Capítulo 16

Luís Davi

Estou louco para ver a Malu, queria ter aparecido na porta da sua casa no primeiro minuto que chegou, mas o Thiago me contou que a conversa que tive com a irmã dele tinha surtido algum efeito, e foi aí que tive a ideia de mandar uma mensagem para a Helena avisando que a amiga já estava de volta, e ele me respondeu de imediato, me agradecendo por ter clareado os seus pensamentos e que não perderia mais tempo, já que estava de malas prontas.

Então resolvi segurar a minha saudade e dar um tempo para elas. Esperei até anoitecer para vir, e agora estou aqui fora, encostado no carro de frente para o seu portão a sua espera.

Ainda não contei sobre a conversa que tive com a Elisa, assim como não contei sobre a Helena, e espero que ela não fique brava por isso. Mas queria contar pessoalmente que não temos mais nada que nos impeça de assumir publicamente que estamos juntos.

Sinto o meu coração dar cambalhotas quando o portão se abre e vejo o seu sorriso.

— Desculpe a demora, mas além do meu pai implicar com o meu vestido, ainda tive que passar por um interrogatório... — Nem deixei que terminasse de falar, a interrompi selando os nossos lábios e tentando matar de uma só vez, toda a saudade que senti dela com um beijo.

— Sobre o que estava falando? — Pergunto afastando nossos lábios por alguns segundos para respirar.

— Não sei. Não lembro! — Ela respondeu e rimos juntos, voltando a nos beijar em seguida, mas agora com mais calma.

— Vamos sair logo daqui antes que meu pai nos veja pela câmera e resolva vir até aqui nos constranger.

— Precisamos resolver isso... mas outra hora, agora eu só quero ficar com você e matar a minha saudade.— Abro a porta do carro para ela e dou a volta, ocupando o meu lugar e ligando o carro.

— Obrigada pela conversa que teve com a Helena. — Diz enquanto encaixa o cinto.

— Não tem que agradecer, eu só "arrumei a bagunça" que causei com aquele beijo, e só falei a verdade, mostrando a ela a amiga maravilhosa que ela estava deixando escapar.— Sorrindo, não só com os lábios, mas também com olhos, encostou sua cabeça no meu ombro e acariciou o meu braço, como se desenhasse a minha tatuagem com a ponta dos dedos.

— Para onde vamos? — Perguntou quando dei partida no carro.

— É surpresa, mas você vai gostar.

— O que está aprontando Luís? — Pergunta levantando a cabeça do meu ombro e se ajeitando no banco. — Desvio meu olhar da estrada por alguns segundos e sorrio para ela, mas não conto o nosso destino.

— Pensei que ia querer passar um tempo a sós comigo, todos os nossos amigos frequentam esse bar, não vou nem poder encostar em você. — Diz quando paro o carro em frente ao bar que costumávamos vir como amigos.

Saio do carro, abro a porta para que ela saia, e pego sua mão para entrarmos no bar. Mas ela solta a minha mão assim que vê a minha irmã e os meus primos em uma mesa. Mas passo o meu braço em volta da sua cintura e ela me encara sem entender.

— Não combinamos de ser discretos?— Questiona enquanto nos aproximamos da mesa.

— Não precisamos mais esconder nada de ninguém, a Elisa já sabe, e agora, toda a nossa turma também.

— Eu sabia que estava rolando alguma coisa entre vocês! — Miguel, levantando da mesa e puxando a Malu para um abraço, dizendo que estava com saudade.

— Já posso te chamar de cunhada?— Anamel, deixando a Malu sem resposta.

— Por mim, tudo bem. — Respondo no lugar da Malu.

— Eu já sabia, já tinha observado seus olhares para ela e para o meu irmão, quando não se desgrudavam.— Samuel diz baixo, quando me sento ao seu lado.

— Mas não era ciúme, se é o que pensa. — Me defendo.

— Claro que não! — Responde ironicamente, bebendo um gole do seu refrigerante.

— Não acredito que começaram a minha despedida, sem mim! — Helena passa pela porta do bar com o irmão, chamando a nossa atenção.

— Sua despedida? — Malu pergunta ao abraçar a amiga e me olha. Mas faço um gesto dizendo que não tenho nada com isso e aponto para a Bella, que sorri e pisca para ela.

Ela já deveria ter imaginado, é sempre a Bella quem comanda a nossa bagunça.

Claro que eu queria passar essas horas só com ela, mas vendo como está feliz na companhia dos amigos, vejo que fiz a escolha certa quando aceitei o convite da Bella para esse "bota-fora" da Helena. E teremos todo o tempo do mundo para ficarmos juntos, pelo menos, eu não pretendo deixá-la sair da minha vida nunca mais.

Parecia que o bar tinha sido fechado só para a nossa turma, ignoramos a presença dos outros clientes e nos divertimos cantando no karaokê, dançando e implicando um com o outro. Fazia tempo que não tinha uma noite tão divertida, e observando como a Malu e a Helena conversam do pelo olhar, sem precisar dizer uma palavra, pude entender a dimensão da ligação entre elas, é bonito de ver.

Após horas de diversão, fui deixar Malu em casa e não quis perder a oportunidade.

— Me apresenta para os seus pais? — Peço quando ela sai do carro e me abraça para se despedir. Ela me solta e me encara com uma expressão divertida.

— Você está bem?

Eles te conhecem praticamente desde que nasceu.— Passando os braços em volta do meu pescoço.

— Eles conhecem o Davizinho, filho da Nina e do Gabriel. Não conhecem o Luís, namorado da filha deles.— Falo sério, mas ela ri.

— Namorado? — Pergunta sendo divertida.

— O que pretende responder quando perguntarem o que temos?

Vai responder que estamos juntos?

Quero que diga que sou seu namorado, porque eu terei orgulho de dizer para todo mundo, que você é a minha namorada.

— Você existe mesmo? Ou estou sonhando?— Distribuindo beijos rápidos pelo meu rosto.

— Então tá bom, vamos entrar. —Me puxando para dentro pela mão.

Entramos e ela chamou por seus pais, avisando que tinha chegado. Seu pai veio da cozinha, secando as mãos e me olhou pressionando os olhos.

— Davizinho!

Como vai?

Sente-se, fique a vontade.— D. Manuela diz, ao passar pelo corredor e se aproximar.

— Não está um pouco tarde para uma visita? — Sr. Vicente questiona, me deixando suando frio.

— Pai! — Malu o repreende.

— Não se preocupe, eu não vou demorar.

Só quis entrar porque... Bem, é que... Eu e a Malu... nós estamos namorando. E quis que soubessem logo que as minhas intenções com ela são sérias.

— Ainda bem que falou. Porque eu já ia perguntar o que foi aquilo que aconteceu no portão mais cedo, na minha época, amigos não se beijavam daquele jeito.— Sr. Vicente disse, me deixando totalmente sem jeito