Capítulo 12

Bella

Eu trabalho com o meu pai administrando o Centro Cultural, geralmente sou eu quem contrato os professores e sou responsável pela matrícula dos alunos. Mas assim que cheguei de viagem, meu pai me contou que um dos nossos funcionários pediu demissão, pois sairia do estado, e ele teve que contratar outro professor com urgência.

Fiquei triste por não ter me despedido do outro professor de violão e guitarra, é um senhor super legal e que sempre me fazia rir. Tenho um ótimo relacionamento com os funcionários, sempre faço uma comemoração no aniversário deles e quando, por algum motivo, precisam sair, faço uma festa de despedida, compro uma lembrança... Mas dessa vez não foi possível.

Mas meu pai disse hoje no café da manhã, que o novo professor é muito bom e que vou gostar dele. Tomara mesmo, pois não costumo contratar analisando apenas o currículo, gosto de ver como a pessoa se comporta e se tem uma vibe que combine com o nosso ambiente de trabalho, que é descontraído.

Cheguei para trabalhar e tentei me colocar rapidamente a par de tudo. Vi as fichas dos novos matriculados, conferi os horários ainda vagos e peguei a ficha do tal professor para saber um pouco mais a respeito, já que ainda não chegou e não fomos apresentados. Vi que se chama Igor, tem 25 anos, uma vasta experiência, estudou fora do país, é solteiro e... Lindo! Quase caí para trás quando vi a foto e já sei que vai causar um alvoroço por aqui.

Só após ver a foto, eu pude entender os cochichos que ouvi quando cheguei entre algumas professoras e professores na cantina. E agora estou ansiosa para conhecê-lo pessoalmente.

Igor, 25 anos (Professor de Violão e Guitarra)

Estava saindo da sala de jazz com a minha mãe, quando o encontramos no corredor e... Uau! A criatura é muito mais bonita pessoalmente, o pior é que ele tem consciência disso. Cumprimentou a minha mãe e me lançou um olhar arrogante que logo desfez a imagem que tinha dele. Mas é melhor assim, não posso me interessar por ninguém daqui.

— Bonito, não é?— Minha mãe, me olhando com um sorrisinho de canto.

— Não achei tudo isso não. — Minto, mas ela me conhece.

— Aham! Na hora que conheci, pensei em você, sei que gosta do tipo rebelde.— Ela esquece que puxei isso dela.

— Mas dessa vez, a senhora se enganou! — Beijei seu rosto e voltei para a minha sala.

Minutos depois, ouvi batidas na porta e quando permiti a entrada, fiquei feliz em ver o Davizinho entrando com a Malu. Esses dois são lindos juntos, não sei como conseguiram passar tanto tempo, distantes um do outro.

— Então, resolveram assumir? — Pergunto e a Malu parece confusa com a resposta.

— Ela sabe, sempre soube. — Davi diz a ela, que sorri e me dá um abraço. Acho que a Malu, é a pessoa mais carinhosa que eu conheço.

— Cadê o restante do pessoal? Poderíamos almoçar juntos em algum lugar aqui perto. — Davizinho sugeriu e eu achei uma ótima ideia.

— A Anamel está se trocando, acabou de sair da aula da minha mãe. O Samuel, Miguel, a Heloísa e o Vitinho estão na aula do novo professor.— Falo com desdenho, faço uma careta e eles se olham.

— Novo professor é?

É gato? — Malu me pergunta sorrindo e o Davizinho semi-serra os olhos na direção dela.

— Não achei tudo isso, mas daqui a pouco você vai conhecer e tirar suas próprias conclusões.

Conversamos por mais algum tempo, e logo virou uma farra com a chegada das minhas primas Anamel e Heloísa. E quando terminou a aula dos meninos, fomos até a sala de música resgatá-los para o nosso almoço.

Heloísa, 17 anos. (Helô, filha da Marina e do Guilherme)

João Vitor,17 anos. (Vitinho, filho da Alice e do Théo, mas todos dizem que ele é a cara do avô Vitor, marrento igual.)

Ao chegarmos na porta da sala e as meninas avistarem o tal Igor, trocaram olhares e seguraram o riso.

— Tem mesmo certeza que não o achou bonito? — Malu me questiona ao pé do ouvido. E o professor, mesmo de longe, me olha dos pés a cabeça e arqueia uma das sobrancelhas quando seu olhar encontra o meu, me deixando irritada com seu jeito debochado.

— Do que adianta ter beleza e não ter simpatia? — Digo virando as costas e caminhando pelo corredor para esperá-los na saída.

Já vi que serei o assunto desse almoço. Não sei como podem pensar que eu me interessaria por um tipo raso como aquele.

— E a Helena e o Thiago, vocês não chamaram? — Samuel pergunta, e logo percebo o constrangimento da Malu.

— Não foi nada combinado, nos encontramos e resolvemos almoçar, só isso. — Davizinho respondeu.

— Alguém tem notícias da Júlia? — Pergunto, tentando tirar o foco do assunto.

— Meu pai falou com a minha tia ontem, ela disse que está morrendo de saudades, mas só volta em alguns meses.— Heloísa responde antes de nos dividimos no meu carro e no do Davizinho, e seguirmos para o nosso almoço.