Por Acaso O Morro Se Transformou Em Meu Lar

Os medos de uma mãe de primeira viagem

Marisa agiu tão rápido, que foi difícil de acompanhar, talvez a anestesia que ainda corria pelo meu corpo ajudasse um pouco nessa sensação. Depois de pegar a menina dos braços do pai, a colocou em um berço que estava ao lado da cama, examinando a garota com muita atenção. Eu fiquei em casa movimento, queria ter certeza que estava tudo bem. Por fim, ouvi um longo suspiro de alivio vindo de Marisa.

— Que susto. Eu passei horas examinando minha afilhada antes de trazer ela. Ela está bem. A cor é por conta do frio. A respiração dela está normal, está excelente, a menina é super forte.. O pai dela desenrolou, ela não ligou muito bem com o frio. Sobre a cor amarelada vai sumir com o tempo, não é necessário o banho de luz no caso dela. Minha afilhada está perfeitamente bem. Melhor, ela é a coisa mais perfeita desse mundo. — Marisa disse segurando a bebê e rindo.

Marisa se aproximou de mim, colocando a menina em meus braços. Fazendo ela desperta na mesma hora. Me olhando com tanta atenção. Senti as lágrimas rolando em meu rosto. Não sei explicar o que senti, mas parecia que naquele dia, eu havia encontrado uma parte de mim que eu amava e tinha perdido a muito tempo.

— Bem-vinda, Ana Tereza. Mamãe estava tão ansiosa para te conhecer. — Falei entre as lágrimas.

— E te chamou de feia. Digo mesmo. Aproveitou que você estava dormindo. Deixa passar não, filha!— Thanatos apontou para mim enquanto falava.

— Como você pode chamar minha afilhada de feia? Ela é o bebê mais lindo desse mundo. Retire o que disse. Ninguém mexe com minha aninha. — Marisa disse me olhando sério.

— Ela parece um ratinho, mas... Eu acho tão linda, ao mesmo tempo que acho feia. Ela parece tão perfeita. — Falei ignorando os dois que estavam quase rosnando para mim.

— Deixando de lado seu bullying com sua filha com algumas horas de vida. Você precisa dar de mamar. Vim aqui para te ajudar. — Marisa explicou. Thanatos não disse nada. Apenas levantou e sentou na poltrona. Com intuito de dar espaço, creio eu. — Trouxe isso para te ajudar a apoiar ela. Pode ser um pouco dolorosos e frustante no início. Demora um tempo para o beber aprender. Tenha paciência com ela e com você, certo?

— Tenho que esperar o pior? — Me surpreendi com a ideia. Pensei que dar de mamar era natural, não parecia ter algum mistério. Deveria ser uma habilidade vinda de fábrica, como respirar.

— Não, apenas não quero que pense que é fácil e simplesmente, porque vai te frustrar e vai atrapalhar o processo. Cada um tem seu tempo. Isso vale para você e para o bebê. Certo? — Marisa explicou. Entendi exatamente o que ela queria dizer. Basicamente vai ser difícil e eu não posso desanimar.

— Certo. — Concordei.

Marisa parecia uma professora, explicava a posição, o que não fazer. E eu obedecia. Ainda me iludi que o bebê pegaria o peito de primeira, mas me enganei. Passamos quase uma hora para Ana conseguir pegar o meu peito. E quando conseguiu, bebeu muito pouco antes de parar. Era impossível não se sentir frustrada com isso. As lágrimas caiam sem pedir licença por todo meu rosto.

— Ela deve acordar mais tarde, quando tiver com mais fome e menos sono, tentamos novamente. Você também deveria descansar. Volto mais tarde. E... Tudo bem se sentir assim, tá? Lembre dos hormônios e de toda expectativa que você tinha por esse momento. É natural se sentir assim. Vocês duas foram maravilhosas, tá? — Marisa me abraçou antes de sair.

— Quer pizza? — Thanatos perguntou com o aplicativo de entrega de comida aberto.

— As regras do hospital não deixam entrar comida. — Falei triste. Uma pizza cairia bem.

— Não sou lá o tipo de cara que segue regras, ao contrário, quebro elas. Não vou mentir que até parece divertido. De qualquer forma, e aí? Frango catupiry? — Thanatos sorria para mim.

— Eu te amo, sabia? — falei mais calma. Thanatos parecia ser o equilíbrio da minha vida. Tudo poderia parecer um caos, mas se ele estava ali, tudo estava no lugar que deveria.