlouqueceu? O que você está fazendo? Mande ela trazer minha filha de volta. — Gritei. Thanatos me abraçou forte. Senti minhas lágrimas descendo. Um silêncio tomava conta do quarto.
— Meu amor, olha para mim. — Thanatos levantou minha cabeça, fazendo os meus olhos encontrarem os deles repleto de lágrimas.
— Eu sei. — Já sabia o que tinha acontecido. Não queria ouvir. Faria tudo parecer ainda mais real.
— Meu amor, sua mãe... — Thanatos insistiu. O nó na minha garganta aumentou. O choro tomou conta de mim de uma forma incontrolável, quando me dei conta estava soluçando nos braços do meu marido — Sua mãe precisou fazer uma cirurgia de urgência, os médicos deixaram claro o quão arriscada era, por sua mãe já estar bastante fragilizada.
— Eu não quero ouvir mais nada, por favor. — Se ele terminasse de falar. Tudo se tornaria real. Thanatos me abraçou ainda mais forte. Como se quisesse deixar claro que estava ali. Que estávamos juntos.
— Sua mãe teve complicações na cirurgia. Ontem à noite, consegui três neurologistas diferentes, de alto nível, indicados por Marisa, para avaliar sua mãe. Todos declararam a mesma coisa. Sua mãe teve morte cerebral, está vivendo por aparelhos. Seu pai está precisando de você. Ele decidiu que desligaria os aparelhos, mas quer que você vá se despedir antes. — Thanatos disse. Sem segurar nada. Tudo de uma vez. Senti como se levasse um tapa enorme. Meu ouvido zumbia, meus pensamentos estavam turvos. — Conversei com Marisa, ela deu algumas sugestões, vamos viajar na hora do almoço, aluguei um jatinho para nos levar. Marisa se dispôs a acompanhar a gente. Assim a viagem seria mais segura. Você está entendendo? Eu sei que é muita informação para digerir.
— Porque meu pai decidiu sozinho desligar os aparelhos? Porque ligou para você? Eu deveria estar lá. Deveria ter passado os últimos meses com minha mãe. Talvez eu tivesse notado algo, cuidado melhor. É minha culpa. Eu fui egoísta. É meu castigo. — Me senti culpada por ter escolhido ter meu filho no Morro, ao lado do seu pai. Poderia ter tido a chance de ver minha mãe com Ana no colo. Podia ter ouvido suas dicas de maternidade, sentir seu abraço, calor e cheiro. Eu perdi tudo.
— Seu pai acha injusto prorrogar ainda mais a dor de sua mãe. Disse que ela não estava mais suportando aquela vida. Que é doloroso pensar, mas finalmente ela teve paz. Sentia a dor da sua ida, mas entendia que finalmente toda dor dela acabou. — Thanatos explicou.
— Não. Talvez ela volte. Tem relatos de milagres. Não vamos desligar. Vamos esperar. Chamar novos médicos. Ela pode ficar bem. Deve ter algo que possamos fazer. Lá é diferente daqui. Talvez... — Eu falei sem nem respirar. Thanatos não disse nada. Apenas me deixou falar enquanto acariciava minha cabeça.
— Vamos nos arrumar para ir? Preciso organizar uns problemas no Morro. Gavião teve problemas ontem com a entrega do material. Irei resolver tudo. Marisa está do lado de fora, disse que ia te ajudar na organização. Eu prometo que não demoro. — Thanatos disse me levando sem afastar nosso corpo para o lado de fora. Como se não quisesse me largar um segundo que fosse. — Sarah, eu te amo, tá?
Não respondi nada. Estava em choque. Thanatos me beijou a testa. Gritou por Marisa que veio. Minha mente apenas pensava em uma forma de salvar a minha mãe. Eu não poderia deixar que desligassem os aparelhos.
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Atualizado até capítulo 120
Comments
Claudia
olha... deve ter 1ano que ela começou a estória dela com thanatos... e vou te falar hein.... só carga pesadíssima!!! vou te falar hein.... mas ela vai por a cabeça no lugar e vai permitir que a mãe tenha paz como o pai deseja. ..
2025-04-10
0
Valéria
Meu Deus autora quantas emoções pra Sarah isso é castigo misericórdia, até eu estou chorando 😭 na verdade hoje estou assim sensível até a leitura está dando motivos pra eu chorar. Me desculpa pelo desabafo 😔
2024-01-25
5
Joselia Freitas
É a vida 😞
2024-01-04
2